A minha saga
em busca de aprimoramento e refinamento
cultural, é confirmada pelo grande número de documentos que tenho guardado, nestas sete décadas
de vida, e que hoje, nesta fase de
desapego, rasgarei e jogarei no lixo, uma vez
que não tenho ninguém que possa
se orgulhar de quem eu fui um dia, porque a mediocridade foi, é, e sempre será
minha marca, serei medíocre, embora tenha iniciado uma jornada
em busca de conhecimento nos anos oitenta. Enquanto revirava gavetas, lágrimas
de frustração e arrependimento rolavam
silenciosas em minha fase porque finalmente, entendi que a minha ansiedade em
ser uma pessoa admirada e respeitada, paralisou o que realmente importa: a ação. Em uma corrida cega, em
busca de novos saberes, não assimilei o novo, consequentemente, não compartilhei e saber e não transbordar, é o mesmo que não saber.
Em julho de
1981, fiz um curso de artes cênicas e o certificado veio assinado por uma
instituição que não tenho ideia do que era
na época: “Mobral”. Também, não tenho nenhuma lembrança do que
estudamos, quem foi o professor, colegas,
nada, nada, tudo ficou literalmente,
nos anos oitenta. Pelos
certificados esquecidos na gaveta
da cômoda, fiquei exatamente 10 anos e um mês, sem participar de cursos. Em
agosto de 1991, tenho um atestado de presença,
2000- Pela
quantidade de certificado, foi um ano agitado, boas oportunidades de
aprendizagem, pouca assimilação e zero prática e o que posso fazer, é
listar os cursos e oficinas em que
participei. No mês de abril, tenho um certificado de um curso de jogos
educativos, realizado pela Editora Informal, recordo que foi bem divertido,
recebi uma apostilha que ficou por décadas, acumulando ácaro na estante, e um
dia, a larguei em um banco de ônibus urbano,
na expectativa que fosse encontrada por um professor de educação física
comprometido com o desenvolvimento do alunado, não apenas um tradicional ”rola bola”. Também participei de um curso de
embalagens de páscoa, realizado pelo
Shopping D. Em junho, aparece mais um certificado de curso de Marketing
Cultural, não tenho menor ideia do que foi dito lá nem em qual espaço físico aconteceu. Em
agosto, mais um curso, apagado de minha
mente, Imaginação e ação, promovido pela Editora Ática. Também em junho,
um certificado de um curso promovido pelo Sebrae, intitulado EMP - orientação
para o crédito. Acho que foi neste curso, que fizemos uma dinâmica em que abríamos uma firma e falimos, e nada
mais recordo. Em agosto, participei de mais um curso promovido pela Editora Ática
intitulado: era uma vez... sacis, cucas, mulas-sem-cabeça... no mundo de
hoje??? Valha me Deus! Deste evento, nada restou em minha memória. Este agosto
foi agitado, participei de mais um curso
promovido pela editora Informal, intitulado: técnicas de contar histórias. Foi
um dia maravilho! Aconteceu no bairro de Santana, história lindas que recordo
até hoje, bastante teatralizadas, só de olhar o
certificado, revivi a felicidade vivenciada naquele espaço. Em setembro,
participei do curso Lei Rouanet 8.313/91, nem ouse me perguntar do que se trata
porque não sei.
O ano 2001,
tive inúmeras oportunidades de aperfeiçoamento profissional, com a minha participação em cursos, nos quais
recebia material para aplicar no trabalho, e eu não soube aproveitar, apenas
guardei na estante. Em fevereiro, participei do curso Como e por que trabalhar
técnicas de gravura na escola? Promovido pelo Itaú Cultural. Em maio, Refletir
e agir na educação, promovido pela editora Positivo. Sinto dizer que eu não sou
agir. E junho, mais uma grande oportunidade perdida com o curso A luz na
pintura brasileira, promovida pelo Itaú Cultural. Em outubro, História em
Quadrinho, promovido pelo Itaú Cultural, neste mesmo mês, participei de um
curso promovido idealizado Melhoramentos/Todaba/Greenpeace, mais um evento que
sumiu de minha mente, pelo visto, estive lá, somente de corpo presente.
Em 2002,
passei por uma fase zen e fiz um curso
de tarot egípcio, recordo o sacrifício que fiz para pagá-lo, comprar o jogo de
cartas, a apostila, não pratiquei, e tudo foi parar no lixo, uns 15 anos
depois, agora, dou adeus ao certificado.
2003 foi um
ano calmo, tenho comprovado que participei somente de um evento promovido pela
editora Positivo, sem a menor recordação do que foi ensinado. Em 2004, não encontrei
nenhum certificado, pelo que tudo indicada, eu não participei de nenhum evento cultural,
fato que nunca fez diferença, já que não aprendia nada nem aproveitava o material recebido.
2005 foi um
ano em que participei de mais um evento
da Editora Positivo no mês de maio e outro em novembro, intitulado” inclusão
pela arte, recebi um CD maravilhoso, que doei, junto com outros, em uma banca
de livros e CDs usados, e para fechar o
ano, em novembro, participei do VII Congresso Makiguti em Ação com o tema: Educação Soka – Educação para a criação de valores humanos. O que foi
dito, não me recordo, mas o capricho com que organizaram o espaço para receber
os cursistas, a recepção cerimoniosa à moda oriental, o lanche, guardo em meu
coração até hoje.
2006, foi um ano de
luto e recomeço, com comprovação em certificado, encontrei apenas um, 1º
seminário de História e Memórias, em
agosto, a única lembrança é que encontrei um parente do qual eu gostei muito
quando bebê, e lá, homem feito, não me reconheceu e eu não o procurei, em
virtude dos desafetos com os pais deles.
2007 foi tranquilo,
em julho, participei de mais um evento relacionado as leis de incentivos à cultura; hoje estou cá a pensar,
por que eu me interessa por este assunto? Nunca sequer procurei trabalho na área. Em dezembro, participei do Encontro - Ensinar e aprender Arte Contemporânea. Vol
III, organizado pelo Centro da Cultura Judaica,
ganhei um material de qualidade, porém, está
em minha estante, esperando, esperando e esperando ser usado, podendo enfim,
cumprir a sua missão de circular o conhecimento. Às vezes fico na dúvida se sou realmente
incompetente ou egoísta a ponto de não
assimilar nada, para não correr o risco
de dividir o que aprendi com os outros?
2008, participei do
curso de capacitação de educadores para o trânsito, promovido pela Polícia
Civil. Este eu consegui focar atenção em vista de minha vontade de aprender a dirigir, e claro,
desejo não realizado em virtude de minha procrastinação crônica. Também,
participei de um curso promovido pela Acrilex: pintar, criar e aprender. Mais
um que estive apenas de corpo presente, pois não recordo sequer, o espaço
físico, onde aconteceu.
2011- em
março, participei do lançamento da exposição “Marcados para, no Centro da
Cultura Judaica, neste evento, recebi material
que utilizei bastante e tenho boas recordações. Em dezembro, participei
do seminário promovido pela Associação Palas Athena: Valores da convivência na
vida pública e privada. Como tudo que é organizado pela instituição, foi de excelência, porém, por
força do hábito, nada assimilei.
2012,
participei do mini-curso , Colecionar selo, uma arte, este sim, foi um evento
que eu assimilei, pratiquei e que colhi frutos, pena eu não ter sabido
aproveitar os demais.
2015- é o meu
recorde de esquecimento, tenho um certificado de uma roda conversa da virada da
educação. Um apagão total referente ao evento,
2019- tenho um certificado de uma participação em
um treinamento de brigada de incêndio, e
a única lembrança que tenho, é do vendaval que
teve no exato momento do evento, o teto caiu, janelas foram arrancadas e
ninguém se feriu, graças a agilidade da palestrante, que percebeu o perigo e
evacuou o local em tempo hábil.
Tempo e
dinheiro perdido em tantos cursos? Não tenho resposta para este questionamento.
Se ainda hoje, quase no final da vida, ainda tenho dificuldades em relacionar-me
com as pessoas, se não tivesse passado
por esta vasta experiência em busca de saber e transformação pessoal, eu seria
uma pessoa pior, do que ainda sou? Ando
em busca de mim, faz tanto tempo!