Não sei por onde começar! Tanto
tempo sem escrever, teve como consequência, a dificuldade em organizar as
palavras e sentimentos que estão em meu coração, e, consequentemente, na ponta
de meus dedos. O teclado espera, com a calma
das estações do anos, que esperam por três meses, até chegar a sua vez e
o ciclo recomeçar, como sempre foi, desde
tempos imemoriáveis. A rotina massacra a criatividade, falta assunto,
perde-se a capacidade de observar as peculiaridades do dia a dia das pessoas,
que são os temas preferidos dos
cronistas. Às vezes me pergunto: Onde e
quando me perdi, de mim mesma, e me
entreguei a este marasmo?
O
que tenho hoje dentro de mim? Uma necessidade imensa de me desfazer do passado e recomeçar uma vida nova, em minha
cidade natal, morar em uma casinha
branca, com janelas azuis e um imenso
jardim, onde plantarei gerânios, vincas, dálias, açucenas, chanana, jasmim de todas as espécies e cores. No final
da vida é assim, temos sonhos pequenos porque temos ciência que a cada dia, nossa partida para a morada eterna está mais próxima, e é o momento de se reconectar com a terra mãe.
Está difícil desfazer das coisas acumuladas em
mais de sete décadas de vida, não por apego,
mas pela dificuldade em dar-lhes um fim útil. Em um país capitalista, onde o ter é mais
importante que o ser, as pessoas
preferem o superendividamento
a receber roupas e acessórios em boas condições de uso, consideram fora de
moda e não podem ostentar poder de compra. Consciência ecológica funciona mesmo, somente na teoria e em
discursos inflamáveis.