domingo, 27 de março de 2016

Quinquilharias



Hoje comecei bem o meu dia!  Estou com a mesa limpa! Sem nada!  Para mim,  é  motivo  de orgulho já que eu tenho uma  habilidade inacreditável para  juntar quinquilharias e deixá-las  por tempo indeterminado sob a mesa de jantar, sendo obrigada a fazer as refeições à moda caipira com o prato na mão.
As pessoas acima do peso,  sempre iniciam a dieta na segunda-feira e na quarta-feira, já não lembram mais da promessa e, no domingo, a renova com a convicção de que  vai levá-la adiante desta vez. Inconscientemente, sabem que não vai cumprir a promessa, mas tem assunto  com os amigos, família e alimenta a esperança  de conseguir o corpo ideal, como determina a ditadura da moda  que associa  felicidade a um corpo de acordo com o  cânon  grego  escrito pelo escultor grego Policleto séc. V a.C.  Ao  contrário das eternas esperançosas de um corpo perfeito, eu vou cumprir  o meu juramento e manter a minha casa um brinco porque descobri que as atividades domésticas queimam  calorias e assim, economizarei o dinheiro da academia, da diarista  em algo prazeroso como ir ao cinema, teatro, visitar uma amiga distante  e outros pequenos prazeres que, em tempos de crise tem um valor incalculável.
Além do ganho no corpo, quero desocupar espaço e livrar-me das quinquilharias acumuladas em mais de meio século de vida. Todas as semanas eu tenho desfeito de papéis que estão comigo há  mais de trinta anos. Estou dando a eles, uma utilidade digna: Enriquecer scrapbook de alunos carentes da Rede Pública. Semanalmente, faço uma doação a uma professora de arte, que tem  consciência  da importância da beleza para o refinamento do caráter do individuo. Em tempos de perda de valores e distanciamento do belo, encontrar uma profissional comprometida é um achado que deve ser apoiado e, de bom grado, tenho feito isto, desovando cartões postais publicitários, reportagem  artísticas,  folder de exposições, coisas que eu nem lembrava de tinha e, nos últimos  anos apenas acumulavam ácaro e traças, e eventualmente alguma horripilante barata, apesar dos meus esforços para combatê-las com K-Othrine, veneno perigo e poderoso no combate a pragas externas, que insistem em fazer do meu lar, sua moradia eterna. Neste produto, você pode confiar, como diz o slogan  da Empresa fabricante, “ Se é  Bayer é bom”. É  uma opção inteligência, mas com extremo cuidado no manuseio.
Morar   em prédio, no térreo tem suas vantagens e desvantagens. Próximo da energia telúrica da terra, temos que conviver com os filhos da terra  e, que, na natureza, são fundamentais para o equilíbrio do ecossistema como a barata  que se alimenta de restos de animais, excrementos de aves e vegetais, lá, ela dá a  sua contribuição para manter a floresta viva mas, nas cidades, são verdadeiras pragas urbanas, vetores de doenças como hepatite A e febre tifóide entre outras.
            Caro leitor (a), dedicar-se aos  afazeres do lar tem suas vantagens: economia, queima de calorias, afastam possíveis doenças transmitidas pelos insetos invasores e, ao se desfazer das quinquilharias pode-se encontrar surpresas agradáveis  como uma frase de Albert Einsten,  escrita no catálogo de divulgação da   Exposição Albert Einstein: O Personagem do Século,
" Nunca considere o estudo como uma obrigação, mas como uma oportunidade de penetrar no mundo maravilhoso do conhecimento"
Albert Einstein

            Amélia Justina, março de 2016

quarta-feira, 16 de março de 2016

A força do Aedes aegypt

            A  história milenar dos faraós encantou, encanta e encantará o mundo por centenas de milhares  anos ainda,  se o Aedes aegypt  permitir.  Este egípcio nato  desembarcou em terras brasileiras determinado a  criar a dinastias dos invencíveis.  Registros afirmam que ele viajou nos porões   de navios negreiros no século XVIII  e foi se espalhando pelas regiões tropicais. Atualmente, no  Brasil ele é encontrado em todos os estados.
            O legado cientifico do Egito é grande, destaco a geometria, medicina, astronomia, engenharia civil, naval e hidráulica e tantos outros conhecimentos que, de tão incorporados à  cultura brasileira  as pessoas pensam que são criações nacionais.
             O poder e luxo dos  antigos faraós  hoje são apenas atrações turísticas e fonte de pesquisa de antropólogos e arqueólogos, mas, o  pequeno mosquito continua  formando dinásticas poderosas pelo mundo, diante da inércia das pessoas que, perderam a capacidade de cuidar do espaço em que habitam.
              Querendo, até um criança é capaz de vencer    as fêmeas forasteiras, ávidas para deixar uma prole numerosa em qualquer possa d’água.  Não deixe água parada, vire as garrafas, troque a água dos animais domésticos, coloque areia no pratinho das plantas, deixe o agente adentrar á sua residência, são palavras repetidas a exaustão.
             É  difícil entender, como as pessoas em plena Era do Conhecimento, de posse da informação, não são capazes  executar a  ação. Assim, o pequeno mosquito vai mostrando a que veio, que é mais forte que  o país inteiro. É um inseto adaptável, aprecia sangue humano, transmite a dengue,  a febre Chikungunya e o terrível Zica vírus,  acusado de ser  um dos responsáveis pelo nascimento de crianças  com microcefalia, inocentes condenados a uma vida de limitações.
            Volto à questão: por que as pessoas não conseguem cuidar do espaço que  habitam? De que adianta o  fumacê passar  uma vez por semana, se dentro das casas há  incontáveis criadouros de Aedes aegypt ?

Amélia Justina, março de 2016