sábado, 22 de julho de 2023

Aprimoramento profissional

 

       A minha saga em busca de aprimoramento  e refinamento cultural, é confirmada pelo grande número de   documentos que tenho guardado, nestas sete décadas de vida, e que hoje,  nesta fase de desapego, rasgarei e jogarei no lixo, uma vez  que não tenho ninguém   que possa se orgulhar de quem eu fui um dia, porque a mediocridade foi, é, e sempre  será  minha marca, serei medíocre, embora tenha  iniciado  uma jornada  em busca de conhecimento nos anos oitenta. Enquanto revirava gavetas, lágrimas de  frustração e arrependimento rolavam silenciosas em minha fase porque finalmente, entendi que a minha ansiedade em ser uma pessoa admirada e respeitada, paralisou o que realmente  importa: a ação. Em uma corrida cega, em busca de novos saberes, não assimilei o novo, consequentemente, não  compartilhei e saber e  não transbordar, é o mesmo que não saber.

       Em julho de 1981, fiz um curso de artes cênicas e o certificado veio assinado por uma instituição que não tenho ideia do que era  na época: “Mobral”. Também, não tenho nenhuma lembrança do que estudamos, quem foi o professor, colegas,  nada, nada, tudo ficou literalmente,  nos anos oitenta. Pelos  certificados esquecidos  na gaveta da cômoda, fiquei exatamente 10 anos e um mês, sem participar de cursos. Em agosto de 1991, tenho um atestado de presença, em folha A4 comum, de uma oficina de cenografia, promovida pela Secretaria de Estado e Cultura-Oficina Cultural do Brás - Amâncio Mazzaropi. Desta, eu recordo que fizemos um cenário somente com materiais recicláveis, garrafas pets e  copinhos descartáveis. Ficou feio! Deve ter sido aí que peguei o gosto para reaproveitar materiais. Ao que tudo indica, dei uma pausa e retornei a busca em um curso de produção e marketing cultural, promovido pela Kavanan- Associados, em  janeiro de 1998. Não tenho recordações do ano de 1999, mas ao que tudo indica, eu estava trabalhando, só não recordo em que, haja vista que corri atrás de cursos, não me recordo qual o objetivo especifico, fato é que em  junho do corrente ano, participei de um curso de reciclagem profissional, promovido pelo CEAPE, não tenho a menor lembrança que órgão é este. Com data de setembro,  encontrei um certificado de participação em uma  mostra de canto, dança e teatro, fato apagado de minha mente, a  não ser pelo papel, tudo está apagado em minha mente. Também, em setembro de 1999, participei em uma oficina de literatura e criação literária: ficção científica na literatura e no cinema, com a coordenação de André Carneiro, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, que aconteceu na biblioteca Municipal da Consolação. Desta eu tenho memória,  de pingar colírio no olho do oficineiro, e do desejo despertado em mim, de escrever argumento para filmes. Constatei que tinha ideias boas, mas a procrastinação venceu e continuei com minha vida medíocre.

       2000- Pela quantidade de certificado, foi um ano agitado, boas oportunidades de aprendizagem, pouca assimilação e zero prática e o que posso fazer, é listar  os cursos e oficinas em que participei. No mês de abril, tenho um certificado de um curso de jogos educativos, realizado pela Editora Informal, recordo que foi bem divertido, recebi uma apostilha que ficou por décadas, acumulando ácaro na estante, e um dia, a larguei em um banco de ônibus urbano,  na expectativa que fosse encontrada por um professor de educação física comprometido com o desenvolvimento do alunado, não apenas um tradicional  ”rola bola”. Também participei de um curso de embalagens  de páscoa, realizado pelo Shopping D. Em junho, aparece mais um certificado de curso de Marketing Cultural, não tenho  menor ideia do  que foi dito lá  nem em qual espaço físico aconteceu. Em agosto, mais um curso, apagado de minha  mente, Imaginação e ação, promovido pela Editora Ática. Também em junho, um certificado de um curso promovido pelo Sebrae, intitulado EMP - orientação para o crédito. Acho que foi neste curso, que fizemos uma dinâmica  em que abríamos uma firma e falimos, e nada mais recordo. Em agosto, participei de mais um curso promovido pela Editora Ática intitulado: era uma vez... sacis, cucas, mulas-sem-cabeça... no mundo de hoje??? Valha me Deus! Deste evento, nada restou em minha memória. Este agosto foi agitado, participei  de mais um curso promovido pela editora Informal, intitulado: técnicas de contar histórias. Foi um dia maravilho! Aconteceu no bairro de Santana, história lindas que recordo até  hoje,  bastante teatralizadas, só de olhar o certificado,  revivi a felicidade  vivenciada naquele espaço. Em setembro, participei do curso Lei Rouanet 8.313/91, nem ouse me perguntar do que se trata porque não sei.

       O ano 2001, tive inúmeras oportunidades de aperfeiçoamento profissional, com   a minha participação em cursos, nos quais recebia material para aplicar no trabalho, e eu não soube aproveitar, apenas guardei na estante. Em fevereiro, participei do curso Como e por que trabalhar técnicas de gravura na escola? Promovido pelo Itaú Cultural. Em maio, Refletir e agir na educação, promovido pela editora Positivo. Sinto dizer que eu não sou agir. E junho, mais uma grande oportunidade perdida com o curso A luz na pintura brasileira, promovida pelo Itaú Cultural. Em outubro, História em Quadrinho, promovido pelo Itaú Cultural, neste mesmo mês, participei de um curso promovido idealizado Melhoramentos/Todaba/Greenpeace, mais um evento que sumiu de minha mente, pelo visto, estive lá, somente de corpo presente.

       Em 2002, passei por uma fase zen  e fiz um curso de tarot egípcio, recordo o sacrifício que fiz para pagá-lo, comprar o jogo de cartas, a apostila, não pratiquei, e tudo foi parar no lixo, uns 15 anos depois, agora, dou adeus ao certificado.

       2003 foi um ano calmo, tenho comprovado que participei somente de um evento promovido pela editora Positivo, sem a menor recordação do que foi ensinado. Em 2004, não encontrei nenhum certificado, pelo que tudo indicada,  eu não participei de nenhum evento cultural, fato que nunca fez diferença, já que não aprendia  nada nem aproveitava o material recebido.

       2005 foi um ano em que  participei de mais um evento da Editora Positivo no mês de maio e outro em novembro, intitulado” inclusão pela arte, recebi um CD maravilhoso, que doei, junto com outros, em uma banca de  livros e CDs usados, e para fechar o ano, em novembro, participei do VII Congresso Makiguti em Ação  com o tema: Educação Soka – Educação  para a criação de valores humanos. O que foi dito, não me recordo, mas o capricho com que organizaram o espaço para receber os cursistas, a recepção cerimoniosa à moda oriental, o lanche, guardo em meu coração até hoje.

2006, foi um ano de  luto e recomeço, com comprovação em certificado, encontrei apenas um, 1º seminário de História e Memórias,  em agosto, a única lembrança é que encontrei um parente do qual eu gostei muito quando bebê, e lá, homem feito, não me reconheceu e eu não o procurei, em virtude dos desafetos com os  pais deles.

2007 foi tranquilo,  em  julho, participei  de mais um evento  relacionado as leis de  incentivos à cultura; hoje estou cá a pensar, por que eu me interessa por este assunto? Nunca sequer procurei trabalho na  área. Em dezembro, participei do Encontro  - Ensinar e aprender Arte Contemporânea. Vol III, organizado pelo  Centro da Cultura Judaica, ganhei um material  de qualidade, porém, está em minha estante, esperando, esperando e esperando ser usado, podendo enfim, cumprir a sua missão de circular o conhecimento. Às  vezes fico na dúvida se sou realmente incompetente ou  egoísta a ponto de não assimilar nada, para não  correr o risco de dividir o que aprendi com os outros?

2008, participei do  curso de capacitação de educadores para o trânsito, promovido pela Polícia Civil. Este eu consegui focar atenção em vista de  minha vontade de aprender a dirigir, e claro, desejo não realizado em virtude de minha procrastinação crônica. Também, participei de um curso promovido pela Acrilex: pintar, criar e aprender. Mais um que estive apenas de corpo presente, pois não recordo sequer, o espaço físico, onde aconteceu.

       2011- em março, participei do lançamento da exposição “Marcados para, no Centro da Cultura Judaica, neste evento, recebi material  que utilizei bastante e tenho boas recordações. Em dezembro, participei do seminário promovido pela Associação Palas Athena: Valores da convivência na vida pública e privada. Como tudo que é organizado pela  instituição, foi de excelência, porém, por força do hábito, nada assimilei.

       2012, participei do mini-curso , Colecionar selo, uma arte, este sim, foi um evento que eu assimilei, pratiquei e que colhi frutos, pena eu não ter sabido aproveitar os demais.

       2015- é o meu recorde de esquecimento, tenho um certificado de uma roda conversa da virada da educação. Um apagão total referente ao evento,

       2019-  tenho um certificado de uma participação em um treinamento de brigada de  incêndio, e a única lembrança que tenho, é do vendaval que  teve no exato momento do evento, o teto caiu, janelas foram arrancadas e ninguém se feriu, graças a agilidade da palestrante, que percebeu o perigo e evacuou o local em tempo hábil.

       Tempo e dinheiro perdido em tantos cursos? Não tenho resposta para este questionamento. Se ainda hoje, quase no final da vida, ainda tenho dificuldades em relacionar-me com as pessoas, se não tivesse  passado por esta vasta experiência em busca de saber e transformação pessoal, eu seria uma pessoa pior, do que ainda sou?  Ando em busca de mim,  faz tanto tempo!

 

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Relacionamentos descartáveis

        Solidão  é o meu nome e tristeza meu  sobrenome.  Na fila do Posto de Saúde, sem ter com quem conversar, enviar mensagem, telefonar, restou-me presta atenção naqueles que  tinham companhia e o assunto girava em torno das relações contemporâneas,  quando a solidão é a companheira fiel de todas as horas e justificavam à fala, com o argumento de que as relações atuais, são pautadas na substituição. Isto mesmo! Não olhamos para as pessoas como elas são, mas como gostaríamos que elas fossem, ou seja, pessoas idealizadas e que nos podem ter uma serventia,  e se em curto prazo, não correspondem às nossas expectativas, são substituídas rapidamente por outras, idealizadas, é claro.

          A fala abalou meus alicerces e mexeu com o cerne de meu  ser e constatei que eu  fui uma das pioneiras nesta prática de não lidar com as pessoas como elas são, com suas qualidades e defeito porque fazemos parte da família  humana. Não foquei meus relacionamentos em convivência, mas em ascensão profissional e esqueci que a aposentadoria  e velhice chega para todos  aqueles que  não ficaram  nas curvas da estrada da vida.

          O período laboral, ficou no passado, o tempo, antes escasso, agora sobra, os  dias são longos e  as noites intermináveis! Tantas  pessoas encantadoras deixei pelo caminho porque não  me serviam mais profissionalmente, e agora estou  convivendo com o meu desencanto pela vida. Falta dinheiro, energia vital,  relacionamentos sinceros e o mais doloroso,  não tenho  lembranças de  momentos  agradáveis  com pessoas queridas. Somente agora constatei que as lembranças são os antídotos  para as dores inerentes  à velhice, mas o estrago já está feito.

         

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Banheiro para idoso

                Esperar pelo o tempo do outro é um dos exercícios mais difíceis que conheço; para a minha personalidade que é: falou! Cumpriu! Estou a mais de dez dias esperando a entrega da nova casa, onde residirei durante um ano, até encontrar outra para comprar, que esteja dentro do meu orçamento e com uma folga para reformar o banheiro. Exatamente! Depois dos setenta anos, o banheiro se torna o cômodo principal da casa  uma vez que  a velhice não chega sozinha, ela vem acompanhada da perda de equilíbrio, coordenação motora grossa e fina, visão, audição,   destreza das mãos, lentidão e fraqueza das pernas e tudo isso, somado aos terríveis problemas gastrointestinais e urinários.

            Pensei em  um banheiro, com dois metro e meio de largura por quatro de comprimento, sendo a divisória do chuveiro feita em alvenaria, com um metro e meio de altura, para fixar e barra de segurança para apoio durante o banho e  uso do vaso sanitário, sendo a porta para o boxe de 1 metro de largura, um lavatório grande, com armário para  guardar produtos de higiene e beleza e um espelho. O detalhe  inovador será   a entrada direta para uma área de serviço privada, com tanque, maquina de lavar,  varal de teto e sanfonado, e espaço para tábua de passar roupa. A parede divisória será em alvenaria, parade/armário para guardar os produtos de limpeza e haverá duas janelas tipo basculantes, em sentido opostos para dar corrente de ar. Piso antiderrapante, da melhor qualidade, pois idosos não podem cair. Com um banheiro assim,  idosos terão privacidade em seus cuidados pessoais diários.

            A questão é o custo do metro quadrado e  encontrar profissionais qualificados e responsáveis para  executarem os serviços. Dizem que na internet de acha de tudo,  então, o problemas é comigo, que não estou sabendo fazer a  pergunta certa, ao oráculo Google,  porque até agora, não encontrei a resposta para a pergunta que não quer calar: 

Qual o preço de um metro quadro de um banheiro adaptado para idosos?

 Se você sabe,  responda nos comentários, por favor.