quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Ostentação

                                 Ostentação é a palavra que define Bernardo. Ele tem por  premissa namorar  somente moça  pobre e simples da periferia, que não sonham com  uma vida glamourosa porque acreditam que sejam somente “coisas de novelas”, já que a  rotina de seus familiares sempre foi, é, e será trabalho. Esta escolha tem três razões  básicas:

I- Por ser avarento, ele a leva  somente a praça de alimentação de shopping, o que para ela já representa  um luxo;

II – Poder ostentar sem a menor possibilidade de  concorrência, a sua pseudofortuna, cultura acadêmica  e política;

III – Ostentar  o seu lado Don Juan.

          Casualmente, ao reencontrar  com uma ex-namorada ainda solteira, ele  foi tomado de uma euforia incontrolável e chegou a acreditar que ela não  havia se casado por amor  a ele. A jovem, sem entender o que de fato estava  acontecendo,  ouvia  em silêncio,  seus intermináveis disparates: “ Eu não consigo entender, após  uma ausência de mais de trinta anos, você ainda continua perdidamente apaixonada por mim, como na época em que nos relacionávamos, eu nunca lhe prometi nada, você criou a ilusão em sua cabeça.  Eu tenho uma curiosidade que me corroi a alma. Eu preciso saber o que acontece para que existam esses sentimentos profundos em face da minha pessoa. São centenas de milhares de mulheres,iguais a você, umas estudadas, ricas  herdeiras, preparadas, lidas, profissionais preparadas em suas áreas que recebem altos salários, com vida financeira tranqüila,saudáveis, inteligentes, cultas, artistas da classe média  para a altíssima, entestadas na minha pessoa. Se eu der trela,  precisarei de 24 horas diárias para responder todas as mensagens e telefonemas que recebo diariamente de mulheres que alegam amar-me com todas as suas forças. Eu preciso saber porque você não consegue me esquecer. É muito importante para mim.  Eu tenho interesse em  descobrir porque existe mulher que afirmar que eu nunca conseguir levá-la a plenitude, e mesmo assim, continua  me amando? E você, mais uma vez eu pergunto? Por que você não me esquece? Qual é o mistério?Diga-me, por favor, o que acontece, eu preciso saber. Onde quer que eu vá, sou sempre o recordista imbatível, de mulheres querendo  um relacionamento sério comigo. Por que? O que eu tenho ou deixo de ter, para atrair tantas  mulheres de diversas categorias interessadas em  mim. É dinheiro? São os bens de raiz? Possibilidade de viver melhor? De participar de viagens e festas? Eu não sou nenhum galã de cinema, não tenho nada de extraordinário e desperto tantas paixões,  como no seu caso, quando nos conhecemos, eu nada lhe disse sobre o meu patrimônio, não lhe contei 1% do que tenho e você tem esse amor todo, a minha disposição, sei que você é capaz de deixar tudo, família, trabalho,amigos, se eu lhe disser: - venha morar comigo.  Você mão esperaria receber o seu pagamento do mês, simplesmente pegaria as suas coisas e aceitaria no ato. Diga-me, por favor, porque eu desperto este tipo de sentimento, nas mulheres? Tão logo o  suposto Don Juan deu uma pausa para respirar, a jovem  sorriu e com tranqüilidade respondeu: - Quanto aos sentimentos da outras mulheres, eu  não posso responder, mas eu  nunca lhe amei, saía com você apenas  para apreciar a boa gastronomia das praças de alimentação do  shopping, que naqueles idos tempos, estava  bem fora do meu orçamento, e se estou aqui, agora, com você, é por dois motivos: primeiro, sei que pagará a conta e segundo, provocar ciúmes  em  meu namorado, já que ele está nos vendo, ele é um dos seguranças  do shopping. 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A estratégia do postal

                            Com  o déficit de homens no mercado, as mulheres  que anseiam por um companheiro precisam usar de inteligência e estratégias para afugentar  as rivais  sem que  o escolhido perceba as suas reais intenções. Assim como tantas, Rosalina precisou fazer  uso de algumas artimanhas já utilizadas  antigamente, pela matriarca da família, quando  o casamento era a melhor opção para  o sexo feminino. Quando ela conheceu Raul, ele lhe disse que estava separado, porém,  a  ex-esposa,  permanecia em sua casa de campo por duas razões: não tinha para onde ir e cuidava da propriedade, sendo desnecessário pagar um  administrador, o que era bom para ambos. Embora achasse suspeita a explicação, a jovem não contestou, aparentemente  esqueceu o assunto,  mas esperou o momento propício para sanar a dúvida.  Ás vésperas do dia dos namorados, enviou-lhe um  cartão postal, sem nada escrito, mas com marcas de beijos, feitas com o auxílio de um batom vermelho escuro.

          Após um dez dias da postagem,  ao abrir a sua caixa de e-mail, deparou com uma mensagem do namorado, que estava furioso, pois  aquela que ele dizia sua ex-esposa, fora à cidade fazer umas compras e aproveitou para pegar as correspondências no  Correio  e encontrou o cartão, o que a deixou transtornada e  ao gritos, dizia que o postal, embora não estive  assinado, era sim, dela. E continuou a desfilar seus impropérios, que Rosalina não deveria ter feito isto, porque aquele era o endereço de correspondência da casa de campo, que pertencia a outro municio, que  deveria ter enviado para o seu endereço residencial, e  também,  que não estava sabendo que era seu namorado. E ele tinha certeza, que Rosalina fizera aquilo para provocar a ex-esposa, e que nunca, nunca, nunca mais fizesse isso porque ele já  havia notado que a simples menção do nome de Rosalina altera o equilíbrio emocional dela e que apesar da separação, alguma coisa  relativamente ao psiquismo dela, a prende a ele, o ex-esposo. E para completar, ele alegou que não se sentiu nem um pouco lisonjeado com o recebimento do cartão, porque não aprecia este tipo de correspondência, sem remetente, e que caso o  postal fosse dela ( Rosalina) que lhe explicasse detalhadamente o motivo, já que ele não considera namorado dela. Que ele tem ciência de que muitas mulheres, inclusive ela, nutrem por ele, um amor incondicional,  outras que o odeia com todas as suas  forças e  também  há aquelas  que querem apenas  judiar dele, sem qualquer motivo para fazer isto e ainda há aquelas  que lutam por ele,   mesmo sabendo que  o tempo e a oportunidade  delas passou. Por exemplo, a este último grupo de mulheres, e são inúmeras, estão a Tânia, que ele nunca conheceu, apenas trocaram cartas calientes e faz 25 anos que ela não esquece um dia festivo e lhe envia cartão, agora somente virtual; no momento, com o coração e sentimentos queimados, em face de desavenças amorosas, que fiquem bem claro, que ele  não quer namoro sério, apenas aproveitar a vida de preferência em companhia feminina. Que ao seu lado quer apenas mulheres cultas, livres e situação financeira definida. Finda a leitura da mensagem, Rosalina, fez o que qualquer mulher inteligente e bem resolvida faria: Deletou-o de  sua vida, a estratégia dera certo, suspirou aliviada!

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Apenas um dica

             Mania de grandeza é uma das  particularidades dos novos ricos, principalmente quando eles são os  primeiros da família  a terem completado o curso de graduação e terem participado de vários cursos e palestras sobre empreendedorismo, turismo e tantos outros, mais por vaidade do que por interesse em conhecimento; quando alguém da família, que   não alcançou o patamar que eles se encontram, vai trabalhar em um evento beneficente, com a função de desejar boas – vindas aos convidados, e pede uma orientação   quanto a aparência,  já que recebeu apenas uma  única orientação: roupa preta, ,  é a oportunidade que eles almejavam para  ostentar o  conhecimento recém adquirido e não poupam  palavras em sua ladainha: “ Você  quer algumas dicas  mas não disse que tipo de evento será e qual função desempenhará, também não disse qual o tipo de traje ou modelo da toillet. É decotado? Sensual? Sexy, umbiguinho  e costas  de fora? Longo, longuete, curto? Irá usar meias pretas, nudes, cinzas, trabalhadas, rendadas, ou simplesmente de seda importada?  Usará sapato com salto alto, largo, salto fininho, aberto, fechado, com fivela, corretinha? E os brincos? Bijuterias, semijoias? Haverá lenços? Echarpes? Pulseira? Anéis  para dar um toque especial à vestimenta? E o colar? De pérola, ouro ou metal? E o tom do preto? Clássico ou funeral? Quanto ao cabelo, usará solto,  penteado sofisticado, longo, curo solto? É importante dizer o perfil do público. Homens de negócios? Apresentação de produtos para venda, palestrantes?  qual o tema?. Qual a  média de idade deles?  Qual o nível sócio econômico? Etnia? Formados em nível superior? Como você pode observar, tenho inúmeras dúvidas, que você sequer cogitou que poderia haver.Todos estes detalhes interferem no meu modo de avaliar e melhor poder orientá-la. Vocês ficarão somente na entrada, como recepcionistas do cerimonial ou terão dupla função, como por exemplo, após o evento, mostrar a cidade aos turistas? Serão apenas recepcionadas para a chegada e nada mais? Há de se pensar também na cor do batom, que orne com  o vestido e adereços. Quanto ao perfume, deve ser suave para não incomodar o convidado durante a assinatura da lista de presença.  Sem eu saber exatamente, tudo, tudo mesmo que irá usar, eu não posso  aventurar um palpite, tudo isto implica em uma  harmonia de cores, de destaques para que não afigurem a uma fantasia  carnavalesca ou aparentar uma sobriedade que não condiz com o evento.

          A respeito dos batons, há de se tomar muito cuidado, principalmente você, que não teve as mesmas oportunidades que eu, e consequentemente, é uma pessoa ingênua quanto as mensagens que o batom transmite. Tudo vai depender da tonalidade, indo do mais fraco ao mais forte e é bom que saiba que cada coisa, significa uma coisa, diferente da outra, deu para entender? O batom vermelho  forte, significa requinte, sensualidade, elegância e poder. Quanto aos tons beges, em mulheres de pele mais clara significa glamour. Preste bem atenção! O batom tem que ser escolhido tendo em vista a indumentária e os adereços e principalmente a personalidade da pessoa. Um vermelho forte em uma jovem tímida, simples, humilde e introvertida ficará ridículo, já em uma modelo de personalidade como a Xuxa, ficará perfeito porque a natureza dela já é desembaraçada, corajosa, tipo que marca presença com a sua personalidade forte e determinada. Portanto,  há de atentar-se a todos estes detalhes; normalmente, as recepcionistas, não sabem a real finalidade do evento, se este for o seu caso, é bom indagar   para não se expor ao ridículo  ou até mesmo ser confundida com uma recepcionista/ acompanhante de homens solitários.” Diante de tantas indagações, com certeza, a jovem preferiu  seguir apenas as orientações de sua chefe e discutir com as colegas a maquiagem  e os adornos, se elas podem simplificar tudo, porque procurar chifre em cabeça de cavalo?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Em confinamento

                                Eita final de ano solitário! A mídia fazendo terrorismo com a nova cepa do  coronavírus na Europa e ainda, em pleno verão, época do ataque anual do Aedes aegypti, popularmente conhecido como mosquito da dengue, ele está esquecido pelas autoridades e meios de comunicação de massa. Há quem pense que o coronavírus matou  o antigo forasteiro e apossou de suas  vítimas. A questão que está na boca do povo é: esse alarde todo é para preparar o povo para a vacinação em massa?  Profissionais conscientes e com foco na cura já perceberam que existe  medicamentos antigos capazes de  conter o avanço do vírus no  corpo humano, assim, a única saída  para os laboratórios ganharem rios de dinheiro é com a vacina, especula a população. Ninguém sabe a verdade e o que realmente está por trás desta pandemia, então, a única opção  para as pessoas do grupo de risco é ficarem em casa, feito homens das cavernas, apenas a desejar   a presença da pessoa amada ao seu lado, a fazer-lhe um cafuné enquanto esperaram o passar das horas, que estão cada dia mais lento, e quando as  doces lembranças se perdem no ar feito fumaça, o ciúme corrói o coração, ao pensar   na possibilidade da pessoa amada estar  aconchegada em outro ninho, o que pode ser perigoso. As doenças vêem para que a população entenda a importância da exclusividade, promiscuidade representa um perigo para a perpetuação da espécie.

            Durante o confinamento, quando o tédio dá uma trégua, o ser solitário, reflete sobre as injustiças  para com as  pessoas antes do convívio diário, agora separadas pela Covid-19 e  o solitário percebe o quanto foi injusto ao chamar o seu irmão de estranho. Sendo ele, a terceira geração de “ Manoel” com certeza, já deve ter assimilado a sabedoria dos ancestrais  e somada às vibrações do nome que vem  do hebraico – Immanuel: Deus conosco” e  no silêncio da caverna, onde está hibernado, conclui que o seu irmão é um homem sábio, que encontra sua força na solidão e no silêncio, e não há nada de estranho nele e que ele deve ter alma de cientista e talvez, as coisas corriqueiras do dia a dia sejam-lhe terrivelmente tediosas. Em vez de criticá-lo, o certo seria pedir  o seu parecer referente as decisões relacionadas ao patrimônio da família e sobre as mazelas da vida.  Além das reflexões, o isolamento social traz à tona os cheiros e sabores de outrora encontrados em viagens, como o Canastra, que é o orgulho do Centro Oeste Mineiro, produzido na região da Serra da Canastra, amarelo e de sabor forte, delicioso e único, cuja  forma de produção é tombada como patrimônio imaterial. Que venha logo esta vacina, senão muitos neurônios serão queimados de tanto pensar,  que por sinal,  é a única  opção daqueles que possuem comorbidades.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Pastor solitário

                          Era uma vez, um jovem triste e solitário que morava no alto da  colina e vivia com o seu olhar fixo no horizonte esperando o regresso  da jovem que o abandonara no findar da última primavera. Em seus pensamentos está a lembrança do dia em que se conheceram.  Foi um momento especial! Conversaram, trocaram carinhos, caminharam sorrindo e colhendo flores  silvestres, que ele fez uma  coroa de flores para embelezá-la ainda mais. Quando os últimos vestígios do dia  desapareceram na escuridão da noite, ela partiu sem  dizer o destino. Talvez ela tivesse uma família para cuidar, outras obrigações que embebida em tanta felicidade, não tivera tempo para lhe contar.

            Então, ele  regressou a sua cabana e deu continuidade a sua vida, agora, monótona e triste. Dormia e sonha com ela, durante o pastoreio das cabras, a lida com  as tarefas domésticas e nos cuidados com a propriedade, ela estava presente em seus pensamentos. Em suas orações, pedia ao Criador que  guiasse os passos delas em direção a  sua cabana, nos momentos de trabalhos exaustivos, com o suar a lhe escorrer pelas têmporas, deseja a presença dela para lhe oferecer um lenço. Na iminência do perigo durante o pastoreio, imaginava-a  auxiliando-o  na condução do rebanho para  a segurança no estábulo. Ele esperava e confiava que um dia iria revê-la. A vida seguia como tinha que seguir, enfrentando as agruras da vida e as intempéries do  tempo. Ele trabalhava e orava, tentava se divertir  nas festas da aldeia, mas a imagem  da jovem que  conquistara o seu coração mantinha-se firme.

             E os dias passam lentos e tristes. Era um dia  fresco de  primavera,  vez ou outra, uma cabra berrava quebrando o silêncio dos prados  e enquanto esperava o passar das horas, avistou um vulto distante, seu coração bateu mais forte,  era a silhueta dela, da mulher que  conquistara o seu coração e com medo de uma desilusão, preferiu acreditar que era uma miragem.  Sentou  nas raízes de uma  figueira, fechou os olhos e tentou tirar um cochilo, não queria se iludir.  Ele não sabe por quanto tempo permaneceu entre a vigília  e  sono. Despertou com uma  mão em seus ombros e o som de uma voz conhecida a sussurrar palavras doces em seus ouvidos. E, aquele dia, que parecia ser apenas mais um dia de pastoreio, transformou-se no dia mais lindo de sua vida, ela voltara para ele. O reencontro fora como ele sonhara: denso, lindo e apaixonado. Eles se amaram  tendo como testemunha a figueira.  E antes que ele pudesse  dizer à jovem, o quanto ela era importante para ele, ela se foi. Ele recolheu o  rebanho e  caminhou em direção à cabana, mas não era mais  o jovem triste e  solitário. Agora ele tinha um motivo para sonhar, viver e esperar a volta da mulher amada, porque ela vai voltar em todas as primaveras e viverão momentos efêmeros, porém  intensos, dizia si.

 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

O gavião

             Era uma vez um homem que não tinha um porte atlético, nem se enquadrava em nenhum padrão de beleza, porém, tinha algo que o fazia sentir-se seguro e prepotente: muito dinheiro na conta. Há muito tempo, quando saia de uma agência bancária, após uma produtiva reunião com o seu gerente, cruzou com uma  linda moça, que olhou para ele, rápido, o rapaz entabulou uma conversa e não foram necessário mais do que vinte segundos para ele perguntar se poderia acompanha-la até o serviço  dela, que ficava apenas três quadras do banco. Durante o percurso, conversaram como se fossem dois conhecidos e marcaram um encontro. Ele era rico,  estudado, viajado e ela, apenas uma recepcionista de uma pequena clínica odontológica. Ele não levou o namoro adiante, pelas diferenças sociais e culturais, e por desejar   para mãe de seu filhos,  uma mulher da mesma classe social, casou-se com uma rica herdeira, que lhe traiu, inclusive com os seus funcionário. Após a grande vergonha, a separação!

 O tempo passou. Ele manteve o mesmo patamar  financeiro e o belo par de chifres pesava em sua testa. Em sua solidão, ele se vê como um pássaro solitário, vivendo em uma caverna abandonada e imagina que a   linda jovem que ele desprezou por ser pobre, alça voo do seu ninho, em sua direção e fica a vagar sobre o que ela espera dele, agora um ancião carcomido, quase no final da linha, no declínio da vida e que o fica provocando, mesmo após o adeus. Tudo o que ele quer é ficar aconchegado em seu ninho de painas brancas, quentinho e confortável para esquecer as mazelas do mundo. Mas não consegue, é alta madrugada e o sono não chega. Ele tenta, mas não consegue afastar os pensamentos da  jovem. Em seus devaneios, imagina-a uma feiticeira,  alquimista medieval que o transformou em seu capacho e o ciúme corrói a sua alma ao imaginá-la  no aconchego do ninho de alguma gavião, ou que está em sua cabana, a revirar  o seu caldeirão de bruxa, fazendo uma traquinagem, para fazê-lo perder o sono.

            A dúvida atormenta a sua alma! Ele esquece que a rejeitou, e sofre com a falsa crença de que foi abandonado por ela, mas tem a firme convicção de que um dia, ela irá buscar  o aconchego de seu ninho. Hoje, ela está voando, voando, voando, de ninho em ninho,  mas pousará no seu e desta vez  não lhe escapará, como das outras vezes. -Linda como um colibri e todinha sua! Suspira  o gavião  em sua solidão. Ele, uma ave de rapina, espera uma colibri mestra para  ampliar os seus conhecimentos sobre a vida das flores. Ele deseja ser um aluno aprendiz, aquele que fica enamorado da professora, e não importa o tema da matéria lecionada, ele ouvirá histórias lindas, fábulas encantadas, ele, o gavião triste e solitário espera  aquela que não vai chegar

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Pàssaro solitário

                   

"As condições de um pássaro solitário são cinco:

Primeiro, que voe ao ponto mais alto;

Segundo, que não anseie por companhia, nem a da sua própria espécie;

Terceiro, que dirija o seu bico para os céus;

Quarto, que não tenha uma cor definida;

Quinto, que tenha um canto muito suave."

S. Juan de la Cruz, "Dichos de Luz y Amor"

          Para casais criativos e apaixonados, um simples poema, como o acima, desencadeia  momentos  de afeto e descontração, quando o varão do relacionamento  põe-se a  imaginar como sendo o último pássaro selvagem primata, remanescente de uma espécie  extinta a bilhões de anos, em busca de uma fêmea  para acasalar   e no fundo de uma caverna segura, criarem juntos, os filhotes que  perpetuarão a espécie, seu entusiasmo contagia a parceira. E o devaneio não para por aí, ficam horas a se imaginarem voando, ora  bem alto, acima das montanhas, outras vezes, em voos rasantes, com os pés a tocar a água salgada do mar e rejubilando-se por terem a graça de poder apreciar a  beleza da criação divina e depois, o retorno à caverna, onde dormirão felizes em um ninho macio.

          Mas os anos passam e a  implacável dureza  da vida  bate à porta de todos e os devaneios de outrora torna-se ao  reflexões profundas e dolorosas. As cinco condições de um pássaro solitário  doravante são as  tristes conclusões de um  idoso sobrevivente dos abismos da vida que aprendeu com  o pesos dos anos que  jamais, em tempo algum, confie em  ninguém, principalmente na pessoa amada, quando ela se mostra altamente eficiente, fazendo-se passar por perfeita, incapaz de errar, para o sábio, é sinal de que ela pode ser falsa ao extremo. De suma importância é estar sempre atento aos detalhes mais insignificante,  pois é neles que se encontra a pista percorrida pela má pessoa, ou a chave do mistério escondido por trás da perfeição diária. E estar atento também à pessoa amada  vaidosa, repleta de compromissos com as festividades religiosas da  paróquia, com os eventos do partido político, dedicação extrema ao trabalho,  pois tudo não passará de artimanhas, para camuflar verdades secretas escondidas. Também merece um olhar atento, aquela pessoa amada que  fala de política, dos eventos da comunidade, da novela, das séries da netflix, mas se nega a abrir o coração e contar tudo, quanto é escamoteada e cheia de segredinhos, que frequenta psicólogas, aceita  orientações religiosas de  pastores, com muitos amigos  rodeando a “carne seca” viagens misteriosas, marca e encontra e sem  mais, nem menos, esquiva-se deles. Cuidado! Escondem a verdade real. Também é prudente, manter distância daquela pessoa, que  nega-se a viajar com você pois prefere ficar em casa cuidando das galinhas e dos porcos no chiqueiro e tudo mais, você pode estar convivendo com uma pessoa de dupla personalidade.

          Bom seria se pudesse,  com a sua aposentadoria, contratar uma  senhora idosa, feia, desajeitada que assusta até o cruz credo, para fazer a comida, lavar a roupa, cuidar da limpeza, se servir, continuará  com a carteira registrada, se não, baixa na carteira e que venha a próxima candidata. E em casos de doenças,  contrataria um profissional de saúde. Mas a realidade é outra, o homem é um ser grupal, depende uns dos outros para sobreviver, a única solução plausível e ter paciência, cooperar e ceder quando for necessário.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Corujas inquilinas

              

            O corpo pede descanso, mas a mente nunca se cansa e está sempre a pensar em algo, especular sobre outras possibilidades   de fazer a mesma coisa e até mesmo especular por especular. Isolamento social é isto, fazer a única coisa que  restou, a possibilidade de pensar livremente. Pela primeira vez, inúmeras pessoas   passarão o natal sozinhas e desobrigadas dos gastos  em tempo e dinheiro  relativos às festanças, dedicam o seu ócio a pensar. Para  o gado leiteiro, são construídos currais, para os cavalos os estábulos, para os porcos os chiqueiros, para as galinhas o galinheiro, para os pombos o pombal, e  se  algum aventureiro decidir a criar corujas, com certeza, construirá um corujal e deverá ser diferente dos tradicionais pombais porque  as aves de  espécies e hábitos  diferentes, deve haver diferenças  que o  carpinteiro e o  pedreiro deverão observar, para que a habitação fique confortável e atenta as necessidades dos habitantes quanto alimentação, repouso e reprodução.

            É comum em  construções inacabadas ou vazias, que corujas   escolham um apartamento somente para elas, com vista privilegiada para que possam estar sempre em alerta para surpreender alguma presa com mais facilidade, e o principal, segurança para procriar sem ninguém incomodá-las. Como são aves de hábitos noturnos, elas preferem construções  onde o silêncio reina soberano durante o dia.  Deve ser interessante compartilhar moradia com estas aves, com certeza, ratos e cobras não seria uma preocupação para os habitantes humanos durante a noite. Deve ser maravilhoso ter por inquilinos um  lindo casal de corujas brancas, enormes, maiores que um galo bem graúdo. Pode ser que alguma noite em que o proprietário chegue cheirando a álcool,   as aves não  o reconheça  e comecem  a chirriar altíssimo,  para avisar as demais espécies da redondeza, a respeito de algum perigo eminente, ou supondo que fosse um estranho, tipo ladrão, malfeitor, elas poderiam  estar  avisando os demais moradores. É fácil imaginar as corujas em voos rasantes, fazendo um barulhão danado, parando pertinho e provocando a sensação  de que poderá atacá-lo, que está na iminência de agredi-lo. Pode ser também, apenas a fêmea a proteger o filhote que acabara de nascer, ou talvez o pai, a marcar o território para proteger  os novos membros da família.

            Seria interessante ter como ave de estimação, uma coruja  branca, sempre pousada  no ombro, como  um papagaio de pirata, mas como símbolo da sabedoria,  com certeza, daria alerta  quando pressentisse a proximidade do inimigo. Como era a convivência  das corujas brancas com o homem primata, selvagem,  moradores das cavernas?

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Papo em Posto de Saúde

              

          Uma nova cepa do coronavírus assombra os brasileiros, principalmente os mais velhos, que já não podem aconchegar-se  debaixo das asas maternas, porque elas já alçaram voo para além das nuvens. Eles  agora são as asas que abrigam os netos e bisnetos, razão pela qual precisam resistir e com o exemplo, mostrar a importância das medidas  preventivas anunciadas pelo governo e especialistas e que são acessíveis a todos: usar máscara e lavar as mãos com sabão. A rotina está insuportável e o dinheiro escasso. O décimo terceiro foi  pago a  meses e  os ruidosos encontro  familiares não acontecerão, as festividades religiosas reduzidas a 40% do público. A população está orientada a não ir as igrejas, para não se contaminarem e  em todos os lugares os assuntos e as especulações sãos as mesmas:

-Rodízio de carro continua, a pessoa dentro do carro  corre sério risco de se contaminar, mas dentro do transporte público  lotado não?

-  Dentro das igrejas, dos estabelecimentos comércios, com máscara, correm o risco de serem contaminados, mas aglomerados  nas filas dos bancos para receber o auxílio emergencial, nos hospitais e postos de saúde e nas  ruas de comércio popular não?

          Mesmo quando alguém, já cansado do assunto da Covid-19 tenta mudar de assunto, mantém a  temática doença e um corajoso começa a expor o seu drama em busca de atendimento médico com um urologista para ver se precisa operar a próstata ou se o problema será sanado apenas com um tratamento medicamentoso. E  continua a afirmar que  não tem nada a esconder de ninguém, que não é vergonha o homem admitir que está em tratamento, e que não teme qualquer tipo de resultado e diagnóstico.  Alega estar consciente, lúcido e sabe que terá de fazer uma batelada de exames. E, sem  perceber que as pessoas presentes não estão interessadas no assunto, continua com a sua ladainha. O pai morreu aos 77 anos de idade, vitimado pelo câncer de próstata, metástase  generalizada e outras e outras complicações que está  moléstia acarreta aos  demais órgãos, quando espalha pelo organismo. Embora ciente  de sua genética de cancerígenos, não se amedronta, não se apavora porque em sua vida, já enfrentou  várias batalhas, como a Revolução de 1964, a traição, a covardia, a canalhice , a pouca vergonha, a desconsideração,o desrespeito da mulher amada e do amigo de infância, a quem devotava confiança, não, ele não merecia isso, mas superou tudo e agora está pronto para mais uma batalha e de peito aberto e aceitará tudo com resignação, paciência e  que lutará até o seu último suspiro.  Relembrou a fala de seu pai, quando diagnosticado com câncer de próstata. – “ filho, chegou a minha hora, os homens de nossa família  morrem por baixo igual uma panela velha, que o fundo não aguenta mais o calor e fura. Estou como uma panela velha. Um dia será a sua vez, depois de  netos e meus,bisnetos e assim infinitamente. Meu pai era depressivo, eu não, sou forte, valente, lutador, corajoso. A cada dia que passa, minha coragem aumenta, vou respirando fundo e superando, olhando as coisas por outro lado, sem  lágrimas nos  olhos, minha força de vontade vai aumentando e  mostro a todos, que apesar da doença, continuou  o guerreiro de sempre. Eu enfrento e enfrentarei o que der e vier.” Uma pessoa tenta mudar de assunto, fala da possibilidade da  continuidade do auxílio emergencial, mas alguém retoma a exaustiva narrativa do  idoso e pergunta:

- Como estão os preparativos para a cirurgia?

Preparado emocionalmente para dar adeus ao problema e iniciar uma nova fase?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Picuinhas passadas

                       Hibernar solitária nas profundezas de uma caverna  já não é mais o sonho de nenhuma pessoa após   nove meses em isolamento social. Voltar á rotina de trabalho e lazer é o sonho acalentado por todos e, retornar as atividades religiosas é um privilégio daqueles que perceberam que com a presença de Deus, todas as provações da vida  tornam-se suportáveis. Tantas atividades que outrora eram cansativas como sair a percorrer shopping da cidade  em busca de  ofertas e lanches altamente calóricos, durante a pandemia são desejos ardentes da criança ao idoso.

          As irritantes picuinhas  dos enamorados de outrora  hoje são doces lembranças, até mesmo aquela  injusta acusação de que a jovem efetuou uma chamada  e quando a cunhada atendeu ao telefone, desligou sem dizer nada. Claro que ela negou veemente, com o argumento de que já havia falado anteriormente com a cunhada  e ela atendeu com educação e boa vontade, e que não havia motivos  para fazer uma falta de educação desta. O confinamento provoca risada naquela moça, que um dia foi acusada injustamente pelo  namorado de estar paquerando o vizinho, na época, ela se alterou e gritou, para todo o quarteirão ouvir; recorda todas as palavras ditas  durante a discussão: -“ Novamente  você está com ideias absurdas sobre mim. Já me confundiu com um pé de chuchu e agora com uma papa Anjo. Tão absurdo o seu comentário que nem consigo ficar com raiva, é simplesmente, hilário! Eu gosto de fazer amizades com os vizinhos, de relacionar-me bem com eles. Entre a política da boa vizinhança e sexo eventual, a distância é bem grande. Em todos os lugares em que morei, mantive bom relacionamento com os vizinhos: amizade, respeito e solidariedade sempre foram o meu  lema. É difícil entender relacionamentos pautados no respeito? O que sexo tem a ver? Você perdeu a noção das coisas?”

          As mulheres maduras  e independentes de hoje, recordam com orgulho de sua força interior, dos preconceitos enfrentados   na luta pelo direito de trabalhar e  morar sozinha. Difícil encontrar uma que  não teve um embate com um namorado por questões familiares, ele, alegando que era homem de forte laços familiares, que  via a família como o alicerce da nação, já ela, era  uma pessoa arredia à família, que é daquelas pessoas que não estão nem aí para   a família de origem vão embora, tentar a vida, sozinha. E ainda tenta passar a imagem que gosta de seu padrasto. Ela se  defendeu: “ Você pensou e analisou friamente e como sempre, concluiu errado. A questão é outra, mas você não admite uma opinião que seja diferente da que você espera ouvir, então, nada direi. Você clama pela verdade das pessoas, mas tem o péssimo hábito de desmerecê-las e já fez isto comigo várias vezes. E tem mais! Estar distante não significa abandono, negação das origens. O amor,  o respeito e a gratidão aos antepassados está dentro da gente. E você acredita se quiser, sou grata ao meu pai pela vida e cuidado, mas agora que ele está no céu, eu  não tenho porque  odiar o meu padrasto, ele não ocupou o lugar do meu genitor, em meu coração, é apenas o homem que minha mãe escolheu para compartilhar as mazelas da velhice.” Outrora, momentos  dolorosos, mas diante do tédio que um isolamento social, as  mágoas passados são  momentos de alegres recordações.

domingo, 20 de dezembro de 2020

Cartas esquecidas

                 Feliz era o tempo  em que os enamoradas trocavam cartas de amor!  Esperava-se ansiosamente a chegada o carteiro que  sempre, no mesmo horário, atirava a tão esperada missiva pela  janela e gritava: Carteiro! Ofegante, a donzela recolhia  a preciosidade, e lia inúmeras vezes e guardava-a em uma caixinha e lá ela ficava por anos esquecida. Um dia, durante uma limpeza geral para mudança de residência após o casamento, a então jovem senhora, encontra o tesouro escondido. Felizmente está sozinha em casa, esquece os afazeres, senta no chão e começa a ler  as cartas de um antigo namorado, do qual já nem se lembrava mais.

“ Minha Delícia,

            Acaso você pensa que eu não tenho nada a fazer? Que pego gasolina gratuitamente no rio?  Você acha mesmo que eu tenho tempo para ir buscá-la em sua residência, levá-la   ao hospital onde está internado o seu avô,  e ainda ficar no carro, esperando  todo o tempo  da visita? De fato, eu estou apreensivo, não sei quais são as intenções oculta, pois  durante todo este tempo em que estamos juntos, você nunca falou no patriarca da família; isto coloca  medo em  mim e já  me preparo para por o meu par de ferraduras para proteger—me  dos reais objetivos desta viagem. Eu não acredito que você faça uma viagem de mais de três mil quilômetros apenas para dizer ao moribundo  o quanto o ama. Você está  escondendo o leite. Ademais a mais, ao contrário do que você pensa, eu tenho trabalho a fazer, não sou motorista particular de madame. Era só o que faltava. Você me conta cada piada que me faz dar boas gargalhadas. Um cara bem apessoado como eu, profissional competente, servindo de motorista particular. Bom era o tempo em que eu era o professor e você a ingênua aluninha ávida para aprender   mais e mais. Agora você quer rebaixar-me e assumir a liderança, botar arreio, colocar-me por baixo e cavalgar sobre mim  o quanto quiser Que malvadeza a sua!!!  Transformou-me em  um singelo motorista particular, sua feiticeira malvada.”

            A jovem não lembra mais o conteúdo da missiva escrita ao namorado por ocasião da  internação e posteriormente, morte do avô, acredita que tenha sido algo  mais ou  menos assim: “ Meu amado homem das cavernas, que um dia foi um gentil cavalheiro. Após  ser preterida, rejeitada e desmerecida por você, naturalmente  a plena confiança  que tinha na sua pessoa transformou-se  em receio, cautela.  Insegura e com medo de você pedir emprestado as ferraduras dos cavalos, vou arriscar um pedido, e se o faço é por extrema necessidade. Você seria capaz de uma atitude generosa, desprendida para com  a minha pessoa.?  Buscar-me em casa ás seis horas da manhã e levar-me  a capital, ao hospital onde encontra-se  internado, em estado grave, o meu avô paterno? Temerosa, despeço-me

sábado, 19 de dezembro de 2020

Voltei para você

                

          Encontrar o par perfeito é  o sonho de todos os jovens. No início do namoro,  logos nos primeiros meses, quando a chama da paixão está alta, é possível acreditar  no romântico “ amor e uma cabana” e que serão felizes para sempre. Mas, quando o fogo apaga,  as cinzas da realidade clareiam os olhos dos  amantes, e  neste exato momento, começam as desconfianças e as picuinhas  diárias e principalmente as injustiças. Basta que ela se atrase um pouco para  que ele já imagina   o  seu rival se deleitando em seus braços e para evitar maiores discussões, ela simplifica a narração de seu dia. E, ele, inseguro, começa imaginar que  há alguma coisinha errada no comportamento dela e sem que ela percebam começa a vigiar seus passos e o castelo de areia idealizado  por ambos  começa a ruir. O alicerce do relacionamento vai apresentando fissuras, que passaram a pequenas trincas, rachaduras, esmagando um tijolo aqui, outro acolá o comprometimento vai sendo danificado e um  dia, após o  retorno de uma viagem de trabalho, acontece o  inevitável, a primeira briga  realmente séria do casal apaixonado  porque ele imaginou que  ela o traiu  durante a sua ausência. Ela nega veementemente que não prevaricou. Aparentemente ele a perdoa do crime que ela não cometeu porque  o lugar da paixão avassaladora foi preenchido por uma dependência emocional  e ele  luta  durante uns  oitos anos para   aceitar que o casamento  havia desgastado, a tal ponto, que não dava mais. E para cortar as amarras do relacionamento, ele vai precisar de mais uns três anos.

          Em uma busca frenética para preencher o  seu coração seco e amargo, ele sai em busca de sua ex-namorada, uma jovem pobre e sem instrução acadêmica; coloca-se a disposição para retomar o relacionamento do passado, mas  sem ilusão de  construir um novo lar. Apenas para se conhecerem  e ele, que adora lecionar, lhe ensinará muitas coisas, já que seria  enfadonho para ele, conversar apenas sobre a rotina diária, sem extrair, desse assunto, uma bagagem intelectual culturalmente vantajosa, porque o cérebro dele precisa ser abastecido, a todo momento, com incrementos  intelectuais, porque ele detesta pessoas vazias. No momento, tudo o que ele deseja é uma  companhia agradável para acompanhá-lo em pequenas viagens, pois no momento não pretende iniciar um relacionamento afetivo sério especificamente com ela, já sabendo que não chegará a lugar nenhum porque ele está machucado e não deseja  enfrentar  mais desastre sentimental, fato que ele garante que acontecerá bem mais  rápido do que se possa imaginar. Como ele gosta de dirigir, propõe uma primeira viagem ao litoral, para colocar o papo em dia, cheirar o aroma deixado pelo, transpirar devido ao nível zero, enfim, um dia diferente. E só isto e nada mais. E para surpresa dele, ela não aceitou  a proposta.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Possessivo

           Namorar homem inseguro é mais difícil do que  se possa imaginar. Se você diz ao cara que vai até uma cidade próxima, se inscrever em um processo seletivo, ele já liga o alerta e quer saber o endereço completo, com telefone,  link do edital, já que não quer ter o trabalho  de procurar e a vaga que irá disputar e começa a  interminável ladainha  sobre as regras do relacionamento, e que uma vez rompidas, simplesmente será o fim. Enfatiza que para ele, uma das regras  importantíssimas do  relacionamento afetivo é que não deve haver segredos, que ele não aceita coisas escondidas e que detesta perguntar uma coisa e a pessoa fazer-se de desentendida e pior, ir deixando o  tempo passar, como se ele não tivesse perguntado nada. Não satisfeito, relembra aquela viagem a capital, na qual você lhe enviou um cartão do postal, para ele tivesse uma prova concreta que você esteve lá e até aquele momento não lhe contou o motivo da viagem. Que você postou fotos em suas redes sociais, sorridente, degustando vinho em uma cantina e não disse com quem. E  já quase a perder o controle, completa que quando você identificou, que para ele, uma das regras fundamentais é saber tudo, tudo, tudo..., você simplesmente  silenciou por completo e nunca mais lhe enviou cartões postais e nem postou  fotos em suas redes sociais,  e isto para que? Para não  lhe deixar  pistas de onde esteve, para ele não ficar sabendo de sua vida particular.

          A  repetitiva e monótona ladainha continua com ele afirmando: - simplesmente “eu não aceito.” Que há milhares de homens imbecis que já no início do  namoro  aceitam. Mas com ele é diferente, contar tudo, é uma regra importante do seu  edital de relacionamento seja de namoro ou amizade que ele não namora com mulher que faz segredinhos, em face a pessoa dele. Relembra que quando vocês se conheceram, você já tinha, em uma escala moderada esse terrível hábito de não compartilhar tudo com ele. Que toda vez que lhe indagava sobre a sua família, você  saia com evasivas  ou lhe respondia com mentiras, como por exemplo,  falava-lhe que seu pai era  dono de uma rede de supermercados e que ele descobriu mais tarde que era uma grande mentira. E, assim, coisinha aqui, coisinha ali, segredinho dali e que você fique esperta, porque quando  menos esperar, ele  terminará o namoro  definitivamente e irá procurar uma mulher transparente, que seguirá todas as regras do seu edital para uma vida a dois, que fará tudo certo, correto, sem errar, um fenômeno como mulher e que irá auxilia-lo em seus negócios. Será um primor, que controlará  as contas das empresas, tamanha será a confiança depositada nela. Não haverá outra mulher no mundo, melhor do que ela para exercer as funções de dona de casa, esposa, mãe e companheira de trabalho, será  perfeita, mesmo não sendo uma deusa, e que você, mentirosa e falsa, acabará sozinha, pobre e profundamente arrependida de não ter cumprido as regras do edital dele.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Certo tempo

                          Chega  a uma certa idade em   que  a pessoa já está machucada pela  vida, decepcionada com o ser humano e quer mais é distancia de encrencas, arruaças, picuinhas familiares. Quer mais é viajar, passear pelos parques da cidade, brincar com crianças estranhas, conversar com  os feirantes, reencontrar amigos de infância, colegas da escola primária à faculdade. Se divertir com os sonhos dos jovens que acreditam no amor a profissão  e que  satisfação profissional é mais importante do que o  salário. Esta é uma máxima que somente acreditam aqueles que vivem à custa dos pais, porque quem depende do  pagamento no final do mês para colocar comida na mesa sabe que isto é uma ilusão porque quando a fome dói o amor desaparece.

          Há uma fase na vida das pessoas que elas almejam transmitir o seu conhecido àquelas que elas acreditam precisar  dele para trilhar com mais facilidade  a estrada da vida, se esforça para não esquecer nada e não percebe que a pessoa ouviu por educação  mas não escutou nada.  Então, se retira triste à procura de outro pupilo que possa aceitá-la como mestre. Então, chega uma fase da vida, em que a pessoa compreende que a experiência  é importante para quem vivenciou, portanto, para  o aprimoramento do ser humano, ele precisa   enfrentar perdas  e ganhos, experimentar o que o momento histórico tem para  lhe oferecer.                       

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Dureza

              É duro  o trabalho  do agricultor. Somente quem já enfrentou  o sol ardente e  tempestades violentas  consegue valorizar   o homem do campo. Imagine  você, trabalhando na roça,  plantando tomates, rasteiro ou enveredado em uma área aproximada de uns cinco alqueires paulista, no calor do mês de agosto, em um ano de excelente safra, e que se dentro de uma semana,  não forem colhidos, apodrecerão ao ar livre.  Você tapeia o chapéu na testa  e observa com orgulho a sua roça. Relembra o trabalho que teve durante o preparo do solo, a luta para conseguir mão de obra, o custo operacional, a dívida com o banco, os contratos firmados para a entrega da colheita  para as fábricas, atacadistas  e varejistas. Você pensa em  ampliar o seu negócio,  mas o tomate é extremamente perecível e vulnerável ao tempo, seria necessário uma logística especializa e mais cara o que encareceria o produto.

          A natureza seguiu o seu ciclo e a sua colheita está ali, centenas de milhares de tomates esperando os caminhões  chegarem  para carregar e rodar dia e  noite  para colocar o seu tomate  no mercado. Você fraqueja, pensa que não vai conseguir caminhoneiros  que estão atendendo  os grandes produtores que pagam mais. É desesperador!  O coração bate rápido,você sabe que precisa  firmar os novos contratos rápidos, no máximo oito dias  para colher, carregar, transportar e entregar ao comprador.Você agradece a Deus  pelo ano agrícola que transcorreu  excelente  para todos os agricultores tomateiros da região. Nenhum deles tem uma frota de  uns trinta caminhões para  auxiliar em caso de algum imprevisto. Você  confere se há caixas  suficientes para  embalar toda a produção. Seu coração se rejubila quanto avista a poeira ao longe, é a  primeira carreta contratada  para  levar o seu tomate  para o CEASA, CEAGESP, para ser vendido ao intermediário, que o distribuirá em várias praças. Serão mais de quinhentos quilômetros rodados no frescor da madrugada. Aparecerão intermediários, atravessadores fazendo propostas indecorosas, quanto ao preço, prazo, formas de pagamento. Pechinchando e  pechinchando. Eles não sabem o custo do produto. O desespero toma conta de você  e sentirá seus  olhos  a borbulhar de lagrimas salgadas, a emoção está a flor da pele. Imagina que  o tomateiro amadureceu ao mesmo tempo e não há tempo hábil para a colheita. Está ciente que  perdeu um anos de trabalho e o dinheiro investido em  insumos e mão de obra. Sem catadores, sem  caminhão para o transportes. Tudo está perdido.

          Uma buzina  o desperta do devaneio. A carreta chegou!. Você    a ordem para carregar e o caminhoneiro segue o destino. Você não está tranqüilo, sabe que problemas acontecem em viagens longas. A carga pode estar acima do peso  permitido pela Polícia Rodoviária,  o motorista lhe repassará a multa. O primeiro prejuízo. O segundo vem a seguir, dois pneus estouram, devido ao excesso de peso. A demora em resolver o problema resulta em perda de qualidade  e  os compradores pagarão menos.  Donas de casa reclamarão da baixa qualidade do seu produto. Ah! Se elas soubessem o quanto é difícil colocar um produto fresco   no mercado!      

domingo, 13 de dezembro de 2020

Proseando com a parede

             O  que faz o isolamento social?   Até conversar com as paredes. Eu disse que ia trocar a terapia de – de leitura para a  escrita, porém, esta semana tive muito trabalho extra, preparando a chegada dos meus novos pimpolhos, e já no primeiro dia, identifico o meu primeiro ajudante, sempre aquela criança carente de tudo: beleza física, segurança emocional,  fluência verbal,  espontaneidade e poder aquisitivo e o meu objetivo com esta atitude é que ele sinta-se incluído  e desenvolva as  habilidades que   lhe falta. Estou ciente que as aulas presenciais retornarão em fevereiro de 2021 e já estou trabalhando  o tema para a recepção dos educandos  que será: A paz do mundo começa na escola. Parede,  você sabe o que justifica a escolha deste tema? Não precisa responder, eu sei que as pessoas estão com os nervos à flor da pele e temo uma explosão  de conflitos  com o retorno as aulas, após um ano de  reclusão.

          Com tantas tarefas a serem realizadas, eu caí na escada, por sorte não quebrei nada, mas como firmei com as mãos, elas também estão doloridas e eu vou ter repousar  por uns três dias e aproveito para assistir as live dos artistas e demais profissionais em busca de seus quinze minutos de fama. Sinto falta dos eventos presenciais, até  a despedida do nosso pároco foi virtual. Contradizendo o ditado popular que diz “que ninguém é insubstituível,  posso dizer que este religioso é: Ele é um franciscano autêntico! Humilde, culto,  sábio. Fiel a espiritualidade da Ordem, ele acolhe com sabedoria e respeito as minorias e suas tradições. Foi pioneiro ao levar os festejos de raízes africanas como o Reinado e a Congada para  dentro da igreja e a igreja para o parque de exposição agropecuária em um sincronismo religioso emocionante. Com mais de setenta anos de idade, esbanjando vitalidade, ele celebra, abençoa, participa das missas conga, sertaneja, seminários, lançamentos de livros  e muito mais. Admiro pessoas como ele, que consegue  acompanhar a evolução social sem perder as suas raízes. Infelizmente, são poucas as pessoas, formadoras de opinião que conseguem conviver em harmonia  com as diferenças.

          Aproveitei estes dias em que estava de repouso para reler  o clássico da literatura infantil, que encanta também os adultos, Bambi, do escritor austríaco, Feliz Salten. Os livros precisam repousar em várias mãos para cumprirem sua missão, assim, o doei para a Anita, filha da Tânia, da padaria da esquina. Esta geração  conectada precisa ter  contato com o papel e leituras   mais longas. Acredito que vá gostar, é uma leitura leve, poética e que nos deixa mais ternas. A  sensibilidade do autor ao descrever a  vida na floresta é impressionante! Ele entende os sentimentos  dos animais. O trecho que jamais esquecerei refere-se à despedida do gamo chefe, quando ele diz ao Bambi que lhe ensinara tudo que sabia. Agora estou lendo A mitologia na vida cotidiana. Leitura interessante, porém, cansativa. Estou a pensar em mudar o visual, cortar uma franja, mudar a cor, colocar borgonha, o que você acha, em parede?

          Pensei em enviar um áudio  para a Tereza, falando sobre a minha queda, mas como ela  é ex-futura médica frustrada, por ter abdicado  da carreira em prol do amor, não  exitaria em receitar-me um remédio dispersível, destes  em que pegamos o comprimido, colocamos em um copo com água até a metade, com uma colher,  vamos rodando, rodando, rodando dentro do copo, até o comprimido ficar dissolvido,totalmente. Então, bebemos aquela água, de seis em seis horas e quando a dor estiver passando, aumenta-se  o intervalo para de oito em oito horas até sarar. Como vê parede, já decorei a receita dela. O que faz uma quarentena! Tornar-se-a amiga de infância da parede.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Terça difícil

                Terça – feira difícil! Fui ao Correio postar uns cartões de  natal com a esperança que os  destinatários entendam que não irei a casa deles e também não os quero na minha para os festejos tradicionais. A fila  normal estava quilométrica; agradeci a Deus por  ser idosa e desfrutar do direito arduamente conquistado após mais de 60 anos de  uma exaustiva  labuta para manter-me viva em meio a tantos desmandos dos governos. De fato, a fila preferencial estava  menor e lá fiquei calmamente até a minha vez. Ao dirigir-me ao guichê, ouvi uma voz feminina,  em alto brado “ que a mulher está furado a fila na maior cara de pau(sic)”. Por estar ciente que eu estava  no caixa certo,  não virei para olhar, e fui surpreendida  com ela ao meu lado, questionando o  funcionário sobre a minha presença. Sem graça, ele perguntou  em qual fila eu estava, disse que na fila dos idosos. Ele continuou o atendimento e ela voltou para a fila. Pague o valor devido, retirei o meu cartão do idoso da  carteira, chegue perto da senhora desatenta, mostrei o cartão e disse calmamente: - Veja, eu posso  ser atendida pelo caixa preferencial, é meu direito. Dei as costas e saí calmamente da Agência de Correios.

            Cuidar do jardim é o melhor que tenho a fazer nesta  quarentena  ´pois eventos gratuitos ou a preços populares  estão  proibidos, e ficar, dentro de casa esperando a morte chegar não é nada agradável, assim, observar o  ciclo da natureza sempre a  renovar-se  ajuda a esquecer o quão dura está  a vida  desde que o coranavírus aqui aportou. Saí da Agência dos Correios e fui comprar uns bulbos de dália  e trevo de quatro folhas, ao adentrar à loja, uma  idosa, que pela aparência  deve estar próximo de cem anos, sem a menor cerimônia, tirou a máscara e começou a tossir. Fique apavorada! Fiz as minhas compras, voltei para casa, tomei banho, lavei a cabeça,  passei álcool gel na bolsa e lavei toda roupa que usava  com bastante sabão. Nem estas  medidas profilaxias acalmaram os meus nervos, fui ao mercado comprei limão e açafrão da terra para tomar água com limão e açafrão da terra. Segundo a tradição popular, açafrão  é antiinflamatório e limão contém  vitamina C, que fortalece os anticorpos de defesa. Comprei também rapadura que, segundo os antigos, é fortificante.

       Mais tarde, peguei o celular para  distrair um pouco com as mensagens de WhatsApp e tenho o desprazer de ver apenas coisas assustadoras como o  arrastão na Cracolândia,   na região das ruas Alameda  Nothamann  e na Rua Helvetia, quando os  usuários de drogas quebraram vidros de carros e saquearam motoristas, além de ameaçar os comerciantes. Uma verdadeira cena de guerra e há quem condene a internação compulsória para tratamento. Além da destruição da própria vida, dos familiares, ainda dão prejuízos  aos trabalhadores que tanto  lutam para conseguir  comprar  um carro, um celular. É desanimador!

 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

É comadre

Comadre  vou lhe contar

Os homens de hoje não dão para namorar

Aparecem  para o café da manhã

E também para  o jantar.

 

Querem comida farta e boa

Cama macia para se encostar

Acham que o  banheiro é uma lagoa

Não é exagero, pode apostar.

 

Apreciam o mar pela janela

Reclamam que está calor

Raspam o fundo da panela

E não me trazem nem uma flor.

 

Em tempos de pandemia

Mulher idosa e sozinha

Clamam por uma companhia

E estão cansadas da cozinha. 

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Medo

                     Foi uma noite difícil! O calor estava insuportável e fechar  a janela estava fora de cogitação, mas o vento veio forte e eu não tive outra saída. Esperei em vão pela  chuva que recusou a cair. Dormir foi difícil. Calor, dor de cabeça e sede, levantei várias  vezes para tomar água  e acordei mal: estado febril e moderada dor de garganta. Em outro tempos, um gargarejo  água com sal grosso  e não se falava mais nisso. Mas agora  é diferente! Existe o fantasma do coronavírus e  estes são  dois sintomas mais comuns. Acordei assustada, já tomei  água com limão e açafrão da terra e ainda estão  preocupada. Talvez o cansaço, seja apenas consequência da noite mal dormida  mas a incerteza perdura.   O que fazer agora? Tomar um chá de alho? Procurar uma Upa?  E se eu entrar ruim e sair pior? Acredito que o melhor seja esperar um pouco mais. Por hora, não comentarei nada, mas se os sintomas persistirem, terei que tomar providências e que Deus me ajude.

domingo, 29 de novembro de 2020

E a história se repete

             Durante  as campanhas eleitorais os candidatos  não medem esforços para arrebanhar eleitores e vencer as eleições; discursos eloquentes e promessas faraônicas são características  do processo eleitoral e os eleitores sempre acreditam  naqueles que  prometem mais e juram que amam a cidade e os cidadãos.  Aos jovens, eleitores de primeira, segunda ou terceira viagem, é dado o perdão porque ainda não puderam comprovar que as palavras proferidas em comícios, na maioria das vezes  destoam do orçamento municipal, e mesmo se fosse compatível, em nada adiantaria porque  quando assumem  o poder, o tão falado “ amor à cidade e ao cidadão” converte-se em  frações de segundo em amor ao poder e ao dinheiro. Em nível  federal, o Brasil já vivenciou inúmeras eleições com  “ Salvadores da Pátria,” destaque para Fernando Color,  Lula, Dilma; E a nível municipal, em Praia Grande, SP, surgiu o fenômeno Danilo Morgado, que promete cuidar das pessoas  e enfatiza que dará atenção especial à saúde e ele, com seus discursos inflamados expressando seu amor incondicional aos menos favorecidos será apenas mais um que ficará na história  da política  nacional enquanto  que a realidade do cidadão continuará a mesma: sem  direito à saúde, moradia, transporte, educação e trabalho. É a história de  repetindo....

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Jardim de Rosalina

                  Rosalina sempre apreciou as flores e quando mudou para o condomínio Florada da Serra, de imediato, percebeu como o jardim está abandonado e pediu permissão ao síndico para  cuidar dele com os seus próprios recursos. Comprou terra, semente, adubo, luvas e  começou a trabalhar. Levantava antes do  nascer do sol, revirava  terra, semeava e regava  todos os dias, tão logos  surgiram as primeiras flores, e os moradores descobriram que era a jardineira começaram a opinar e a plantar mudas que traziam sabe-se lá de onde, para irritação de jovem que já tinha um plano paisagístico em mente, e o que mais a irritava, era que os  condôminos não ajudavam  nas regas e menos ainda na compra de  materiais necessários para o saudável desenvolvimento das plantas, além de opinar sobre quais plantas deveriam ser cultivadas. Por ser uma área comunitária, Rosalina esforçava-se o máximo para não entrar em atrito com as pessoas e silenciosamente, arquitetou um plano para que florescesse  apenas as plantas que ela plantou.