quarta-feira, 18 de abril de 2018

Cultura empoeirada

               
             Romper com o passado profissional é difícil,  principalmente  para os profissionais do magistério, que levam serviço para casa  e, em virtude da peculiaridade da função, acumulam  excesso de material durante os longos  vinte cinco anos de  árduo trabalho.  A profissão exige aperfeiçoamento constante em conteúdo e   novas tecnologias. No século XX, até a década de 1990, reinava  o mimeógrafo, que pode ser considerado o avô das copiadoras modernas.  Era manual e funcionava com o auxílio de uma manivela. O sofrimento maior era do professor, que  datilografava ou escrevia a prova  em uma folha conhecida  pelo nome de estêncil ou matriz, que continha  um carbono. Com a parte escrita voltada para cima, a folha era colocada no entorno do rolo do aparelho, onde havia um tipo de uma esponja que era  umedecida com álcool e o texto  aparecia do lado oposto da folha, com  aquele cheiro  peculiar de produtos derivados da cana-de-açucar. E o carrossel de slides?  Era tecnologia de ponta e os educandos ansiavam  pelas aulas em que os mestres, apresentavam imagens projetadas na parede. Hoje os tempos são outros! Os  estudantes estão saturados de  imagens oriundas das redes sociais, internet, que sequer prestam atenção quando o mestre  faz projeções.  Ele passa horas, preparando    uma aula  com  imagens em PowerPoint para apresentá-las para as cadeiras. Novos tempos!
                Profissionais da educação tem por hábito carregar qualquer papel que possa  enriquecer a sua fala, melhorar a sua argumentação com a galera  jovem e questionadora. E, assim, lentamente, a estante vai acumulando poeira e papéis. A cada três anos, recebem  coleções de divulgação  das editoras, compram  livros em feiras  e bienais. Quando chegam  o momento  da aposentadoria, o estoque é grande e é preciso   esvaziar as prateleiras. O que fazer com  tanto material?  E assim, começa uma nova jornada, selecionar o que é lixo,  o que pode ser reciclado e o que está em  bom estado para doação. Quais colegas irão receber o material? È hora de sair atrás de profissionais que estão ingressando ávidos de novidades e  experiências.
                Durante a seleção, com tristeza o profissional  percebe que poderia ter feito uso melhor de todo o material  que esperava silenciosamente,  para ser compartilhado com a juventude. Mas ficou ali, parado, talvez porque o professor nem sequer lembrava  que  possuía   ou   o cansaço   sugava toda a sua energia e ele não tinha forças, para enriquecer as suas aulas e, tristemente entrega ao novo dono, que sorri e agradece dizendo que irá usar tudo, mas o veterano sabe que, passado o entusiasmo,  tudo irá para a estante, onde permanecerá por mais vinte e cinco anos. Agora, com as novas tecnologias, é copiar e salvar. Acumular tudo no computador, para posteriormente  enviar à um colega iniciante  ou simplesmente, deletar. E os papéis? Toda cidade agora tem  serviços de reciclagem, o destino certo de tanto saber é o caminhão da prefeitura responsável pela limpeza urbana.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Maria – sem- vergonha de Madagascar


      Acredita-se que seja nativa de Madagascar e como ela chegou ao Brasil, não se sabe. Fato é  que aportou nas  terras do  pau Brasil, se adaptou bem, e alegra casas, jardins, terrenos baldios, calçadas, já que é uma planta rústica, que cresce em qualquer fresta em muros e floresce em abundância, generosamente: flores brancas, rosas. A singeleza das cinco pétalas   transmitem alegria e encantam as pessoas com um mínimo de sensibilidade.
          Seu nome científico  Catharanthus roseus (L.) G.Don, porém,  entre a população é conhecida como:Vinca, vinca-de-gato, vinca-de-madagascar, boa-noite, bom-dia, Maria-sem-vergonha, mulata na sala. Não importa como é conhecida nem de onde veio e, sim, que cresça e floresça, principalmente no cinza das calçadas frias, mostrando ao transeunte cansado, desanimado, que  sempre é possível renascer e florir,  sejam quais forem as circunstâncias.
Bem -  vinda seja  Maria – sem- vergonha de Madagascar!