sábado, 17 de dezembro de 2016

Natal de quem recebe salário mínimo

 Quando se aproxima o Natal, os trabalhadores, arrimos de família, que recebem apenas um salário mínimo, ou seja, R$880,00 e não  mais acreditam em  Papai Noel e chuva de dinheiro, já começam a   calcular, quanto de  seus  parcos  recursos, poderão ser destinados aos gastos característicos da época e ainda atender aos pedidos simples dos pimpolhos. No  trabalho, sempre tem algum colega, cuja renda mensal  está um pouco acima e, normalmente, é um dos primeiros a lançar a ideia do  amigo secreto e da confraternização, quando esta não é  oferecida pelo empregador.  
        O exemplo é de um trabalhador que mora em uma cidade de médio porte, com um custo de vida menor do que nas capitais ou de outras cidades de  grande porte. Para o amigo secreto, estipula-se um valor mínimo de R$20,00 e  para a contribuição dos comes e bebes, faz-se um sorteio para saber se deverá levar  bebida, salgado ou doce. È o início do pesadelo financeiro! Supõe-se  que o  valor líquido a receber, seja R$600,00. Deste valor, subtrai-se   o valor  do presente, que, consequentemente, deve ser acrescido do valor da passagem urbana que foi gasta  para comprá-lo, ou seja, mais R$7,00 dão adeus à sua carteira, soma-se também mais uns R$30,00 com o pratinho de salgado, assim , o amigo secreto já está com um custo aproximado de R$57,00, quase 10% da renda mensal, gasto somente na comemoração da Empresa. Depois de fazer e refazer as contas  e de não querer expor a sua triste realidade, a única saída  é dizer que não gosta de participar deste  tipo de brincadeira, e que, infelizmente, justamente no dia  confraternização, terá que sair mais cedo, pois já tem outro compromisso.

        No  retorno ao seu lar, cabisbaixo vai refletindo sobre as injustiças sociais. Um pai de família, que  trabalha oito horas por dia, seis dias por semana, sequer tem condições financeiras para participar de uma  festa com os colegas de trabalho. Se acreditasse  em Papai Noel, o pedido que faria ao bom Velhinho seria bem simples: Apenas  salário digno ao trabalhador, que desse  para pagar o aluguel do barracão, conta de luz, água, pelo menos três refeições ao dia, material escolar para os pequenos e até uma guloseima  no Natal. Suspirando pensa: Ah! Se na ceia de natal  pudesse, pelo menos comprar um frango para a patroa assar  ia ser uma alegria imensa! Felizmente, ainda existe a Igreja e a Missa do Galo  para dar um pouco de conforto aos corações  daqueles que  somente podem contar com a fé durante toda a sua vida de muito trabalho e pouco dinheiro.

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