sábado, 29 de outubro de 2022
Sábado é dia de peixe (tainha)
Estou com o
coração partido! Sim, muito dolorido porque estou contribuindo para o
extermínio das tainhas. Tenho ciência de
meu lugar na natureza, sei que sou ponta
de espécie e para que eu viva, outros precisam
perecer. A vida é violenta! Assim
sempre foi e sempre será. De todos os
peixes que já degustei, tainha é o meu favorito e hoje comprei uma bem pequena,
sendo que a espécie chega a atingir um metro de
comprimento, a que foi servida em meu almoço, deveria ter sido devolvida ao mar;
antes de ser limpa, pesou apenas
Cada
tainha desova até 5 milhões de ovos, porém, a chamada safra da tainha acontece exatamente
durante a migração reprodutiva da espécie, na prática, trilhões de ovas foram parar no lixo, porque são capturadas,
há de ver uma legislação que as protejas
durante este período importante para a
continuidade da vida. Isto me preocupa
sim, aprecio a carne da tainha, mas os
cardumes, cada vezes menores e uma pesca desenfreada pode por fim a este
prazer e da espécie. Acho que vou tomar uma atitude séria! Não comprar filhotes!
sábado, 22 de outubro de 2022
Sábado é dia de peixe (budião-vermelho)
Hoje foi um sábado especial porque
o sol brilhou e eu fui participar de um evento relacionado ao Outubro
Rosa/2022. A organizadora preparou tudo com muito capricho, porém, a adesão foi pequena e eu fiz
questão de parabenizá-la no grupo de
WhatApp, para que as faltantes soubessem o que perderam, por preguiça de
levantar cedo. Pela quantidade de
petiscos, era visível que ela esperava mais mulheres para conversarem
sobre a saúde das mamas. De tudo o que
foi falado, o que mais chamou a minha atenção foi a ênfase nos seios e útero,
como fonte de vida, nutrição e poder feminino. A triste constatação é que os
seios estão erotizados e o útero esquecido pela maioria das mulheres. Eu nunca
havia pensando em meu útero como um centro de energia, local onde pulsa o amor e a feminilidade; onde está
guardado o potencial criativo, a verdade
essencial. O ventre materno é a primeira morada e lá estão guardadas as memórias celulares, inconsciente coletivo
e saberes ancestrais. Finda a vivência,
fui à feira livre.
Sábado é dia
de feira e consequentemente, de comprar peixe fresco, de boa qualidade e mais
barato. Hoje foi o dia de budião-vermelho,
um peixe herbívoro, se alimenta de
algas são encontrados no oceano Atlântico
entre
domingo, 16 de outubro de 2022
Remédios que não são vendidos em farmácias e drogarias
Tem gente que não tem desconfiômetro, às seis horas da manhã, enviando mensagem e não é de falecimento. Nota de falecimento não pode esperar porque o corpo do morto tem pressa em retornar ao útero da mãe terra, e como não fala, exala odores que expressam o desejo de partir. Olhei a mensagem já com o coração não mão, pensando de qual amiga eu me despediria para sempre ou na melhor das hipóteses, acompanharia-a ao Pronto Socorro, felizmente era apenas uma mensagem sobre os medicamentos que não são encontrados no comércio legal e menos ainda no clandestino.
E a lista começou falando da importância da atividade física, bem, quem mora em casebres e minúsculos apartamentos, encontram obstáculo para praticar até mesmo uma caminha porque são pobres e isto significa que trabalham muito, enfrentam no mínimo quatro horas diárias dentro de ônibus urbanos, não tem espaço em casa para exercitarem e menos ainda, calçado para enfrentar ruas esburacadas, comuns nas cidades brasileiras.
Comida natural. Impossível para o trabalhador brasileiro que recebe em média, dois salários mínimos comprar comida orgânica simplesmente pelo preço, a grande massa consome somente produtos ultraprocessados e com baixo valor nutricional, e quanto a verduras, legumes e frutas, embora pareçam saudáveis estão repletos de pesticidas e adubos químicos, e quando podem comprar, já que os preços estão nas alturas por culpa da guerra, da chuva, do sol, do combustível e por aí a fora.
Rir. Pois é, este é de graça, mas com as contas atrasadas, cobradores na porta a todo instante, celular sem crédito, faltando remédio no Posto de Saúde, crianças chorando de fome, professores enviando lista de materiais escolares quilométricas, como o cidadão vai conseguir usufruir desta dádiva divina que é o riso?
Sono. Essa sugestão só pode ser oriunda da cabeça de alguma madame que recebe café na cama e tem uma empregada até para lhe oferecer o pijama, na hora de dormir. O trabalhador tem que sair de casa às quatro da manhã para entrar às oito horas no trabalho, sai às dezessete horas, e enfrenta um trânsito pesado, ônibus apertado, tem que passar no mercado, enfrentar fila para pagar a compra ou pedir fiado, preparar algo para comer, tomar banho, aí já são quase meia noite, mais uma dádiva divina gratuita que o pobre não consegue desfrutar, assim como sol, já que quando não está em trânsito, está trabalhando sob luzes artificiais.
Duas boas sugestões: amar e ser amado! Na teoria é fácil, mas no dia a dia do trabalhador brasileiro só há espaço no coração para rogar misericórdia divina para que a sua carga diária seja aliviada e que ele consiga viver até desfrutar de sua aposentadoria, que não lhe proporcionará conforto e lazer, mas poderá ficar no sofá o dia inteiro assistindo televisão.
Gratidão é outro remédio indicado. Ah! Isto o trabalhador tem de sobra. Ele é grato porque ainda consegue levar um pouco de comida para casa com dignidade, enquanto grande parte da população revira lixo em busca de algo para aplacar a dor da fome. É grato por ter o privilégio de se apertar dentro de um ônibus lotado porque ir caminhando ou de bicicleta é impossível em virtude da distância.
Cantar e dançar! Também são bênçãos divinas gratuitas que o pobre não pode desfrutar porque não há espaço em sua residência para dançar e frequentar bailes tem um custo e cantar, os vizinhos não permitem.
Ter bons amigos. Eita dureza! Amigos estão bem vinculados a dinheiro e favores. Se faltar dinheiro, os amigos desaparecerão no ar feito fumaça. Se você deixa de fazer favores, eles somem. Então, posso concluir que os remédios para uma vida plena e feliz existem, mas se não há dinheiro, nem mesmo da luz solar e ar puro, o trabalhador pode se beneficiar.
sábado, 15 de outubro de 2022
Sábado é dia de peixe - (Roncador e Corvina)
Amanheceu com uma garoa finíssima e eu deixei para ir à feira livre mais tarde com medo de ser assaltada porque sabia que as madames não estariam nas ruas passeando com seus cachorros, comércio fechado e não haveria as donas de casa lavando garagens e calçadas, estaria só, a mercê dos meliantes encarnados. Lá pelas nove horas da manhã, peguei as sacolas, meu guarda-chuva e parti. Sábado é dia de comer peixe, um alimento indicado por médicos e nutricionistas, porém, muito caro para o salário dos aposentados, como eu. Sei que você, leitor, deve estar se perguntando como consigo comer peixe uma vez por semana? A resposta é simples: eu não compro o que desejo o que está na moda, mas aqueles que posso pagar e eu gasto no máximo dez reais por semana, com a minha iguaria porque descobri num pequeno cantinho da barraca do peixe, a “mistura” , por apenas onze reais o quilo.
Mas
afinal, o que é esta “mistura”? Nada mais, nada menos do que aqueles peixes pequenos, que são vendidos por
preço único, independente da espécie. E são pequenos mesmos! Hoje comprei
um roncador e uma corvina por apenas
quatro reais, ou seja, dois peixes inteiros não chegaram a meio quilo. Em meu
pensar, deveriam ter sido devolvido às águas,
em virtude do tamanho. Mas é o que eu posso pagar no momento, e enquanto
preparo-os meu pensamento se eleva em gratidão àquele que deu a sua vida para
alimentar a minha.
O
peixe-roncador vive em cardumes em águas
de baías, praias, canais e estuários no litoral sul brasileiro; é carnívoro,
se alimenta de outros peixes e invertebrado e o seu nome peculiar se deu em
virtude dos roncos emitidos quando é
capturado. Ele é valente, luta pela sua vida com as armas que tem: sua força e
seu gogó. É muito saboroso, eu preparei
assado, mas deve ser consumido com cuidado em virtude dos espinhos, assim como
a corvina, originária da América do Sul e é
encontrada nas águas doce brasileiras,
vale ressaltar que o cardume gosta
de águas fundas e turvas, agora, não sei
se é história de pescador, mas dizem que
ela é canibal! Canibal ou não, é uma delícia! E vale a pena
experimentar! Preparei assada,
porém, pode sem consumida em moqueca, frita.
Deixe aqui nos comentários, qual o seu peixe
favorito.
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Meu nome é reclamação
Dizem que existe diferença entre casa e lar. Que lar é o local em que há aconchego, companheiros e amor, e casa é apenas um refúgio de madeira e alvenaria. Então sempre morei em casa, mesmo rodeada de pessoas, nunca me senti conectada com o outro e a solidão, sempre foi minha fiel companheira. A beleza de um lar com decoração da moda, um jardim bem cuidado e fartura no pomar e na horta, agrada apenas aos olhos porque é a doçura das ações que encanta a alma, e isto foi o que me faltou desde a gestação.
Às vezes chego a pensar que pessoas como eu, são predestinadas a carregar um peso transgeracional nesta vida, enquanto para outros, a vida é uma eterna festa, aos olhos de quem sente o fardo de viver nas costas. A minha vida sempre foi transpor um obstáculo a cada dia, sem apoio de ninguém, refugiando na leitura, a terapia que tinha no momento, graças as bibliotecas públicas. Pelo fato de não ter tido acolhimento em minhas dúvidas pueris, enxerguei os livros como mestres que falam diretamente ao nosso coração e em cada página, um ensinamento que carregaremos para o resto de nossa vida. Ás vezes, o livro que estamos lendo, não esclarece a dúvida do momento, mas trás outros ensinamentos e com o avançar das leituras, as dúvidas são respondidas.
O homem organizou a natureza e deu-lhe o nome de jardim, o que é desnecessário porque os vegetais acalmam, não importa se perfeitamente organizados ou alheatoriamente espalhados na calçada, em terrenos baldios. Toda a criação divina acalma, o verde, o vai e vem das marés, o manto azul celestial, e mesmo sabendo que moro dentro de mim, nada disso me alegra. Eu falhei quando permite que os pássaros da tristeza, fizessem ninhos sob minha cabeça, e ainda mais, ao permitir que gerações e gerações de passarinhos continuam a criar o seus filhotes. Admito que sou culpada, pois não me permito levantar os olhos para o céu e contemplar a imensidão do universo, fixo meu olhar no lixo produzido pelo homem, sempre a lamentar a dureza da vida.
Preciso ouvir música de qualidade, música folclórica, que expressa o desenvolvimento de uma cultura. Sei que são as experiências negativas que têm mais impacto para a sobrevivência, a questão que aflige minha alma é encontrar o equilíbrio entre o positivo e o negativo, parece que eu tenho um imã que atrai situações ruins. Pelo que seu, no Budismo, o sofrimento é resultado de três grandes venenos: ilusão, ódio e ganância, tenho os três na teoria, porque na prática, o que realmente eu sou capaz de fazer com eficiência é reclamar e culpar os outros pelos meus fracassos. Falta-me a força e a persistência para lutar pelas oportunidades que circulam por aí. Sonhar com um futuro próspero e feliz, não leva o sujeito a lugar nenhum, é no momento presente que estão as oportunidades de trabalho, o amor e a felicidade.
sábado, 1 de outubro de 2022
Outubro Rosa/2022
Hoje começa a campanha de conscientização para prevenção do câncer de mama com um slogan maravilhoso: “ Quem tem peito tem direito”. No papel parece perfeito, mas para as mulheres periféricas é apenas um sonho o acesso a este direito em virtude da jornada de trabalho diária de oito horas, somada a mais quatro horas em trânsito, e o SUS, em tratamentos preventivos atende somente em horário comercial.
Direito no papel, todos os brasileiros possuem, garantidos pela Carta Magna, e as indígenas, que são as verdadeiras donas da terra, será que sabem que podem usufruir do direito de prevenção ao câncer da mama? Hoje encontrei uma senhora indígena da etnia guarani, que reside na periferia da cidade, vendendo mudas de plantas que colhe no mato e tivemos um papo leve, mas o que marcou o encontro foi a tristeza de saber que para ela, comprar uma sandália no valor de R$40,00, é algo totalmente fora de sua possibilidade.
Eu havia prometido levar um par de sandálias de plástico, para uma pedinte, que fica na entrada, mas hoje ela não apareceu, e para não voltar com o pacote, perguntei a senhora guarani, se ela gostaria de ganhar o calçado e ela o aceitou com expressão de felicidade no rosto. Comentei que havia comprado a sandália por ser bonita e prática para dias de chuva, mas que não havia me adaptado a ela, razão pela qual, estava calçando os crocs, que apesar de feios, são extremamente confortáveis e para minha triste surpresa, ela confessou que achava bonito, porém, caros razão pela qual nunca pode comprar um par. Quase tirei os do meu pé para ela, só não o fiz porque já estão bem gastos. Mas quero fazer uma economia e presentea-lá com um par, neste natal. Que Deus me dê saúde e trabalho para que eu possa proporcionar alegria àquela senhora guarani. Este encontrou mostrou que se o acesso aos direitos constitucionais é difícil para as mulheres periféricas, imagine para a mulher indígena! Outubro Rosa é maravilho o projeto, porém, a realidade de quem sente na pele a morosidade e dificuldades da Saúde no Brasil pode dizer com propriedade. Mulher indígena tem peito, portanto, tem direito.