terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Pequena felicidade


          Rosalina acordou animada e apreensiva, dois sentimentos contraditórios, mas normais em situações como a dela, que ficou imobilizada vários dias e agora, em fase de recuperação,  quase não depende mais da caridade alheia para  resolver as pequenas tarefas domésticas. Ela que sempre foi uma pessoa independente e que sempre preferiu ajudar a ser ajudada, dar em vez de receber está feliz porque consegue sair á rua sozinha e  carregando sacolas leves.
          Ir a padaria e ao varejão de frutas, antes uma tarefa obrigatória e tediosa, hoje executada com alegria. A  felicidade de poder andar, mesmo que devagar, apoiando em uma bengala, mas andando na rua, sentindo o calor do sol em sua pele, o vento soprando  em seus cabelos, até as árvores das calçadas estavam mais belas  e verdes e lhe pareciam sorrir e  dizer-lhe: bem-vinda seja a vida fora de sua prisão domiciliar.
          Após a experiência da imobilização, Rosalina compreendeu que  roupas da moda e caras, bailes, barzinhos são coisas tão pequenas diante do contentamento de estar  com a saúde perfeita e poder simplesmente, caminhar sozinha pelas ruas da cidade. Liberdade! Liberdade! Nada a deixara tão feliz do que, finalmente ter domínio do próprio corpo para  locomover-se sozinha.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Amor finito

                           
          Para alguns jovens inexperientes, pode parecer algo impossível de acontecer, mas é  fato incontestável: o amor acaba e por várias razões. A  criança que devotava um profundo amor aos seus, porém,  no decorrer de sua vida, ouvia deles apenas palavras de ofensas e desvalorização de sua pessoa, lá pelos  trinta anos, apenas convive com eles por obrigação moral, caso seja uma pessoa religiosa e temente  a Deus ou se  depende financeiramente deles.  Em casos de filhos que não temem as leis divinas e  bem sucedidos profissionalmente,esquecem seus genitores, trilham outros caminhos e sequer levam os netos  para  desfrutar da companhia dos avós, não por temer represálias dos velhos, mas porque não consegue associá-los a  carinho e afeto e esperam ansiosamente a morte deles para apossar da herança, e na  falta dela, também almejam a partida deles o mais breve possível, temendo  gastos futuros com as doenças características da idade que possam  dilapidar o patrimônio  arduamente conquistado.
          Quem não pensou  que fosse morrer, com o término do primeiro amor, aquela paixão avassaladora, que o fez enfrentar os pais, afastar-se dos amigos, perder um ano escolar e de repente, em uma noite de lua cheia, ouviu-se da pessoa amada, é o fim do nosso amor, você é  uma pessoa maravilhosa, mas eu encontrei outra melhor do que você , e tenho certeza, que encontrará outra melhor do que eu. Nesta situação vale tudo, atirar pituca de  cigarro na rua, devorar  barras de chocolates, taças e taças de sorvetes, de vinhos e deixar-se dormir em uma mesa de bar. Fim de um amor é doloroso!
          São tantos os amores que se tem nesta vida e tantas as maneiras de terminá-los.  Ah! Os sonhos profissionais! Quantas pessoas, desde a adolescência sonharam com uma determinada profissão,  não puderam aproveitar a juventude porque os seus dias eram consumidos debruçados sobre os livros, estudando e estudando, para as provas do ensino fundamental, médio, para o vestibular e Enem, depois novamente as provas, nos cursos universitários, enfim, o primeiro emprego, na área que escolhera e dedicara anos de sua vida. Felicidade  plena, não somente pela independência financeira,  mas pela realização profissional, pelo prazer da conquista, pela expectativa de  mudar o mundo e  do convívio com pessoas inteligentes e amigas. Não são necessários mais de cinco anos, para que o incauto perceba que as mazelas da vida estão em todos os ambientes e classes sociais. Os assuntos  sempre giram em torno de  dinheiro, questões familiares, doenças e lazer. Muda-se o local e o valor,  mas a essência do assunto, não. Assim, um mundo tão arduamente  conquistado, devagar vai se tornando na mais tediosa rotina e o amor ao trabalho acaba, torna-se apenas uma obrigação necessária para viver em um sistema capitalista.      
          De todos os finais de amores, o mais triste é o fim do amor pela vida.  Quando se perde o amor à própria vida,  a esperança parte na velocidade da luz e a tristeza toma posse do coração da pessoa que perdeu a fé em Deus, na natureza, nas pessoas, assim, abre-se a porta  para tormenta.
          Tão certo quanto às estações do ano, amores nascem e morrem  constantemente, é como as  sementes quando  lançadas ao vento, podem  germinar em lugares incertos e inóspitos e também perecerem em terras férteis. Assim sempre foi e sempre será porque amor pleno e feliz, somente no paraíso bíblico, aqui na terra,  é a eterna busca pela felicidade  no prazer de amar e ser amado.

domingo, 26 de janeiro de 2020

Angústia


          Amanheceu um lindo dia! Sol e uma leve brisa; os pássaros não estão economizando em seus trinados. A temperatura está amena, enfim, um dia propício para  concentrar-se  nos estudos, mas Rosalina não consegue, já se passaram quatro horas desde o amanhecer e tudo que fez foi andar de um lado para outro, beliscar tudo que está disponível no armário e na geladeira, vendo mensagens medíocres no celular, andando de um lado para o outro e nada.
          Participar de uma palestra com um coaching renomado, não fez a menor diferença em  sua  procrastinação crônica, ela tem ciência do que precisa ser feito, mas não consegue. Até a sua mente lhe boicota quanto ao horário certo para tomar o seu floral, mais uma tentativa de  conseguir sair desta inércia que tanto a faz sofrer.
          Rosalina quer mudar de vida, dar uma turbinada em  sua vida profissional, amorosa e de lazer. Ela tem tudo a seu favor: Tempo  para procurar emprego e para estudar, mas não  consegue sair do lugar, sempre a lamentar, a culpar os outros. As palavras do coaching ressoam em sua mente: “ Tudo o que você precisa fazer é mudar as suas crenças, trocar  os assuntos  inúteis das redes sociais, por palestras construtivas”  Ela tem as ferramentas, ela tem o conhecimento, por que não consegue colocá-lo em prática? Por que ela não consegue  livrar-se desta angústia, da vida medíocre que leva, se está em suas mãos a possibilidade de mudança?  Informação, tempo, internet de boa qualidade, dinheiro  para condução, são a combinação perfeita  para sair da estagnação! Por que será que Rosalina não consegue usá-las?  A  sua  incapacidade de lutar pelos seus objetivos tem lhe  gerado uma angústia que a torna mais  incapaz ainda. O único fio de esperança que lhe resta á vontade de mudar, por mérito próprio, porque milagre  é coisa dos tempos de Cristo.
           

sábado, 25 de janeiro de 2020

A recuperação

                  
          Faz exatamente  dez dias que Rosalina tropeçou e caiu em um degrau, no interior da Igreja  do mais célebre mártir hispânico  “São Vicente Mártir”,  Vítima da perseguição do imperador Diocleciano. Sobre a história do Santo, Rosalina nada sabe, ela não foi à matriz por devoção, mas para apresentar a arquitetura do século XVI ao seu affair, que tem formação acadêmica na  área.
          O roteiro turístico frustrado, o amado partiu e ela ficou só com as suas dores físicas e da alma. Apesar da decepção e sofrimento, ela não está triste porque o acidentem  fez com que ela descobrisse quem são realmente os seus amigos verdadeiros e os interesseiros.
          Sozinha em seu apartamento, se virando como pode, já que tem ordens médicas que determinam repouso absoluto, ela reflete sobre o valor da amizade, apenas  amigos lhe prestaram solidariedade  e de fato, a ajudaram durante o período de convalescença.  Rosalina fez questão de postar em suas redes sociais, fotos suas  com gesso na perna, para que seus familiares, a quem no passado ajudou financeiramente, pudessem ver a sua situação e retribuir parcela do que  receberam, quando precisaram. Com lágrimas nos olhos, relembra que durante mais de dez anos,  60% de seu salário era enviado à sua irmã, que sequer,  postou uma mensagem de melhoras .

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

A queda


          Rosalina estava feliz! Acreditava que, finalmente, encontrara  um parceiro para alegrar a sua velhice. Depois dos 60, nenhuma mulher  com saúde mental em perfeito estado sonha com um grande amor, isto é uma ilusão da juventude, com propriedade, dizem elas. Quando se entra  na idade do “condor” com dor nas costas, nas mãos, no estômago e por aí afora,  elas percebem que o  que realmente importa em um relacionamento é o respeito e companheirismo, já que até a libido costuma veranear em outras pastagens.Com grande expectativa, aceitou o convite do  affair, para passar o uma semana em São Vicente, SP, cidade, cujo lema é: Célula Mater e  que também  convive tranquilamente com os apelidos: A Primeira Vila Brasileira, Cellula-Mater da Nacionalidade e Berço da Democracia  nas Américas. Hospedaram-se em um kitchenette bem pequena e com mobília em péssimo estado, mas nada disto importava,  a companhia é que faz o ambiente suspirava.  Como não conheciam a cidade, traçaram o  roteiro turístico com base em informações de  visitantes e moradores,
          Mercados Municipais costumam ser uma atração peculiar em  várias cidades e logo, o passeio do casal começou por lá, e de imediato, a primeira decepção,  estabelecimento comercial que  em seus dias de gloria fora  o centro do abastecimento local, encontra-se em plena decadência, uma grande perda cultural e comercial. O segundo a local a ser visitado seria a Casa Martim Afonso, a primeira fortificação da cidade e há quem diga que também, do Brasil.  A construção atual preserva uma parede da original; especula-se que teria sido erguida  nos primórdios dos  século XVI, pelo  Bacharel de Cananéia, antes da chegada de Martim Afonso, o local é considerado o marco zero da cidade. A visita a este monumento histórico não aconteceu.
          Enquanto se dirigiam à Casa Martim Afonso, Rosalina avistou a igreja matriz e lá adentrou, enquanto seu companheiro fotografava os arredores; absorvida em  especulações sobre quem eram  as pessoas  sepultadas no interior da igreja,  não percebeu o degrau e caiu. Sem conseguir levantar, gritou pelo  parceiro, e não ouviu resposta, quase a entrar em desespero, ouviu uma voz suave, porém firme, perguntando se precisava de ajuda, virou a cabeça e viu duas mãos estendidas. As mãos amigas, no momento certo,  o seu anjo da guarda em forma humana, ela não o tinha visto antes, e ali estava ele, amparando-a. O passeio terminou no Pronto Socorro, pé imobilizado e orientação de repouso mínimo de quinze dias.
          De volta para o seu lar, Rosalina fica sonhando com os lugares que deveria ter visto em companhia de seu affair, a Biquinha de Anchieta, local onde  o religioso  catequizava os índios, a feirinha do doce, e as self  com a estátua do Ipupiara,  para postar nas redes sociais? Apenas mais um desejo não realizado porque agora em repouso, tem por companhia, apenas a sua fiel companheira:  a solidão.  O seu affair retornou à sua cidade, ao seu trabalho e a vida segue e Rosalinda, se recuperando de uma queda, em um pequeno de degrau que lhe causou tanto transtorno e  sem esperança que ele  volte a visitá-la.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Esperando a hora chegar


          A  melhor fase da vida, sem a menor dúvida é a infância, quando se vive apenas o momento e há prazer nas pequenas descobertas diárias, Inicia-se as  perguntas o que é? Depois vem a fase do para que serve? E assim  vai  assimilando a cultura, moldando a personalidade  até chegar a fase do nada aqui presta, tudo que não é meu é o melhor e, para alguns rebeldes sem causa, é hora de ir à luta em busca dos sonhos, que estão longe de ser a construção de uma família unida e feliz, mas dinheiro, festas, prestigio social. Infeliz é aquele que escolhe este caminho!
          Investir toda a energia  na vida laboral  produz uma euforia  temporária porque é uma fase relativamente curta, se comparada com a soma da infância, adolescência e aposentadoria. É  a fase dos egos inflados, rodeados de colegas  falsos, que bajulam  muito, na expectativa de uma indicação; interesses pessoais, disputas prevalecem  enquanto a amizade sincera é negligenciada. Mas o tempo passa, o corpo cansado pede repouso, aposentadoria chega, e com ela, a doença, a  carestia e a solidão.  
          Quem foi hábil, e conseguiu conciliar  trabalho, formação de família e manutenção de amigos de infância é feliz porque têm uma razão para  continuar  a viver. Ajudar na criação dos netos, esperar ansiosamente pelos bisnetos e  compartilhar as mazelas e alegrias da vida com os amigos dá sentido a vida e torna a espera da morte suave como uma brisa vespertina. O  ingênuo que dedicou a sua vida somente a carreira, com a aposentadoria, os  que se diziam amigos desaparecem,  avós, pais e tios já despediram desta vida, e como não se formou laços de afetos com os primos,  perdeu-se  o contato. Surge então uma triste rotina: Apenas cuidar da alimentação e esperar a hora da morte, que sempre tarda a chegar para os solitários.

sábado, 11 de janeiro de 2020

Bolo de Cagaita


            Ter nascido em uma zona rural, para Rosália,  não era um privilégio, e sim, um castigo. Enquanto por lá residiu, Rosalia nunca  foi capaz de apreciar a beleza do lugar e desfrutar dos sabores do cerrado. Sonhava com o importado, o enlatado,  enfim, tudo que  ela via  nos mercados, quando  ia à cidade. Achava a sua alimentação primitiva e chegava até a envergonhar-se, quando a sua mãe, oferecia ás visitas o tradicional bolo de cagaita, receita  da família.

            Em frente a  sua casa, havia uma cagaiteira, um verdadeiro espetáculo na época da florada, por pequeno tempo, nos meses de agosto e setembro, flores brancas e perfumadas atraiam insetos, e  beija-flores e  encantavam os caminhantes, menos Rosália, que só tinha olhos pelo que imaginava estar além das montanhas. Em outubro o branco dava lugar ao amarelo de seus frutos e outras aves procuram  a  árvore em busca de alimento  e abrigo do sol escaldante do décimo mês do ano. A contragosto, ela  ia recolher os frutos  para  o preparo dos alimentos tradicionais e nunca fez questão de aprender a  verdadeira e nutritiva gastronomia do cerrado.

            Aos 21 de idade, finalmente Rosália deu adeus a sua vida no campo e partiu rumo a capital, em busca  de uma vida que ela acreditava ser melhor, mais moderna e elegante. Triste ilusão! Trocou as frutas frescas  do pomar e do cerrado, pelas  murchas da xepa da feira, a beleza da florada da cagaiteira, pelo muro úmido  do vizinho, a fresca das tardes quentes de verão, pelo barulho cansativo do ventilador. Distante, sem a menor possibilidade de voltar, ela sonha  em encontrar, pelo menos, polpa congelada da fruta de sua infância: Cagaita. Que quando  em abundância, não deu valor.

BOLO DE CAGAITA

INGREDIENTES:

1 xícara de chá de açúcar;
3 colheres de sopa de manteiga;
2 ovos;
2 xícaras de chá de farinha de trigo;
1 prato fundo de cagaita congelada;
1 colher de sopa de água;
2 colheres de chá de fermento químico;
Manteiga para untar e farinha de trigo para enfarinhar

MODO DE PREPARO:

1.Bater o açúcar com a manteiga derretida; 2.Acrescentar as gemas e bater; 3.Colocar a farinha e bater novamente; 4.Adicionar a polpa de cagaita batida com a água e misturar bem; 5.Juntar o fermento e as claras em neve, misturando-os suavemente; 6.Despejar em uma forma de bolo untada com manteiga e enfarinhada e assar em forno preaquecido (180 °C) por 40 min.

RENDIMENTO:

15 porções


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Especulações


          Faz exatamente 198 anos que   Dom Pedro de Alcântara, então príncipe-regente do Brasil, que naquela época, era  um Reino Unido a Portugal e Algarves,  disse a frase que ficou nacionalmente conhecida - “Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Diga ao povo que fico” A história relata que em 09 de janeiro de 1822, Dom Pedro de Alcântara, posteriormente, Dom Pedro I, recebeu uma missiva  da Corte de Lisboa, exigindo  seu retorno a Portugal, e em contrapartida, um documento com mais de oito mil assinaturas  dos brasileiros, solicitando sua permanência no país. A atitude  de Dom Pedro I  marca a sua adesão à causa brasileira que culminou na Independência do Brasil  em 07 de setembro de 1822.

De fato ele ficou. Que diferença esta decisão trouxe para o pobre, traduzidas em atitudes práticas  em  melhoria em sua qualidade de vida? O que melhorou  de fato,na vida dos excluídos?

Se Dom Pedro I tivesse amado e respeitado sua esposa, a Imperatriz Leopoldina da Áustria,  mulher prendada  e educada para governar, que se afeiçoara à terra brasileira e seus costumes, ela poderia ter vivido mais e feito muito  mais pela nação?

O Dia do Fico, ficou na história com a promessa de dias melhores para o povo e, daquela época até os dias de hoje, se caminha pelas calçadas, principalmente  nas  grandes cidades, desviando de seres humanos, que  vivem  jogados nas calçadas. Crianças continuam  sendo abusadas  sexualmente e exploradas em  situações análogas à escravidão. A fome continua rondando lares brasileiros. A insegurança tornou-se companheira inseparável dos cidadãos de bens. Oh! Imperatriz Leopoldina da Áustria,  Senhora sábia e amorosa, onde estiver, olhei pela terra que um dia amastes!


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O caso da Zeladora



          Celita não admite a sua idade nem mesmo para as amigas mais íntimas, porém, menos de 70 anos ela não pode ter porque faz muito tempo que   aposentou e  desfruta dos benefícios   destinados aos idosos e, acredite, participou da fundação do PT, o que aconteceu em 1980. Desde então, tornou-se uma  militante atuante, participando de todas as greves, de sua categoria ou não, protestos,  sempre em busca de seus direitos, e supostamente, lutando para que todos  usufruíssem, dos direitos trabalhistas, outorgados pelo Governo Vargas e  as reivindicações  de mais alguns, de acordo com as necessidades dos tempos moderno. É comum, em seu círculo de amizades, alguém dizer que ela é um exemplo a ser seguido.
          Os  anos passam, a vida muda e surpresa: Celita comprou um apartamento na planta, quase fez o corretor desistir da venda, em virtude de sua  minuciosa vistoria na obra e na papelada obrigatória para a efetuação da compra e venda. Sempre atenda aos seus direitos. Enfim, toda construção que começa, uma dia, acaba e logo, ela já providenciou a sua mudança, sempre muito atenta, para que  não fosse prejudicada em nada, e tão logo se instituiu  o grupo  para administração do condomínio, ela levantou a mão, expressando o seu desejo para fazer parte do conselho fiscal e poder acompanhar tudo  e não permitir nenhum ato desonesto e prejudicial aos condôminos.
          Para cortar gastos, ficou acordo que não haveria portaria 24 horas e que o condomínio disporia apenas de um funcionário, que se desdobraria na função de zelador e porteiro. E assim foi feito. Contrataram uma senhora, com carteira registrada,  de acordo com a Lei, porém, não com todos os direitos trabalhistas. Sem vale refeição, apenas duas conduções diárias. No prédio, no espaço destinado aos funcionários, sem água potável para saciar a sua sede, sequer   colocaram um  tradicional filtro de barro, ou seja, ela tem  que levar água de casa. Desnecessário dizer também, que  sequer  disponibilizaram um microondas para que ela pudesse aquecer a sua marmita. E, quando  questionada, por outra moradora sobre  a dificuldade da funcionária,  Celita simplesmente respondeu – Ela que almoce em casa e traga o seu café, se sente tanta falta dele,- ou seja,   enquanto trabalhadora, Celita exige que seus direitos sejam   respeitados e na qualidade de empregadora, ela os nega sem o menor escrúpulo. E é uma militante esquerdista desde a década de1980. Ao saber do ocorrido, as amigas de longa data, chegaram a cogitar que fosse fake news. Difícil de acreditar que uma  petista convicta,   ignora os direitos dos trabalhadores.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Inércia




          Inércia – um dos princípios da física A Primeira Lei de Newton, é descrita como  a capacidade de resistir a mudança do movimento.  Albert Einstein, em sua Teoria da Relatividade também utiliza o conceito  de inércia para estabelecer a  ideia referencial inercial,  sobre o movimento de um corpo no vácuo. Também no  Direito, há o princípio de Inércia, garantido pelo artigo II, do Código de Processo Civil. Na teoria, uma grande descoberta, que deixa estudantes de cabelo em pé, em momentos de prova, principalmente, em Enem e vesbitular. Mas no sentido figurado, aí sim, é que a situação difícil, porque corresponde à  capacidade de alguém manter-se na mesma situação. A palavra inércia, é originária do latim, “iners” que significa despreparado. O vocábulo é formado por duas partes “in”, cujo significado é não e “ars”, relativo a preparo, a capacidade de fazer. Em português, a palavra tem vários sinônimos como apatia, imobilidade, desânimo, prostração,  inatividade, letargia, e não há nada pior para a carreira e vida pessoal  de uma pessoa do que  a inércia.

          Ter clareza das reais necessidades   e as ferramentas necessárias para  a pessoa seguir em buscas de seus objetivos, e não ter a força necessária para  executar as tarefas necessárias, é uma situação difícil e pode levar até a depressão profunda, e aqueles que vivem só, correm o risco  de deixar esta vida, deitado em uma cama, deixando todas as oportunidades  inertes ao seu lado.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Procrastinar é prejudicial



          Três de janeiro de 2020! As promessas para renovação já deveriam ter sido iniciadas, quando os primeiros raios de sol,  do dia primeiros coloriram o céu do Brasil. Mas nada aconteceu! Rosalina acordou com a inércia de sempre, apenas uma fraca disposição para ficar navegando na internet, em busca de algo que preenchesse o seu vazio existencial. Não saiu  para caminhar e perder algumas calorias e melhorar o condicionamento físico, não preparou nenhum almoço  especial para comemorar o  que está por vir, apenas o trivial simples. Não  pós a mesa, comeu  de pé, com o prato apoiado no balcão americano com o seu olhar   sombrio, perdido no horizonte. E assim passou o dia, sem dar início ás metas traçadas :  
-Manter a casa limpa;
-Cuidar da aparência tão desleixada nos últimos tempos;
-Estudar para concursos e desenvolvimento intelectual;
-Iniciar a leitura de seus livros, que estão na estante há  50 anos, -apenas acumulando poeira, traça e ácaro e depois doá-los ou vendê-los a algum sebo;
-Praticar uma atividade física.
          Ela traçou metas  exequíveis e sequer consegue iniciá-las. Hão de pensar que ela está com depressão. Ledo engano! Ela é apenas uma procrastinadora crônica e este  terrível hábito de deixar para depois, surgiu na infância, quando ela  protelava as ordens recebidas de seus genitores, por acha-la injustas, uma vez que os piores serviços domésticos, sempre a ela eram destinados e ás vezes, por  carência afetiva, porque se cumprisse regularmente com sua obrigação, ela sequer seria notada e a  consequência deste terrível hábito é que sempre  teve   péssimas notas escolares, nunca conseguiu ser aprovada em bons processos seletivos e concursos públicos, sempre trabalhou em subempregos e sequer conseguiu  engatar um namoro sério.
          Para vencer a procrastinação, antes que de fato,  ela    transforme em uma depressão, Rosalina já apelou para florais, benzedeiras,  e nada adiantou porque ela simplesmente não iniciou as tarefas e um desejo súbito de ter uma vontade incontrolável de executar uma tarefa é fantasia mirabolante de preguisoços. Ela sabe que procrastinar é prejudicial à  saúde, resulta em estresse, culpa e  vergonha por não atingir as suas metas, perda de produtividade e usa a internet com as suas inúmeras possibilidades  de  perda de tempo em assuntos medíocres como válvula de escape , em vez de iniciar e lutar para terminar as tarefas.
Deixe o seu comentário, caso já tenha enfrentado  um crise de procrastinação.