domingo, 25 de junho de 2023

Em busca de mim

      Não sei por onde começar! Tanto tempo sem escrever, teve como consequência, a dificuldade em organizar as palavras e sentimentos que estão em meu coração, e, consequentemente, na ponta de meus dedos. O teclado espera, com a calma  das estações do anos, que esperam por três meses, até chegar a sua vez e o ciclo recomeçar, como sempre foi, desde  tempos imemoriáveis. A rotina massacra a criatividade, falta assunto, perde-se a capacidade de observar as peculiaridades do dia a dia das pessoas, que são  os temas preferidos dos cronistas. Às vezes me pergunto:  Onde e quando me perdi, de mim mesma, e me  entreguei a este marasmo?
            O que tenho hoje dentro de mim? Uma necessidade imensa de me desfazer do passado  e recomeçar uma vida nova, em minha cidade  natal, morar em uma casinha branca, com janelas azuis  e um imenso jardim, onde plantarei gerânios, vincas, dálias, açucenas, chanana,  jasmim de todas as espécies e cores. No final da vida é assim, temos sonhos pequenos porque temos ciência que  a cada dia, nossa partida para  a morada eterna está mais próxima,  e é o momento de se reconectar com a terra mãe.
            Está  difícil desfazer das coisas acumuladas em mais de sete décadas de vida, não por apego,  mas  pela dificuldade em  dar-lhes um fim útil.  Em um país capitalista, onde o ter é mais importante que o ser, as pessoas  preferem   o superendividamento a  receber roupas e acessórios  em boas condições de uso, consideram fora de moda e não podem ostentar poder de compra. Consciência ecológica  funciona mesmo, somente na teoria e em discursos inflamáveis.