sábado, 24 de outubro de 2020

Quer o meu voto? Então vamos conversar

     Deseja o meu voto? Então vamos conversar (I)

Eu quero saber? Você tem um plano para  ajudar a melhorar a alimentação da população carente da periferia,  estimulando  o cultivo de horta caseira? Já conversou com as lideranças das Associações de Moradores de Bairros,  para junto com a população, cultivarem horta comunitária para consumo próprio e o excedente doado aos abrigos de idosos?

 

Você tem um plano para conversar com a liderança das Associações de Bares e Restaurantes, para  fazerem anualmente, na baixa temporada,  um festival gastronômico com pratos a base de frutos do mar?

 

Você tem um plano para conversar com o sindicato das costureiras para criarem uma confecção, uma marca própria,  coleção anual de bermuda, camiseta, masculina, feminina, masculina, infanto/juvenil, adulto e sênior, com estampas da flora e fauna da mata atlântica,  marinha, e pontos turísticos da cidade,  marca mais elegante,  moderna, que possa ser usada  no trabalho, faculdade, lazer, destinada aos turistas de médio consumo,  e com o mesmo corte, uma linha destinada ao público de baixa renda?

 

Você já pensou em conversar com as lideranças religiosas, para  organizar  festas religiosas com  mais qualidade  e divulgação para  estimular turismo religioso?

 

Como pode ver, são ideias simples, exequíves e que não  oneram a prefeitura!!!

 

Você já pensou em construir praças  públicas nas periferias, arborizadas com árvores frutíferas  da mata atlântica, com brinquedo para crianças e aparelho de ginástica para adulto? Já pensou em  orientar o secretário da educação  a orientar as escolas a desenvolverem projetos escolares sobre  o bioma em que vivem?

 

Você já pensou em  conversar com o secretário da  saúde  para ele orientar os médicos dos postos de saúde e hospital  a lutar para curar o paciente e não apenas aliviar os sintomas?

 

Você já pensou em oferecer espaço nas feiras livres, e criar  um stand na orla, lá no bairro Tupi, para os indígenas da região venderem seu artesanato durante a temporada?

 

Você já pensou em um projeto de moradia popular para tirar as pessoas que estão nas APPs, e depois, reflorestar o local com mata nativa?

 

Você já pensou em estimular os munícipes com reformarem suas calçadas com acessibilidade?

 

 

 

 

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Palmas para Rosalina

               Para  amenizar o tédio do isolamento social decorrente da pandemia que teima em não ir embora,  Rosalina decidiu participar de concursos literários com inscrições gratuitas porque ela tem ciência  que não é uma boa escritora e  que não vale a pena  investir o seu suado dinheiro  em algo que não lhe trará retorno financeiro; não é segredo para ninguém que este papo de  “o que importa é a realização pessoal”  é conversa de rico, para o pobre, o que importa realmente é o dinheiro  na mão e as contas pagas.

            Sem pretensão de ser premiada, enviou um texto para um concurso  em Portugal e com alegria, leu o e-mail da equipe organizadora, comunicando-lhe que o seu trabalho fora aceito, e será submetido a comissão de jurados e que todos os participantes aprovados receberão   um certificado de  participação. Para quem sempre ouviu de seus familiares que era uma incompetente,  que não sabia fazer nada direito, que não tinha capacidade intelectual é sim, uma grande vitória e merece ser comemorada.  Sim, Rosalina já é uma vencedora porque ignorou as críticas das pessoas próximas,  enfrentou traumas antigos e arriscou  em algo novo, mesmo que não  receba a premiação em dinheiro, nem a menção honrosa, ela já venceu  medos e deve ostentar com orgulho o seu diploma de participação.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Dia do Professor

                        15 de outubro, dia do Professor.  Este dia é reservado para homenagear  os profissionais responsáveis pela transmissão do  conhecimento acumulado pela  humanidade, para que a sociedade não tenha que estar sempre a começar  do  nada, sempre que necessita de algo novo e também  para desenvolver  as habilidades necessária à vida contemporânea. Esta é realmente a  função do Mestre. Mas com a perda dos  valores universais, esta profissão tão nobre  não é reconhecida  pelos  pais e alunos.  Uma queixa generalizada, daqueles escassos  educandos que almejam absorver conhecimento é que está praticamente impossível aprender em sala de aula em virtude da indisciplina, o professor  perde em média 30% do tempo dispensando ao ensino em chamar  a atenção do alunado, naquilo que  é obrigação dos pais: educação.

Jogar bola de papel nos colegas, colar chiclete nas carteiras, amarrar cadarço dos colegas  na cadeira, pegar material do colega sem permissão, uso indevido do celular, colar bilhetes ofensivos nas costas dos colegas, falar alto, andar pela classe, sair sem autorização. Os alunos esqueceram que a sala de aula é  um local de estudos, não de brincadeiras, e ai se o indefeso Professor decide queixar-se com os genitores, eles se revoltam contra o profissional  e o acusam de caluniar  o filho.  Para um Mestre, estar em uma sala de aula e tão arriscado quanto um soldado na trincheira. Ele não pode dar as costas porque o perigo  vem de  todas as direções. 

domingo, 11 de outubro de 2020

E as semente de paz não germinaram

                     A década de 1960  parecia o prenúncio de um tempo de paz e prosperidade: O lema da juventude era: “Paz e amor”. Há um  ditado popular que diz: Cada um colhe o planta, mas  o vento devo ter levado para outra galáxia, as sementes da paz e do amor que os  jovens desejam que florescesse na amada Pátria brasileira. Sessenta anos se passaram e o que  floresceu foi o ódio, a ganância, o individualismo, a miséria e a violência.  A violência em todas as esferas está mais forte que  as nuvens de  gafanhotos que  ameaçam as lavouras da América do Sul. Disputam com  superioridade de forças as  ervas daninhas, as pragas que infestam as plantações e para    tocar o terror nas escassas pessoas de bem,  a pandemia veio para aflorar  as feridas abertas de uma sociedade que não conseguiu fazer germinar as  sementes de paz e amor tão clamadas na década de 1960.

sábado, 3 de outubro de 2020

Nuances

               Após uma certa idade, a vida torna-se tão repetitiva que  nem se dá conta de que independente do tempo, se sol ou chuva, o corpo segue o piloto automático  e não é diferente com Rosália, que  no auge de seus oitenta anos, acorda às 5 horas da manhã, hábito adquirido   na longínqua infância quando tinha que percorrer a pé, 3 quilômetros para chegar a escola às  07 horas em ponto. Assim, todas as manhãs iniciam exatamente  iguais: após a toalete matinal,  cama arrumada, antes do café da manhã, dedica-se aos cuidados com as plantas  do pequeno jardim.
            Seus olhos nunca cansam de apreciar  as nuances da natureza, que passam despercebidas aos  apressados. Uma folha que cai, uma flor em seu lento desabrochar e as formigas em seu  incansável vai e  vem.  Cai a flor  e nasce a semente e o ciclo recomeça  assim  também é  o ciclo da vida humana, o filho nasce, cresce reproduz e a vida continua, A maior alegria do idoso é ver suas sementes germinarem distante, com outras perspectivas de vida, mas carregando dentro de si, a alma ancestral.
            A vida urbana arrancou o homem do contato direto  com a natureza e  a pior consequência  consiste  na perda da sabedoria milenar das mulheres que durante milênios dominavam  todos os segredos das plantas e seu poder medicinal. Embora desconheça a eficácia das plantas   na cura dos males do corpo e da alma, Rosàlia  se beneficia delas  no cuidado diário e  quando os seus olhos  passeiam    extasiados sob as nuances das cores, os contornos das folhas, flores e caules  e ela se sente feliz e revigorada porque como já dizia   os sábios chineses: “Sempre a primavera, nunca as mesmas flores.” E em seu pequeno mundo verde, Rosália  é feliz porque a leitura da vida se faz com os olhos, sensibilidade e  cicatrizes passadas.