Faz 75 dias que o acordar esta
diferente neste isolamento social apocalíptico. Antes da pandemia, o despertar
nos domingos era animador! Abria-se as janelas para ver o tempo, consultava o saldo
na conta e programava-se o dia de
acordo com a situação financeira e do tempo. Agora não, a rotina é outra: abrir
os olhos, as cortinas e olhar até onde a
vista alcança, procurar uma programação mais leve na televisão e providenciar
um almoço diferente com o que se têm nos
armários. Quem tem família, nada de convidá-los para desfrutar os prazeres da
mesa enquanto se joga conversa fora. Agora é a solidão de não poder correr no parque do Ibirapuera, andar pela Av. Paulista,
repleta de atividades culturais gratuitas e gente de todos os cantos da cidade
apreciando o que de bom a cidade oferece à população. Agora, cada um de nós, têm
dentro si novas preocupações e o estresse constante do lava as mãos, limpa os
sapatos, troca de roupa, toma banho, use máscara, não toque no rosto,
principalmente nos olhos e subitamente, estamos sendo forçados a abandonar hábitos milenares e aprender
novos em tempo recorde para que possamos nos manter vivos.
A
cada amanhecer, um pouquinho de
tristeza vai-se acumulando lentamente na alma e o marasmo propiciado pelo
isolamento social não nos permite sentir alegria, serenidade e esperança em
dias melhores porque as notícias não são animadoras, as horas parecem infinitas e a falta de perspectiva em dias
melhores em curto prazo parece cada dia mais distante. Alguns
privilegiados ainda conseguem, ás vezes, acordarem dispostos e produtivos, e, outros,
dispersos e errantes. Aqueles que ainda restam forças para lutar, apelam para a
arrumação dos armários, que digam-se de passagem, já estão limpos e
organizados, porém, é preciso arrumar algo com que se ocupar porque não há mais
nada a ser conversado e a programação da TV, parece cada dia mais repetitiva, e
não há como deixar de pensar que felizes
sãos os animais ruminantes, que precisam de um tempo diário para ruminar,
atividade que acredito, ajuda a passar as horas e o tédio. Felizes são os jovens que estão descobrindo o mundo e ainda conseguem ouvir música horas seguidas e assim irem
matando o tempo, para começar tudo no
outro dia se os pais os permitirem.
Fico horas pensar o que pode ser mais suportável: sair para
trabalhar e estar mais sujeito a
contaminação durante o trajeto e também na empresa, ou ficar em casa
aparentemente protegida, apenas lutando freneticamente, para que o inimigo
invisível não adentre ao lar trazido pelas
embalagens ou mesmo pelo ar e pelo tédio
consequência do distanciamento social? Não sei quem está mais sereno se é o que fica ou o que sai! O inimigo invisível está em toda parte e ele democrático e cruel, não escolhe classe
social, etnia e faixa etária, quer
apenas um hospedeiro, onde possa crescer
e multiplicar cada vez mais porque esta é a lei da vida do vírus que está no topo da cadeia alimentar. Muitas
pessoas perecerão e esta
certeza angustia a todos porque ninguém sabe
quem será o próximo a morrer porque muitos sobreviverão e esta incerteza faz
com que a maioria das possíveis vítimas não procuram reconciliar-se com os seus
desafetos na esperança que sobreviverão
a mais está provação: Mais do que maratonas de leituras, séries e limpeza, é
essencial se preocupem com uma alimentação
saudável, uns vinte minutos de sol e muita água para melhorar a imunidade e ter
assim, uma forte defesa natural contra o inimigo que vai chegar, apenas não se sabe dia e horário.
Domingo,
31 de maio de 2020
16h
43 minutos
Temperatura
24º
Umidade
relativa do ar´70%