terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Angelita di Anzio - Uma canção para refletir

Angelita di Anzio – Uma canção para refletir

            Os anos sessenta foram ricos musicalmente. Impossível esquecer os grandes festivais: Roberto Carlos e seus companheiros da Jovem Guarda,  Elis Regina, Nara Leão e  toda a turma da Bossa Nova. Era delicioso ouvir rádio! Em meio  a esta efervescência  de estilos musicais, ouvia-se também Angelita,  versão da canção italiana  Angelita di Anzio, gravada em 1965, pela cantora Giane. Eu gostava  tanto da canção, que desejava dar à luz a uma  linda criança,  de olhos azuis, cabelos loiros e encaracolados como um anjo barroco e, claro, se chamaria Angelita. Décadas  se passaram, não tive o privilégio de ser mãe, porém os versos da canção sempre ecoaram em meu coração.
“(...)Angelita
 o seu nome há de ser Angelita
Angelita,
Angelita eu não posso esquecer Angelita
Angelita....”
            A internet chegou e com ela, a possibilidade de transitar entre passado, presente e futuro previsto pelas pesquisas cientificas, artistas de vanguarda  à frente do seu tempo. Um dia, navegando sem rumo certo na rede, encontrei a  história por trás  da música Angelita.  Em 1964, o grupo musical Los Marcellos Ferial, gravou Angelita di Anzio. Os autores T. Roman - M. Minerbi  em 1964, sensibilizados com a história do soldado Christopher S. Hayes, militar do "Royal Scots Fusiliers, decidiram homenagear a criança com  em uma canção.
É um fato real, comovente que mostra  que no peito de um soldado bate um coração humano. Em 15  de junho de 1944, o combatente e seu pelotão desembarcaram na Costa de Anzio, para enfrentarem os alemães. Em vez do pelotão esperado, encontrou uma criança sozinha, apavorada, que aparentava  uns cinco anos  de idade. Sem ter a quem entregá-la decidiu  levá-la como mascote do pelotão. O destina da menina já estava traçado: uma granada caiu na trincheira matando-a na hora. Para um soldado, lutar é preciso e a guerra continuava feroz e ele se viu forçado a abandonar o corpo da menina insepulto.
      A Guerra chegou ao fim, passaram-se mais de vinte anos e a lembrança de Angelita  continuava viva em seu coração. O Ex-combatente decidiu escrever ao prefeito de Anzio para saber  noticiais, seu nome, onde estava sepultada. O Conselho Municipal de Anzio desconhecia a história, porém, no Ano Internacional da Criança dedicou lhe um monumento em virtude de seu valor simbólico.  A escultura – uma criança rodeada de gaivotas é de autoria do escultor   Sergio Cappellini  e foi inaugurada em 22 de janeiro 1979.
            Angelita!  uma entre  centenas de milhares de  crianças vítimas das atrocidades dos adultos que não conseguem compreender que a vida é uma dádiva de Deus e deve ser preservada  sempre.
Um trecho da canção em italiano para você.

(...)
“Sbarcammo ad Anzio
una notte,
oh oh, oh oh.

C'era soltanto la luna
ed un pianto di bimba.
In fondo al suo sguardo di mare
c'erano ancora le favole,
e quattro conchiglie
ripiene di sabbia
stringeva una piccola mano.

Angelita,
ti saresti chiamata Angelita,
Angelita.  ...”

Vale a pena ouvir a original!

Amélia Justina, fevereiro de 2016