domingo, 22 de janeiro de 2023

Perda de tempo e dinheiro

                       Como sempre dizem as pessoas sábias: para o pobre, o lazer, mesmo quando gratuito, sai caro. Rosalina que o diga. Ela se inscreveu em uma caminhada, em comemoração ao aniversário da cidade, com a intenção oculta  de ampliar sua área de caça   pois está solta na pista, à procura de namorado, faz mais de um ano. Segundo a caminhante, para ganhar a camiseta era exigido que se fizesse a inscrição pela internet e  imprimisse o comprovante para o dia da retirada, e  por prudência, anotou em sua agenda,  o endereço  e os dias e horários para a retirada da camiseta. Assim ela o fez e lá se foi R$ 2,00  na Lan House.  

       De sua  residência ao endereço indicado,  para usar transporte público, ela teria que passar embaixo de um viaduto, e  para uma mulher,  isto  não é seguro, assim, decidiu ir de Uber, e lá se foi mais R$10,00.   No ato da retirada, ela teve que ser enérgica com o recepcionista que lhe disse em alto e bom tom,  que o prazo já havia expirado, o que foi  contestado por ela com muita segurança, que os dias de entrega eram 16,17 e 18 de janeiro de 2023. Ele bem que tentou  despacha-la, afirmando que foi divulgado em todas as redes sociais municipais. – Senhor, disse ela -  quando fazemos uma inscrição, confiamos  nas informações  do dia, como informei telefone e e-mail, e não fui comunicada, quero a minha camiseta agora, porque confiei na informação, no ato da inscrição, e ninguém  em seu sã estado mental, entra em redes sociais todos os dias para confirmar inscrição. Sem  argumentos, ele lhe entregou a camiseta. Com o objeto do desejo em mãos e por ter um ponto de ônibus em frente, optou retornar de transporte público. No ponto, estava um senhor com aparência de cansaço  e pessoa de baixo poder aquisitivo. Com uma olhada panorâmica na região, viu que o local não era seguro e decidiu puxar conversa com o estranho.

       - O senhor sabe se neste ponto para o 33? Indagou e ele prontamente respondeu. -  Não sei não senhora, eu parei  aqui para descansar um pouco, venho de outra cidade caminhando e já andei uns 20 km, estou muito cansado e ainda tenho que andar mais uns 15 km para chegar ao terminar. O papo morreu aí. Ela apreensiva aguarda com ansiedade a chegada de outro passageiro para lhe fazer companhia, o que não aconteceu  e para piorar, o homem disse que ia seguir a sua jornada, do outro lado,  jovens ciclistas, com atitude suspeita. Por confiar que ele era uma pessoa de bem e com medo que algo  de ruim pudesse  lhe acontecer ela disse: - estou com o cartão, pago para o senhor. Ele  não disse nada, apenas sentou e o silêncio voltou a reinar. Após uns 20 minutos, o ônibus chegou, ela pagou as duas passagens, que totalizaram R$9,80. Acredite se quiser, ele entrou no ônibus e sequer disse um singelo obrigado.

       No caminho resolveu passar em um supermercado, e na entrada, um mendigo lhe pediu dinheiro para comprar comida, ela não deu, mas pelo aspecto faminto dele, dentro de suas possibilidades do momento, comprou um pacote de biscoito de chocolate, no valor de R$ 2,50 e na saído o ofereceu. Ele aceito reclamando que era doce e ele queria algo salgado, e claro, que   não disse obrigado.

       No dia tão esperado da caminhada, combinou com as amigas e  para a local da largada, foi necessário duas conduções e lá se foi mais R$9,80, felizmente  a prefeitura estava distribuindo água. Ao final,  todas com fome, decidiram comer algo e foram a uma  padaria,  e em uma tortinha e uma empadinha, lá se foram mais R$20,00,  e para retornar ao lar, mais R$4,80 totalizando ao final, R$58,70. O evento gratuito que saiu por mais de cinquenta reais,  e  durante toda esta aventura, seus olhos não cruzaram com outros olhos carentes de companhia como os seus. Tristemente ela suspirou: - dinheiro perdido! 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Chocada!!!

               Estou chocada com  a invasão  dos Três Poderes,  em Brasília, por supostos bolsonaristas.  Acabei de ouvir que mais de  um mil e duzentas pessoas já foram presas. Este tipo de  ação foge à regra dos patriotas, foi bastante comum no passado, praticado pelos “encarnados”. O futuro vai dizer se  este ato de vandalismo  que destruiu obras de arte, patrimônio nacional, são de patriotas autênticos ou infiltrados.  A histeria coletiva está dos dois lados, e quando  o fanatismo domina  a mente das pessoas, eles partem para o “o  vale tudo”. Sim, estou com medo do que pode acontecer com  a nossa Pátria Amada Brasil.  E a Imprensa  com uma  cobertura parcial, pode   inflamar ainda mais os ânimos.  Isto não é bom! Que Nossa Senhora Aparecida cubra com o seu manto a cabeça destes  fanáticos e lhes devolva a razão.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Desistência

            

          Lágrimas de  desespero, inércia e  medo de arriscar diante de uma  nova oportunidade são as marcas  de  minha trajetória profissional e pessoal. Diferente de muitas  pessoas que nasceram em um beco sem vida, sem esperança e fé, eu vim ao mundo em uma família estruturada, possuidora de bens imóveis e que  me permitiram estudar até o segundo grau em uma boa escola, porém,  não enxergar o horizonte e não esforçar para alcançá-lo, deixar o desespero ser maior do que a vontade foi culpa minha, somente minha; eu tinha as armas e não lutei e pior, fiz o que é característica marcante dos fracassados e incompetentes: culpei os outros à minha volta.

          Inúmeras noites  passei em claro chorando e ruminando  a minha falta de sorte, quando na verdade, eu que não conseguia agarrar as oportunidades quando elas batiam à minha porta.  Eu tive a oportunidade de ser uma profissional  poliglota, paguei inúmeros cursos de línguas, e  é desnecessário dizer que não frequentei nenhum, que tenho em minha  estante, mais de 400 livros, referente a minha formação profissional, e nunca me dispus a estudá-los, sequer  li a orelha para ver do que se tratava. O valor gasto em compras de livros que estão há mais de 50 anos acumulando ácaro e poeira, daria para eu ter realizado o sonho de minha vida de fazer um cruzeiro internacional.

          Existem  pessoas que nascem  e crescem em um beco sem saída e conseguem romper o muro sair, crescer, semear, florescer, colher os frutos de seus esforços, eu fiz pior, além de  não conseguir vencer, consegui  estacionar no lugar em que meus pais  me deixaram   e aceitei como uma sentença perpétua o meu lugar de incompetente e não fiz sequer o básico para  dar o primeiro passo e avançar um centímetro e  na inércia  reside  a diferença discrepante entre o vencedor e o fracassado. Eu acostumei com o mínimo, em ser humilhada no trabalho por não prestar um serviço de qualidade, acomodar-se também é uma  maneira de desistir, e eu desisti de mim mesma, não sei em qual momento de minha, eu esqueci a coragem, o esforço, a determinação e persistência!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Perdão Celita

               

        Hoje, dia 04 de janeiro de 2023,  Celita está mais viva do que nunca em meu coração, corroído pelo remorso de como eu lhe virei as costas, sim, virei as costas, à pessoa que me ajudou de forma totalmente desinteressada. Ela é eterna   para muitas pessoas graças a sua generosidade, a todos  que dela necessitavam, acolhia-os em sua casa, sem nada cobrar, e hoje, soube que foi internada em uma Vila de Caridade São Vicente de Paula,  pela sua  ingrata irmã, sim, como eu, uma ingrata, porque nós duas fomos acolhida por ela, em nossas necessidades e lhes viramos as costas, agora que está inválida, em cima de uma cama, quase como um vegetal, incapaz de  locomover, ela que corria para ajudar a todos.

        O  inferno é aqui e o inferno tem um nome “remorso” e, por mais que eu seja solidária com estranhos, que estendo a mão sem  esperar recompensa,  estas ações não esvaziam o meu coração do remorso que sinto por ter agido de forma tão infantil e covarde, abandonando a casa dela, na calada da noite, sem dar uma satisfação.  A vergonha que sinto é tão grande, que nem mesmo, sabendo que ela está com Alzheimer,  que não me reconhecerá, não sou capaz de ir visitá-la para lhe pedir perdão  e também para que ela se sinta amada e que toda  a sua generosidade tenha sido   reconhecida.

        Segundo a tradição mitológica grega, em  toda a jornada, o herói encontra o desconhecido enquanto os deus vão sussurrando em seu ouvido  que o maior desconhecido a ser desvendado  mora dentro de nós e esta  é a viagem mais importante e que necessita de muita coragem. Aceito que não sou uma heroína porque não consigo empreender a jornada, dentro de mim, em busca de coragem e gratidão. Celita, peço o seu perdão, porque eu não sou capaz de me perdoar pelo que lhe fiz.

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Conselhos virtuais

                               Ontem recebi de um contato   uma mensagem que dizia para cuidar dos meus sentimentos quando estivesse sozinho.  Confesso que esta doeu no fundo da alma. Quando estou sozinho, o que sinto é um grande vazio interior, parece que  há um buraco sem fim, dentro de mim e que nada mais poderá  preenchê-lo, já que foi cavado em minha infância, pela ausência de amor materno e quando estou em companhia de outras pessoas sinto apenas tédio, clamo pelo convívio social e não o suporto.

            A segunda dica dizia para  quando estiver  entre amigos, ter cuidado com a língua, que fere mais que uma espada. Este cuidado eu preciso adquirir porque as palavras que saem de minha boca  machucam,  sou uma alma ferida e  tenho necessidade de ferir, mesmo sabendo que não aplacará  o meu sofrimento. Ser uma pessoa de pelo menos, um convívio razoável é o  que tenho me empenhado  faz tempo, mas falar é fácil, mas se libertar de um hábito arraigado, de uma vida toda não é tão simples assim.

            Já a terceira dica, esta sim,  é realmente um desafio! Quando estiver com problemas, para cuidar das emoções. Uma pessoa covarde, agi  com moderação frente aos perrengues da vida, mas,interiormente, rumina mais que um boi no pasto. Fica a remoer o que poderia ter dito, ter feito e principalmente, desejando aos  outros envolvidos, todo o azar o  mundo.

            Nada mais difícil para a pessoa  que é oca por dentro do que  reconhecer  que recebeu uma benção  do universo. Estar viva já  é um fardo pesado demais! Por mais que está pessoa tenha ciência que  o fato de ter nascido perfeito e com saúde, são duas grandes dádivas,  assim,  reconhece somente as conquistas matérias que pode ostentar entre a vizinhança,  luta para ser notado pelo que possui e não pelo que é, já que o vivente tem a ciência que não foi, não é e jamais será amado pelo mãe e a  culpada de toda a sua infelicidade na terra  é a  sua genitora.

domingo, 1 de janeiro de 2023

Sou minimalista

        Sempre sou acusada pelas pessoas de meu convívio que sou uma pessoa racional, que deveria deixar a calculadora de lado e deixar a  vida fluir. É  bom esclarecer que recebo estas críticas de pessoas que  não conseguiram por conta própria adquirir o mínimo que a o ser humano precisa para envelhecer com dignidade: uma casa própria, um convênio médico e um carro. Estão sempre atoladas em dívidas como no nome no Serasa, sempre a pedir dinheiro emprestado e  devolvendo compras no caixa porque o cartão já estourou o limite, e  com revezamentos de contas pois nunca consegue pagar todas nas datas de vencimento. Eu, que recebo menos, estou com as contas em dia, moro em casa própria, faço uma viagem por ano e se eu quisesse, já teria o carro, estou fazendo um estudo da relação custo - benefício, para ver se  vale a pena.

                Faço contas sim! Vejo onde posso economizar, sem comprometer o meu conforto. Sei e diferença entre  exagero e necessário. A maior lição que  recebi sobre econômica doméstica, curiosamente, não veio de um educador financeiro;  em um livro, de um Dalai Lama, aprendi a  refletir com seriedade sobre o que eu quero e o que eu preciso. Querer,  eu quero tudo que é caro, bonito e gostoso. Caro,  apenas para ostentar para pouquíssimas  pessoas, que sei que são honestas, caso contrário, serei assaltada, então não necessito do objeto de desejo, pois  viveria aos sobressaltos, gastando dinheiro em segurança  com receio de ter a minha casa invadida Bonito, existem coisas belas, de qualidade  e que valem quanto cobram, ao contrário de  outras que se paga “marca”, depois  desta simples descoberta, nunca mais sofri  por almejar  algo acima de  minhas posses, por impulso ou modismo. Gostoso, nem tudo que  tem sabor agradável, é o melhor para a saúde, hoje priorizo procedência e qualidade dos alimentos que consumo e como para viver, não vivo para comer, consequentemente,  minha saúde melhorou

                Faz tempo que  não discuto com pessoas sobre  o meu estilo de vida minimalista, vivo com o mínimo possível, porém, com qualidade de vida e conforto. Mudei meus hábitos aproximadamente  uns quarentas anos, e aqueles que mais criticaram as novas opções de vida, como dormir e acordar com as galinhas, alimentação saudável, nada de bebidas,  cigarros  e demais guloseimas, que enchem barriga e não alimentam, estão sete  palmos abaixo da terra e as sobreviventes, estão dependuradas  nas farmácias populares e do SUS. Já eu, estou com todas as contas em dia, reservas   para emergências, com saúde e praticando muita atividade física.

Criaturas infelizes

          Na terra, todos os dias nascem crianças e  cada uma delas, em uma determinada região que está inserida em uma cultura local arraigada que convive em harmonia com a cultura externa, que  adentra a todos os lares graças a tecnologia. Umas chegam ao mundo  graças ao avanço da medicina que consegue efetuar uma fecundação in vitro, foram desejadas e mesmo antes de verem a luz, são amadas incondicionalmente pelos pais que lutaram para tê-las;  outras pobres e indefesas almas são abortadas pelas próprias mães, que negligenciariam  os modernos métodos contraceptivos e não querem  assumir a responsabilidade com a nova vida, por inúmeras razões. Outras infelizes, foram permitidas nascer, o que não quer dizer que foram bem recebidas e cuidadas e por toda a vida carregam uma culpa que não lhes cabe: a de ter nascido.

                 Bebês nascem todos os dias desde sempre, assim sempre foi e sempre será até o final dos tempos da vida terrena. Apesar da gama de circunstâncias em que veem ao mundo, nenhum recém-nascido pergunta se viver vale  a pena e se ele é merecedor  da dádiva da vida. Ele quer apenas  que as suas necessidades imediatas sejam atendidas  com rapidez e presteza,  caso contrário, haja ouvido para aguentar a choradeira. Alguns  são abençoadas, e ao primeiro choramingo,  mãos amorosas e voz doce estão prontas para acalentá-los, enquanto  outros infelizes, conhecem   logo após o nascimento a outra face da vida:  não  são atendidos quando  precisam que as suas necessidades sejam atendidas, e quando o responsável pela frágil criatura de  dispõe  atendê-lo, maltrata-o e  no berço, conhecem a  solidão, que será a sua  fiel companheira por toda a vida.

                Estas infelizes criaturas que os seus genitores apenas permitiram nascer, e não se dispuseram a criaram  com amor e carinho, são apenas vistas, nunca ouvidas, são um peso, uma boca a mais para alimentar e tão logo as condições físicas permite, a elas são atribuídas tarefas que deveriam ser de responsabilidade dos adultos, isto na melhor das hipóteses, porque como  podes ver, caminhando pelas ruas da capital,  muitas estão ao Deus dará, revirando lixo em busca de comida e dormindo na calçada, entregue a divina providência, que também  se esqueceu destas  pobres  e indefesas almas. E  na  fase da vida  que deveria ser a mais bela e feliz, o alicerce da vida adulta é construído  apenas com abandono, fome, tristeza, insegurança e medo e  com todas estas  necessidades não atendidas, elas não desenvolvem a habilidade para identificar um padrão sobre o que merecem e viverão até o final de seus dias em sofrimento.