Angelita di Anzio – Uma canção para
refletir
Os anos sessenta foram ricos
musicalmente. Impossível esquecer os grandes festivais: Roberto Carlos e seus
companheiros da Jovem Guarda, Elis
Regina, Nara Leão e toda a turma da
Bossa Nova. Era delicioso ouvir rádio! Em meio
a esta efervescência de estilos
musicais, ouvia-se também Angelita, versão da canção italiana Angelita
di Anzio, gravada em 1965, pela cantora Giane. Eu gostava tanto da canção, que desejava dar à luz a uma
linda criança, de olhos azuis, cabelos loiros e encaracolados
como um anjo barroco e, claro, se chamaria Angelita. Décadas se passaram, não tive o privilégio de ser mãe,
porém os versos da canção sempre ecoaram em meu coração.
“(...)Angelita
o seu nome há de ser Angelita
Angelita,
Angelita eu não posso
esquecer Angelita
Angelita....”
A internet chegou e com ela, a possibilidade de
transitar entre passado, presente e futuro previsto pelas pesquisas
cientificas, artistas de vanguarda à frente
do seu tempo. Um dia, navegando sem rumo certo na rede, encontrei a história por trás da música Angelita. Em 1964, o grupo
musical Los Marcellos Ferial, gravou Angelita di Anzio. Os autores T. Roman - M. Minerbi em 1964, sensibilizados com a história do soldado Christopher S. Hayes, militar
do "Royal Scots Fusiliers, decidiram homenagear a criança com em uma canção.
É um fato real, comovente que
mostra que no peito de um soldado bate
um coração humano. Em 15 de junho de
1944, o combatente e seu pelotão desembarcaram na Costa de Anzio, para
enfrentarem os alemães. Em vez do pelotão esperado, encontrou uma criança sozinha,
apavorada, que aparentava uns cinco anos
de idade. Sem ter a quem entregá-la decidiu
levá-la como mascote do pelotão. O
destina da menina já estava traçado: uma granada caiu na trincheira matando-a
na hora. Para um soldado, lutar é preciso e a guerra continuava feroz e ele se
viu forçado a abandonar o corpo da menina insepulto.
A Guerra chegou
ao fim, passaram-se mais de vinte anos e a lembrança de Angelita continuava viva em seu coração. O
Ex-combatente decidiu escrever ao prefeito de Anzio para saber noticiais, seu nome, onde estava sepultada. O
Conselho Municipal de Anzio desconhecia a história, porém, no Ano Internacional
da Criança dedicou lhe um monumento em virtude de seu valor simbólico. A escultura – uma criança rodeada de gaivotas é
de autoria do escultor Sergio Cappellini e foi
inaugurada em 22 de janeiro 1979.
Angelita! uma entre
centenas de milhares de crianças
vítimas das atrocidades dos adultos que não conseguem compreender que a vida é
uma dádiva de Deus e deve ser preservada
sempre.
Um trecho da canção
em italiano para você.
(...)
“Sbarcammo ad Anzio
una notte,
oh oh, oh oh.
C'era soltanto la luna
ed un pianto di bimba.
In fondo al suo sguardo di mare
c'erano ancora le favole,
e quattro conchiglie
ripiene di sabbia
stringeva una piccola mano.
Angelita,
ti saresti chiamata Angelita,
Angelita. ...”
una notte,
oh oh, oh oh.
C'era soltanto la luna
ed un pianto di bimba.
In fondo al suo sguardo di mare
c'erano ancora le favole,
e quattro conchiglie
ripiene di sabbia
stringeva una piccola mano.
Angelita,
ti saresti chiamata Angelita,
Angelita. ...”
Vale a pena ouvir a
original!
Amélia Justina, fevereiro de
2016