sexta-feira, 31 de julho de 2020

Diário da quarentena- 136º dia

                        31 de  julho de 2020, dia frio e nublado,  mas sem chuvas e eu pude ir tranquilamente buscar os marcadores de livros, que finalmente ficaram prontos. Triste é que o artista gráfico não entendeu o significado das palavras contraste e desbotado. Nos próximos pedirei a correção e sem falsa modéstia, a minha ideia foi bem criativa e e ficou bonito, espero que as pessoas gostem. Aproveitei para ir a padaria  para a vizinha, a que está com dificuldades para andar, faço com prazer porque quando precisei,  fui ajudada, e ao sair, encontrei com a outra que  caluniou-me sobre o barulho; como prezo pelo bom relacionamento  com a vizinhança, parei e falei um pouco com ela, como se nada tivesse acontecido, percebi que ela estava bem sem graça, com certeza, vergonha pela  reclamação infundada.

            Executadas estas tarefas, nada mais tinha a fazer e o noticiário somente falava  do Ministro Alexandre Moraes que determinou o bloqueio global de contas de bolsonaristas no Twitter, até esqueceram o  assalto em Botucatu, SP e a carcaça de uma baleia encalhada  em uma praia, na cidade de   Praia Grande, SP. Sem nada para fazer, tempo frio e nublado,  pus-me a refletir sobre o que eu deixei de ser quando cresci. Deixei para trás uma menina criativa, que inventava brincadeira com qualquer  coisa que encontrava pela frente, que sonha um dia falar inglês fluentemente, conhecer  culturas diferentes, viajar de  avião, de navio e casar.  Neste ciclo infinito do viver,  ainda não consegui andar de navio nem aprender inglês e não quero levar esta frustração para o túmulo. Tantas coisas  aconteceram  seguidamente em minha jornada, fiz tantas concessões e tenho certeza que as pessoas de minha convivência também abdicaram de alguma coisa  por mim e nesta caminhada, não sei onde  perdi os meus sonhos pueris e passei a viver automaticamente, envolvida com os cuidados com a casa, os mesmo tipos de lazeres, tudo repetido a exaustão e veio a quarentena e tudo ficou mais repetitivo ainda, uma rotina de tão leve que chega a doer. Não sei se este isolamento social me afastou ou aproximou-me de mim mesma. Confesso que já não sei que sou. Sempre a mesma rotina, casa comida, noticiário, com atenção especial as notícias relacionadas a pandemia. Bem dizem os antigos que  o sofrimento  nos leva as profundezas de nosso eu profundo, mas, especificamente em meu caso, eu encontrei o vazio, como se eu não tivesse uma vida anterior, um passado anterior  a quarentena, sinto que estou  sem conexão com o mundo real,  envolvida apenas em  medo, incerteza e solidão.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Diário da quarentena - 135º dia

Sinto frio! A chuva continua a cair lentamente e firme, já chove há umas 48 seguidas e  eu agradeço a Deus por ter o privilégio de ficar em casa  protegida e aquecida. Mas lá fora a dureza da vida continua e muitos padecem nas mãos das inescrupulosas quadrilhas do crime organizado.  Esta madrugada foi a vez da cidade de Botucatu, no interior de São Paulo, viver mais de quatro horas de terror, as ruas da cidade pareciam campos de batalhas e os bravos policiais  militares, enfrentaram  mais de quarenta bandidos fortemente armadas, portando armas de guerra, e os nossos soldados com armamento bem inferior, mas não  bateram em retirada, mostraram o seu valor. No mais,  em minha rotina nada aconteceu, estou espirrando muito, mas acredito ser por falta de ventilação, as janelas estão fechadas em virtude do aguaceiro e o ácaro deve ter acumulado. Vou tomar banho e assistir ao filme que narra a história da Santa Josefina Bakhita, nesta quarentena, trancafiada em casa, tenho descoberto verdadeiras relíquias na internet. Obrigada meu Deus por todas estas bênçãos!


quarta-feira, 29 de julho de 2020

Diário da quarentena - 134ºdia

                       
  1.             Acordei com vento e chuva e assim foi durante todo o dia e a friagem está de doer os ossos, estou pensando seriamente em deixar o banho para amanhã, estou gelada.  Desanimada e tiritando de frio, peguei  aleatoriamente um livro na instante e  no decorrer da leitura, eis que eu depare com uma sugestão de atividade e  eu, como leitora obediente, cogitei em fazê-la, mas  mudei de ideia já na primeira pergunta e você, caro leitor,  a de concordar comigo  que neste momento de incerteza em que estamos vivendo em  virtude da pandemia  não há como responder com sinceridade tais questões.                          .
    I -  Quais são as mudanças criativas que você gostaria de  efetuar nos próximos seis meses? R. Sinceramente eu não sei. Posso mudar os móveis de lugar, pintar  os cabelos com uma cor ousada para a minha idade, ou as  unhas com desenhos coloridos em contrastes com o esmalte e meu tom de pele. Em pelo isolamento social consigo pensar somente nestas opções.
  2. I -  Quais são as mudanças criativas que você gostaria de  efetuar nos próximos seis meses? R. Sinceramente eu não sei. Posso mudar os móveis de lugar, pintar  os cabelos com uma cor ousada para a minha idade, ou as  unhas com desenhos coloridos em contrastes com o esmalte e meu tom de pele. Em pelo isolamento social consigo pensar somente nestas opções.
  3. II – Quais são os novos sentimentos que gostaria de ter nos próximos seis meses? R. Esta é fácil: gostaria de sentir segurança  para sair as ruas sem ser assaltada,  de frequentar  o comércio e as atividades culturais sem medo de ser contaminada pela Covid-19. Tranquilidade para conversar com as pessoas sem ter que estar sempre a dar um passo atrás para manter  a distância segura. Mas com a notícia de que chegou ao Brasil mais de cem linhagens do Covid-19 já estou descrente até da eficácia da vacina.
  4. III - Quais as mudanças concretas e práticas que você gostaria de ver? O fim da quarentena e a abertura completa da economia, a volta as aulas e  uma campanha maciça  de orientação  sobre a importância do distanciamento social, uso da máscara e álcool gel e o mais importante, orientações sobre os cuidados para não serem contaminado pela  roupa, cabelo, compras. Particularmente eu não acredito que em seis meses  o risco  esteja baixo. Tenho observado o comportamento da população, inclusive do grupo de risco e eles não estão preocupados em se  protegerem. Bem, está muito frio e eu vou para a cama e com a benção de meu Anjo da Guarda pegarei no sono rápido para acordar somente amanhã e quiçá eu tenho bons sonhos, o sonho desta noite foi intrigante. Eu ainda morava com meus pais e  estava  com vontade de expulsar de casa minha irmã  que já estava casa e de visita e  mais um  grupo de ciganos que pediram pouso  e minha mãe os acolheu. O fim da história  eu não  sei, pois acordei no ápice de minha revolta. Este sonho reflete a angústia que estou vivendo  neste isolamento social. Quero botar para fora o medo, a  incerteza, a inércia e o tédio de permanecer presa em casa.
  5.             Sei que é errado reclamar, devo agradecer por eu ter o privilégio de estar cumprindo  a minha quarentena em minha casa, enquanto tantos perduram tudo, até a dignidade. Estou em casa sim, mas  tenho alimento, cama, agasalho, água potável, assim, devo repetir  mil vezes. Eu sou grata! Eu sou grata! Eu sou grata!

terça-feira, 28 de julho de 2020

Diário da quarentena - 133º dia

                 

Felizmente o sol brilhou durante todo o dia e eu pude sair tranquila. Fui ao mercado  e depois da profilaxia da chegada, fui preparar um arroz doce, distraí-me e o leite evaporou todo e o que era para ser uma delícia, ficou de cortar com faça, duro e muito doce. Antes eu tivesse comprado uma goiabada ou um  doce de leite.  Durante a tarde eu estava sem disposição para  limpar a casa, ler, telefonar para alguma amiga. Os assuntos estão repetitivos; ouvir rádio ou ver televisão também está cansativo com noticias repetidas: corrupção, aumentos de casos de Covid-19 e a novidade, o princípio de  greve dos metroviários. Em meu entendimento, uma irresponsabilidade  grande, em meio a uma pandemia, com recomendações para manter o distanciamento entre as pessoas, milhares de trabalhadores sendo obrigados a aglomerarem-se nos transportes públicos e caronas. Graças a Deus que  eu tenho a minha pensão e não preciso passar por estas dificuldades. A novidade ficou por conta da visita inusitada de aproximadamente 30 golfinhos no Porto de Santos, SP, É uma cena extremamente rara, a última visita  da espécie que se tem registro aconteceu na década de 1990, aproximadamente   trinta anos atrás. Quem  presenciou filmou e divulgou nas redes sociais e eu tive o privilégio de apreciar  essas criaturas lindas!

            Para agilizar o lento passar das horas, navegando na internet encontrei um filme  simples, sem grandes produções, atores amadores, porém, emocionante! O filme relata a história de El Peñol – Antioquia  na época da aparição da  Virgem  Pastora ao Padre José Dolores Giraldo. Quem poderia imaginar que na vizinha Colômbia, há um Santuário dedicado a Virgem Divina Pastora e que no  último sábado de maio,  acontece a grande peregrinação que atrai centenas de pessoas.  Sabemos tão pouco da cultura dos países sul-americanos. Lastimável!

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Diário do isolamento social- 132ºdia

                                    O artista exerce tal influência sobre os seus fãs que quando ele morre é como se perdesse uma pessoa da família  e de convivência diária. Eu estou com uma  dificuldade em lidar com a morte do sertanejo Léo Canhoto. Cresci ouvindo suas músicas, era tiete de carteirinha dele. Acredito que está sensação estranha que estou sentindo é decorrente do fato do  enterro não ter sido divulgado, uma medida prudente para evitar aglomerações. Ele  era muito querido e tinha uma legião de fãs. A cerimônia do velório é importante porque nos ajuda a lidar com a  perda, choramos juntos, compartilhamos  lembranças  felizes e cheias de significados. Antes da pandemia era este o ritual, o luto  coletivo  e a certeza de que o falecido permanecerá para sempre  em nossos corações, mas até este momento de  viver juntos a dor da perda, o Coronavírus tirou de nós.
          A fragilidade da vida frente ao Covid-19  e a proibição de velório gera uma angustia, o medo de  morrer, de perder alguém, de ser contaminado, de contaminar as outras pessoas e a imprensa alimenta diariamente  o   pavor  este pavor coletivo ao priorizar o número de óbito, porque não podemos saber quantos estão sendo curados? Para nós,  latinos, afetuosos por natureza, o sofrimento é  maior.  Manter distâncias das pessoas e  usar máscara, não tocar em ninguém é uma tortura diária. O silêncio e a presença podem ser valiosos em outras culturas, não precisamos de abraços apertados, apertos de mãos, tapinhas nas costas. As dores fazem parte da vida de todos os seres  vivos, mas em tempos de isolamento social, sem um ombro amigo e mãos carinhosas a acariciar-lhe os cabelos, fica pesado lidar com o sofrimento. 

domingo, 26 de julho de 2020

Diário da quarentena - 131º dia

                           Mais um dia frio, chuvoso e triste. Sei que tenho somente a agradecer porque tenho onde morar e a pensão que permite o meu sustento, com economia sim, porém, sinto-me privilegiada e abençoada por Deus por não ter que estar a rua batalhando o pão de cada dia como tantos, em meio a uma pandemia.  Somente hoje eu soube do  falecimento do sertanejo Léo Canhoto ocorrido na madrugada do dia 25 de julho, em São Paulo.  O coronavírus tirou de nós até a oportunidade de despedia do ídolo. Eu  procurei informações sobre o velório e não encontrei nenhuma nota a respeito. Hoje eu o vejo como um cara  com hábitos de vestir espalhafatosos, mas, confesso que em minha juventude, eu era  super fã da dupla Léo Canhoto e Robertinho e nutri por muitos anos um amor platônico pelo Robertinho, com seus cabelos longos e encaracolados. Nos idos tempos em que a carta era a maneira mais eficiente do púbico contatar o seu artista favorito, eu guardei por muitos anos a resposta a minha missiva e a foto deles e  colorida, o que era uma novidade na época  e sinal de carinho com os fãs.. Assisti vários shows deles   em circos e não tenho vergonha de dizer que esperei  mais de uma hora na fila para ganhar autógrafo. Eram outros tempos!  Apesar dos 84 anos de idade ele continuava  a encantar a sua legião de fãs. Alguns  sucessos da dupla ficaram registrado em minha mente: “A Gaivota, Soldado sem farda, Meu velho pai, O  último julgamento, Delegado Jaracucu, o Homem mau.” Saudades! Vá cantar no céu. Aqui  na terra seu legado continuará a  influenciar   as novas gerações de  jovens sertanejos.

sábado, 25 de julho de 2020

Diário da quarentena- 130º dia

                            Eu não   tive a sorte de apreciar a beleza do cometa Neowise  mas fotos de campineiros circulam pela internet, e as pessoas estavam felizes  por terem tido o privilégio de ver a jóia rara que  retornará aos céus do Brasil daqui a 6.800 anos,  portanto, nenhum descendentes terá o orgulho de contar aos  seus descendentes  que os seus avós foram testemunhas oculares da presença do viajante solitário. Apesar da frustração, o meu dia decorreu  na mais plena normalidade. Pela manhã eu fui a feira livre e tive que reduzir  o volume de compra em virtude da alta dos preços. A quantidade de produtos diminui e o valor da conta cada dia mais alto, e ainda nem sabemos como terminará esta quarentena. Aproveitei a baixa umidade relativa do ar que no decorrer do dia estava em 60% e fiz aquela  limpeza no gabinete da pia e tive o desprazer de encontrar  uma aranha e no embalo limpei o armário da cozinha e  fiquei muito cansada. Este isolamento social acabou com o meu condicionamento físico. Qualquer serviço doméstico deixa-me com dores nas costas.
            Parei um pouco para descansar e navegando na internet encontrei uma reportagem nada animadora: A pesquisadora Claire Steves do King’s College, identificou  seis “tipos de Covid-19,  cada um caracterizado por um conjunto específicos de sintomas. Isto é enlouquecedor!  Agora que já decoramos que os três principais sintomas da Covid-19, perda de olfato/paladar, febre e tosse, ainda temos que  nos preocupar com outros incômodos que antes eram resolvidos de maneira tradicional sem grandes preocupações;  todos os brasileiros teem na ponta da língua uma panacéia para as mazelas do dia a dia: diarréia, água com limão ou água de coco. Enxaqueca, silêncio e repouso em um quarto escuro. Dores musculares, arnica e repouso. Perda de apetite, Biotônico Fontoura. Dificuldades respiratórias, inalação.Dor de garganta, gargarejo com salmoura. Agora, estas pequenas doenças rotineiras tornaram-se  o tormento da população. Ir ao Pronto Socorro é  motivo da pânico, você pode entrar com um simples resfriado e sair  distribuindo coronavírus pelo caminho e também para os familiares.  Remédios populares nem pensar, pode camuflar sintomas.  E agora, mais esta: seis tipos de Covid-19,  será que teremos que tomar seis vacinas?

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Diário da quarentena -129º dia

                         Sexta-feira de boa sorte. Ganhei vários presentes úteis em tempos de pandemia. Farinha de coco, farinha de grão –de- bico  e farinha de arroz, produtos desconhecidos para mim e estou curiosa para experimentar,  vou procurar umas receitas  básicas e deliciar-me. Comida combina com temperaturas amenas. Ganhei também batata – doce e já cozida, o que facilitou o meu jantar. Depois deu uma saída para fazer umas pequenas compras e o resto do dia  girou em torno das atividades domésticas.
            Infelizmente eu não tive o prazer de  ver a olho nu o Cometa Neowise, nesta passagem pelos céu do Brasil,  nuvens cobriram o céu e  nem a luz da estrela vespertina chegou à terra. A previsão é que daqui a 6.765 anos, o viajante espacial venha nos visitar e  se por sorte, eu reencarnar na época certa poderei ter o prazer de conhecê-lo.  Um dia triste em minha vida foi o 09 de fevereiro de 1986, quando  o Cometa Halley cruzou  o céu e eu não fui agraciada com o privilégio de vê-lo. A próxima visita desta beleza está prevista para  28 de julho  de 2061.  Mas a esperança é última que morre,  e quem sabe eu terei o prazer de apreciar o seu brilho.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Diário da quarentena- 128º dia

         
            Graças a Deus mais um dia se foi sem nenhum incidente. Hoje não  fui à rua, passei o dia envolvida com as atividades domésticas e tive que tomar um antialérgico para evitar uma crise alérgica e uma possível dúvida  de  contaminação por Covid-19. Aproveitei a baixa umidade do ar que  pela manhã estava em 70% e passei lustra móveis  no interior das gavetas   para prevenir possíveis mofos. A Previsão é que as temperaturas irão cair neste final de semana e com o frio, a chuva. Acredito que  sábado o sol esteja brilhando e eu possa ir a feira livre abastecer a minha geladeira.  Sair está difícil,  a desobediência civil  cresce a cada dia,  ou seja, as pessoas não estão respeitando os decretos estaduais e municipais sobre a obrigatoriedade do uso da máscara; nem mesmo o episódio com o desembargador em Santos, SP intimidou a  população que não se ama, quiçá amará o próximo.   Referente a notícia sobre as marmitas envenenadas, a perícia  encontrou chumbinho no local onde  os moradores de rua fizeram a refeição. Faz tempo que  a venda desse chumbinho é proibida no Brasil e eu fico a indagar: Como  essa gente inescrupulosa consegue  adquiri-Lo e qual a  motivação para cometer  crime  contra   seres humanos em condições de extrema vulnerabilidade? Isso é inadmissível  perante as leis de Deus e dos homens.
             Pelo  que eu saiba, as eleições este ano ocorrerão em novembro, mas já tem pré- candidato  em campanhas pela internet e o slogan de um é: mais saúde e menos shows. Não sei a cidade do indivíduo,  mas com certeza eu não votarei nele, afinal, porque nós, os pobres, não podemos desfrutar  de um serviço de saúde pública de qualidade e de divertimento grátis? Por que   o povo tem que optar por um ou outro? Isto  não está certo! Eu não resisti a  tentação e escrevi nos comentários: “Queremos saúde, trabalho, educação, transporte, moradia e  lazer, principalmente shows ao ar livre, depois de tantos meses em isolamento social, nós merecemos!”  Pressinto que  deste  político, não recebei mensagens pedindo votos.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Diário da quarentena - 127 º dia

                Participei da Jornada da Gratidão com a Márcia e Luz e o melhor ensinamento, em minha opinião, foi a de que devemos ser gratos pelas  pequenas bênçãos recebidas diariamente e hoje, apesar de eu estar com  bastante laranja em casa, agradeço a que  vizinha ofereceu-me   uma dúzia de laranja pera e sou profundamente grata por isso, já é uma boa economia e menos peso para eu carregar. Em tempos de quarenta e com o peso dos anos, toda ajuda é bem – vinda. Gratidão!  Mas nem tudo são flores e a tão falada solidariedade surgida com a pandemia parece mesmo coisas de contos de fada porque  na prática, a situação das pessoas  em situação de vulnerabilidade está cada dia pior e  atitudes monstruosas são veiculadas todos os dias pelos meios de comunicação de massa e duas deixou-me estarrecida: A primeira, que nesta madrugada em Itapevi, SP, um homem não identificado distribuiu marmitas envenenadas aos moradores de rua, dois homens e  o cachorro morreram. Um senhor que passava pelo local aceitou   a oferta de uma marmita e levou-as  para as  suas  crianças  e as duas estão internadas em estado grave. A outra notícia  terrível aconteceu no Rio de Janeiro, RJ, uma cuidadora  dopou a idosa para usar o cartão de crédito dela e ela veio a óbito, suspeita-se que ela fez com intenção de matá-la para alegar que as compras foram feitas com o consentimento dela; e a violência financeira contra o idoso não é um privilégio dos  profissionais contratados para cuidar deles, na maioria dos casos, o inimigo das finanças do idoso pode estar no mesmo cômodo e até nos serviços bancários. Envelhecer no Brasil está perigoso!

terça-feira, 21 de julho de 2020

Diário da quarentena- 126º dia

            Mais um dia de sol e isto é motivo para felicidade. Frio e céu encoberto não é uma boa ideia. Hoje eu levantei mais tarde, tomei café, e fui criar o esboço do marcador de páginas. Eu procurei outra gráfica, mas ela não  cria  a arte gráfica e apesar do preço abusivo, eu  fechei com a que já tinha feito orçamento, mas reduzi a quantidade, fiz apenas 500 unidades  e esta quantidade  saiu por R$200,00, mas ficarei com a matriz e da próxima vez será apenas a impressão que hoje, o valor é R$180,00 o milheiro. Estou ansiosa para ver a prova! Eu pesquisei vários modelos na internet e fiz algumas sugestões, acredito que ficará bem legal. Depois eu fui ao banco consultar o saldo, passei em uma loja e comprei uma bermuda, não estou precisando de roupa, mas  é um modelo que eu deseja havia tempos; fiquei um pouco decepcionada com o tecido, de boa qualidade sim, mas  áspero e, também cometi o pecado da gula, entrei no Habib’s e comprei dois pastéis de Belém. Que delícia!
A quarentena está deixando as pessoas da vizinhança com os nervos alterados. Aproximadamente lá pelas 19 horas e 30 minutos do dia 20 de julho de 2020,  o vigia da vila residencial, onde resido, tocou a  campainha de minha casa pedindo que eu parasse de usar furadeira e é desnecessário dizer que não era eu a infratora porque sequer tenho esta ferramenta. Como ele disse que a denunciante afirmava  que  o barulho era de  minha residência, eu fique bastante irritada, mas não demonstrei e resolvi vingar-me. De fato alguém usou  furadeira e por duas vezes, e na sequência ouvi as batidas do martelo para empurrar a bucha, mas coisa que não levou nem dois minutos. Então,  bem séria, eu afirmei  que tinha ouvido barulho de liquidificador, apenas este som que é rotina em qualquer  lar. E Hoje, quando eu saí, com a melhor cara de paisagem que eu consegui fazer, bati na casa dela para saber se tinham tocado lá  também para saber sobre o barulho e conversa vai e conversa vem, ela acabou confessando que reclamou de mim porque eu a tinha denunciado por colocar o lixo antes do horário. De fato eu a vi várias vez  infringindo a regra mas fiquei calada. Por sorte, quando eu estava na avenida, encontrei com o vigia e  comentei sobre a falsa denúncia que supostamente eu teria feito, e  ele   me disse com firmeza que ele a surpreendeu despachando o lixo durante o dia e a repreendeu, e eu aproveitar para reiterar   que o barulho era de liquidificador e como fofoca   é mais veloz  que o vento, encontrei outra  moradora   querendo mais detalhes do ocorrido, aproveitei e confirmei que o barulho era mesmo do  liquidificador e que as pessoas tem direito de usá-lo a qualquer hora. Desacredita-la perante a vizinhança não é  coisa de Deus, mas quem  sabe assim ela deixa de  falsa acusações.



segunda-feira, 20 de julho de 2020

Diário da quarentena -125º dia

                               Acordei feliz com os raios de sol em minha janela e assim foi no decorrer de todo o dia. Fazia tanto tempo que o astro rei não nos dava o prazer de sua companhia por tanto tempo. Aproveitei  o dia ensolarado para  ir a rua resolver os problemas típicos de dona de casa. Primeiro fui ao mercado comprar arroz  e já levei aquela facada, um aumento de cinco reais em um pacote de cinco quilos, comparado com a compra anterior. Aproveitei a promoção de verduras e trouxe um maço de couve. Lavei com detergente folha por folha e elas estão secando no escorredor de prato. Que trabalho!  Depois fui ao banco e já tive dissabores, o casal que estava atrás de minha não tem  noção do que é distanciamento social, tive que olhar  com cara feia para que ele desse um passo atrás. Felizmente estava usando máscara. Aproveite que estava perto, fui a gráfica fazer orçamento de um milheiro de marcadores de páginas e  tive uma decepção. Eu já havia conversado por telefone com um funcionário e ele garantiu que o preço de R$180,00 já estava incluso a arte gráfica, porém, a recepcionista  analisou o meu pedido, consultou o computador e disse que teria  que pagar mais R$80,00 pelo design gráfico. Amanhã contatarei a concorrência em busca de um preço melhor.
            Hoje quase não tive tempo de prestar atenção em notícias, mas o pouco que soube deixou-me feliz porque a imprensa deu bastante atenção ao caso do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Eduardo Siqueira, que foi flagrado na praia de Santos, SP,  humilhando  o Guarda Municipal,  que  pediu-lhe que colocasse a máscara. Ele desmereceu o trabalhador e o tiro saiu pela culatra, a sua arrogância e prepotência já virou até meme na internet enquanto a atuação do Guarda ganhou respeito e reconhecimento da população.  Esta cobertura é boa para que sirva de exemplos aos transeuntes displicentes que acreditam  que estão acima da Lei. Além das  homenagens ao  apresentador do programa da Bandeirantes: O Pulo do Gato, uma notícia triste chamou a minha atenção. O número de moradores de rua dobrou  desde o início da pandemia. Famílias inteiras estão morando em barracas de plástico em frente ao  Teatro Municipal de São Paulo. Fiquei com o coração  em frangalhos ao ouvir o relato da entrevistada, uma maquiadora.  Decretada a quarentena, ela ficou sem trabalho, não conseguiu pagar o aluguel e foi para a rua. Esta é a realidade de milhares de brasileiros e muitos daqueles que estão  no poder, com o dever de zelar pelos mais vulneráveis  estão mais preocupados  é em desviar dinheiro para o seu bolso. Enquanto o povo morre a míngua, eles enriquecem de maneira ilícida e  estamos vivendo uma pandemia. Será que se tivesse sido adotada a quarentena vertical, com  fortes campanhas de esclarecimento à população  quanto aos cuidados de prevenção de contágio e uma rigorosa fiscalização,  o sofrimento do povo teria sido menor?               

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domingo, 19 de julho de 2020

Diário da quarentena - 124º dia

                             Acordei às cinco horas da manhã com sede e calor. Após tomar um copo de água fresca  graças ao filtro de barro, que modernidade nenhuma faz-me  abandoná-lo, abri a janela do quarto, olhei o céu  e vi  estrelas. Estas luzes diziam que eu poderia aproveitar  duas horas a mais de sono com a presença do ar fresco da madrugada e retornei  ao leito. Lá pelas sete horas, levantei-me, abri a cortina, e o amanhecer estava envolvido em uma  cerração que não permitia enxergar as casas da frente com nitidez; e  o céu? Branco como  a neve! Não sei a que horas começou este  espetáculo da natureza que muito deve ter preocupado os comandantes dos navios e pilotos dos aviões    pois o que é beleza para uns, para eles é sinal de alerta  máximo. Enquanto preparava o café da manhã, os raios de sol foram ganhando forças  e o  nevoeiro foi dissipado  em poucos minutos , e  mesmo sendo dia  Santo, coloquei a  roupa   na máquina para aproveitar o astro rei,  que não sei por quantos dias  ainda reinará, e estamos precisando do calor, este mês de julho está muito frio, e em isolamento social, parece que a friagem aumenta.
            Domingo!  Antes da quarentena, era o dia em que eu saia  a caminhar  pela Av. Paulista, apreciando as apresentações artísticas  gratuitas, olhando os produtos oferecidos pelos ambulantes autorizados. Encontrava-se de tudo: incenso, echarpes, livros, CDs, fora as relíquias na feira de antiguidade  no vão livre do MASP, a tradicional feira de artesanato  na calçada do Parque Trianon.  Neste isolamento social, eu percebi o quão importante são estes projetos  de lazer e que falta eles fazem.Como enriquecem os dias daqueles que estão  na terra, esperando  a hora do  adeus e dos jovens ávidos de novidades a baixo  custo.

sábado, 18 de julho de 2020

Diário da quarentena-123º dias

O sábado  amanheceu  nublado, depois o sol apareceu e aqueceu os nossos corações por aproximadamente umas duas horas e já está novamente, coberto de nuvens e uma boa chuva,  lá na  Serra da Mantiqueira seria uma benção para que a vida pudesse renascer após o  incêndio que  teve início   na manhã de sexta-feira, dia 17 de julho e provavelmente  foi provocado pela queda de algum balão ou por fogueiras produzidas por campistas clandestinos. Moradores da região relataram terem visto quatro homens desceram a serra em passos  rápidos e    recusaram-se a se identificar. As chamas surgiram  no Pico da Pedra da  Mina,  que tem 2.798 metros de altitude e fica na Serra Fina,  no lado mineiro e depois alastrou para o lado paulista.  Felizmente os bravos guerreiros do fogo armados com os seus abafadores controlaram  o fogo  em bilhões de vidas  foram salvas. Sim, a Serra  da Mantiqueira abriga  incontáveis seres importantes para o equilíbrio do planeta. Salve os  valentes  Bombeiros!

            O ambientalista John Muir disse: “Todos precisamos da beleza, assim como do pão, lugares onde brincar e onde rezar, onde a natureza pode  curar-nos, alegrar e fortalecer o corpo e a alma.” E ele tem razão!  A partir do momento em que foi decretada a quarentena,  meu anglo de visão ficou reduzido a minha janela, porque raramente saiu e quando isto aconteceu, meu olhar está sempre voltado para  os transeuntes, se estão com máscara, se estão vindo em minha direção com a intenção de subtrair os  meus pertences e não tenho observado a  beleza das árvores, dos escassos  pássaros que fizeram da selva de pedra a sua moradia e borboletas, nem lembro mais quando vi. Lendo está frase, aflorou uma saudade profunda, doída e quando  os riscos de contaminação   estiver próximo de zero, quero fazer uma viagem para uma cidade pequena ou para um hotel fazenda, onde eu possa desfrutar destes pequenos prazeres que tanta falta tem feito. Mas o que temos para hoje é  a clausura, e não  há nada que eu possa fazer para mudar esta realidade porque está na boca do povo que não há interesse em curar os pacientes com remédios já existentes e baratos, mas no desenvolvimentos de novas drogas e  bem caras e também a de uma  vacina que renderá aos cofres  dos laboratórios anualmente, bilhões de reais.Verdade ou mentira? Não sei, mas sempre fico com um pé atrás  com a circulação destes  boatos, afinal, onde há fumaça, há fogo diz um velho ditado popular.


sexta-feira, 17 de julho de 2020

Diário da quarentena - 122º dia

         A Covid - 19 silenciou uma das vozes mais conhecidas da Rádio Bandeirantes, SP, o apresentador do tradicional programa “O Pulo do Gato” que vai ao ar todas as manhãs com o inesquecível miado do gato desde 1973.  Uma tradição de família: Meus avós ouviram, meu pai ouvia, eu e se tivesse tidos filhos, com certeza, eles também seriam  fiéis ouvintes. José Paulo de Andrade  partiu para a pátria celestial nesta madrugada e deixará muita  saudade. Ele lutava com um enfisema pulmonar aproximadamente uns dois anos e mesmo com dificuldades, o radialista não abandonou os ouvintes e apresentava o  programa de sua residência.
            E as tristezas continuaram. Nesta tarde, um incêndio, decorrente de um curto circuito em uma frigideira, destruiu  parte da centenária Padaria Nova Seara em Santos, SP. Felizmente  não houve mortes e feridos, somente o prejuízo  patrimonial e cultural. E no mais, no decorrer deste dia,   a minha rotina ficou resumida com a preparação de alimentos e cuidados com a casa. Não choveu e o sol bem que tentou aparecer, mas desistiu e o frio continuou persistente. Mas um triste dia desta interminável quarentena.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Diário da quarentena - 121º dia

                     E mais um dia frio se finda; Nuvens cobriram o céu  do amanhecer ao anoitecer, mas felizmente a chuva não caiu, apesar da previsão, e eu aproveitei para ir ao Posto de Saúde, marquei as consultas e para minha surpresa, não havia ninguém na fila, não sei o motivo se pelas condições climáticas ou por não saberem  do retorno do agendamento, o que é mais provável. De volta para casa, passei na padaria, comprei um pão de torresmo, depois fui ao mercadinho e comprei um saco de laranja, com mais de 30 unidades por apenas R$7,00, o preço da feira livre  é R$5,00 a dúzia além de fazer  bom negócio, sábado poderei curtir  a cama até mais tarde. Depois, resolvei dar um passeio  pela avenida mas desisti no meio do caminho, encontrei tanta gente sem máscara e tipos estranhos que resolvi voltar para casa e no mais, o dia seguiu no marasmo de sempre. Isolamento social é para os fortes, eu confesso que já estou entregando os pontos. Estou cansada dos novos hábitos de higiene e de andar sempre assustada, correndo até de crianças. Valha - me Deus!

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Diário da quarentena- 120º dia

                                E o frio continua nesta quarta-feira e com o tempo nublado com ameaça constante de chuva eu não fui ao Posto de Saúde tentar  marcar a consulta para a vizinha, se bem que  eu ando desconfiada que as dores não são reais, apenas uma maneira de conseguir com que as pessoas lhe façam favores, já que para pegar uma mala e ir para o litoral, ela não tem problema nenhum, mas como eu quero agendar para mim também, não custa nada ajudar. Amanhã será outro dia e a previsão é que  o sol aparecerá  ocasionalmente porque ainda  haverá muitas nuvens no céu, mas já alegra um pouco, estes dias cinzas são tristes e longos e é necessário muita força de vontade para não atacar a geladeira a cada meia hora      
            O que sei do mundo lá fora é oriundo dos meis de comunicação oficiais porque nos últimos dias, o WhastApp anda bem discreto, parece que a CPI das fake News  amedrontou a população  que está mais contida ou os provedores estão mais cautelosos. Pela manhã, ouvi uma notícias de vários voluntários que já se inscreveram para o teste  em humanos da vacina para a Covid-19. Admiro  estas pessoas, generosas e corajosas; se eu estivesse dentro dos critérios estabelecidos, eu não seria capaz de oferecer-me  ao  holocausto pelo bem da humanidade, sou egoísta sim, meus respeitos a  estes profissionais que mais uma vez, estão na linha de frente do combate ao coronavírus. Soube que  foi autorizada visita de parentes e religiosos aos pacientes contaminados e fiquei a pensar: se está faltando IPIs para os profissionais da saúde, quem irá  fornecer o avental, a touca e as luvas para o visitante que somente poderá adentrar ao quarto devidamente paramentado? Mistério!
            E não há um dia em que não é veiculada uma notícias de desmandos, mas  a de hoje é de  uma irresponsabilidade ilimitada. Funcionários de uma empresa de transportes que venceu a  licitação da Sabesp para transportar hipoclorito de sódio, para o tratamento da água  que  chega a 29 milhões de pessoas no estado, roubavam, há mais de um ano, de 10% a 20% do produto e colocam  a mesma proporção em água para não levantar suspeitas. Felizmente doze integrantes da quadrilha e três receptores já foram presos. A  qualidade da água que a população consome, depende  também da adição correta dos produtos químicos  para eliminar os micro-organismos, vírus, bactérias, fundos, protozoários  e ovos de parasitas intestinais.  E nós pensando que o único problemas  é o coronavírus!

terça-feira, 14 de julho de 2020

Diário da quarentena -119º dia

            A terça – feira amanheceu fria e chuvosa e tive que fazer um esforço para sair da cama e preparar o café da manhã; hoje eu  acrescentei  uma colher de chá de farinha de uva no meu tradicional bolo de frigideira. Eu seria leviana se dissesse que ficou uma delícia, mas é comestível, e em tempos de  isolamento social, toda praticidade é bem -  vinda. O produto é barato, rentável, versátil e  saudável e eu, que faço parte do grupo de risco,  não  poupo esforços para variar bem o cardápio e manter a minha imunidade em alta, a arma  mais eficiente no combate ao Covid-19. São tantos os desmandos, denúncias  e politização da pandemia  que temos que fazer de tudo para  não ter que  hospedar-se  por alguns dias em algum hospital. O que mais assusta são os comentários que estão na boca do povo e ninguém sabe  a procedência e veracidade. Há  polêmicas sobre  os protocolos de atendimento e  somente nós, que somos 100% dependentes do Serviço Público de Saúde, sabemos o  tamanho da angústia que sentimos  ao pensar na possibilidade de precisar-mos de  atendimento médico. Informações contraditórias geram insegurança e já estão dizendo por aí  que se as pessoas não morrem de Covid- 19 morrerão de medo ou de fome porque a economia está em frangalhos, o desemprego  continua a crescer na velocidade do ciclone furação que atingiu o sul do país. Misericórdia Senhor!!!

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Diário da quarentena =118º dia

                                A segunda-feira amanheceu com sol forte, mas de repente, nuvens cinza cobriram o azul do céu, o astro rei disse adeus e a temperatura caiu, porém, não está ventando. Pela manhã fui pagar a conta de luz e comprar remédios e cigarros para a vizinha da esquerda que está com uma forte dor na virilha e quase não consegue andar. Aproveitei que já estava na rua e fui ao  Posto de  Saúde saber  quando irão agendar consultas pois ela tem medo de ir a  UPA e  ser contaminada pelo coronavírus. E este não é um temor só dela, há relatos de várias pessoas que perderam familiares pque   apresentaram sintomas de alguma  enfermidade  e com  receio, preferiram ficar em  casa confiando na divina providência e não há como criticá-los, pois com a politização da pandemia,   a população está com medo de tudo e de todos.
            O comércio está aberto e alguns seguem rigorosamente o protocolo do seguimento, porém, a maioria dos estabelecimentos de rua  estão relapsos  e deixam o frasco de álcool gel vazio e, vendedores permitem provar roupas. Eu não saí com o intuito de comprar roupas, mas vi  uma bermuda em promoção, mas comentei que achava que ela ficaria apertada, e a atendente, com a maior naturalidade disse para eu provar e tirar a dúvida, claro que eu não fiz, e nem tinha razão para isto já que saí apenas com o dinheiro  para pagar a conta. Atualmente é assim, não se deve carregar um real a mais, meliantes à espreita de idosas sempre  houve, mas com a fome rondando os lares, o desemprego crescendo, a tendência é que os pequenos furtos aos transeuntes aumente, o comércio não está tão atrativo, está vendendo pouco, as lojas estão vazias. Um dia destes ouvi uma entrevista com um lojista da 25 de Março e ele disse que o poder de compras da população caiu muito, antes o  valor médio de compra  por pessoa  era de R$150,00, e com a pandemia, caiu para R$50,00, isto quando adquire algum produto. No mais, apenas a rotina de sempre. Tristes são estes dias de quarentena.
           

domingo, 12 de julho de 2020

Diário da quarentena - 117ºdia

                          Nos verdes campos do Brasil florescem os ipês  e o  amarelo  destaca-se entre as infinitas tonalidades de verdes que brilham à luz do sol. A natureza segue o seu ritmo e  eu, aqui presa em minha casa,  porém, com gratidão no coração porque eu tenho onde morar, enquanto  milhares de brasileiros que perderam seus empregos durante a pandemia estão a beira de serem despejados, idosos, crianças, homens e mulheres que  nesta vida, apenas almejam alimentar os   seus filhos. A politização da pandemia atinge os mais vulneráveis. Por ser uma pessoa  idosa, devo permanecer em isolamento social, sem viajar, sem poder desfrutar das belas paisagens da  amada terra paulista, mas eu tenho onde morar, alimento  na dispensa e uma cama quentinha e sofro ao pensar naqueles que  estão vivendo abaixo da linha da pobreza  sob a ameaça de serem  atacados pelo inimigo invisível.  Interesses políticos/partidários prevalecem sobre  o que há de mais sagrado no mundo: a vida! E são tantos os desmandos!   vi notícias até de uma médica desejando a morte do Presidente Bolsonaro, assim que soube que o exame dele  deu positivo para Covid-19. Não é engano!  Ela o fez em suas redes sociais e feriu o Código de Ética Médica que define que a medicina é uma profissão  que deve ser exercida para servir a humanidade, salvar vidas,  sem nenhuma discriminação. É assustador!  E mais uma situação estranha aconteceu, desta vez  com a  médica oncologista e imunologista NIse Yamaguchi,  defensora  do tratamento com hidroxicloroquina como forma de tratamento para a Covid -19, no início da doença; ela foi suspensa pelo Hospital Albert Einstein em virtude de  um comentário no qual ela compra o medo  à pandemia com a situação dos judeus durante o holocausto nazista.
            Enquanto os pássaros cantam felizes nos galhos dos ipês  amarelos, o medo de falir rondam os proprietários de bares e restaurantes feito urubus na carniça.  Estima-se que  30%  dos estabelecimentos enceraram as atividades em decorrência do  fechamento da economia e  o setor  já contabiliza milhares de pessoas desempregados, consequentemente, mais fome, miséria e violência. E a velhacaria não é uma característica apenas de alguns políticos, mais de 560 mil pessoas receberam  o auxílio emergencial   e estavam foram dos critérios estabelecidos para o governo. Pelo menos o uso de má fé já foi detectado e eles terão que ressarcir os cofres públicos. Ajuda sim, mas a quem realmente precisa.
             Em minha solidão, sinto saudades de um tempo distante em que florescia um ipê amarelo na calçada de minha casa e eu, ainda adolescente, ficara horas sentada no  na calçada, à sombra  da árvore, alheia aos sons da cidade, com atenção apenas  nos insetos, beija-flores e borboletas  em voos  velozes e delicados a  procurar do melhor  néctar e nesta comunhão a vida  florescia. São os mistérios da criação divina!  O amarelo das flores cobria o cinza da calçada e eu era feliz, mas não tinha consciência que a verdadeira felicidade está nas coisas simples, nos momentos de  interação com a natureza e sonhava com uma vida divertida na agitação das grandes cidades. Hoje, moro na maior cidade maior cidade da América Latina e estou só, não há árvores na calçada, apenas a lixeira e os cantos dos pássaros foram substituídos pelo som constante dos carros.  Estou só!  Se pelo menos eu tivesse algum talento  e soubesse fazer bom uso de minhas mãos para ajudar o próximo. Se eu soubesse costurar, poderia confeccionar máscaras de TNT e doa-las aos moradores de rua. Se eu soubesse  manipular agulhas e lãs, poderia tricotar sapatinhos de bebês para  as  adolescentes mães solteiras, abandonadas pela família e pelo pai da criança.  Minhas mãos estão envelhecidas sim, mas ainda tem forças para fazer alguma coisa, para ser útil a sociedade.  Quando tudo isso passar e o pavor  de ser contaminada for apenas uma lembrança amarga, quero procurar um curso de artesanato, não com o intuito de venda,  mas de ajuda ao próximo, e quem sabe assim, a troca será mútua e eu não   sentirei com tanta força o peso da solidão. 

sábado, 11 de julho de 2020

Diário do isolamento social. - 116º

                          É sábado! Dia  tradicional de diversão, mas em quarentena, apenas mais um dia  em casa, com medo de assistir  os jornais  em virtudes do noticiário alarmista; digo isto porque acessei o site transparência registro civil e comparei o total de óbitos de 2019/2020 e cheguei a conclusão que não podemos confiar cegamente na imprensa e nas autoridades e  nós, os pobres, estamos tão solitários quanto uma vela acessa em um quarto escuro  cuja chama  cria ao redor, um pequeno círculo de claridade que se dissolve suavemente na escuridão e abre caminho para a incerteza e o medo. Sim,  a  grande massa popular está  abandonada e assustada. Os discursos dos cientistas são contraditórios, a imprensa manipula informações e há um tom eleitoreiro nas falas dos políticos. Em meio a uma pandemia  estamos sós, com apenas  uma luz bruxuleante a indicar um caminho   para que possamos encontrar uma  maneira eficaz de  sobrevivermos   ao coronavírus.   Em meio aos devaneios, eis  que surge uma pergunta  crucial. Esta solidão que sinto é verdadeiramente minha ou  é uma imposição do momento? Teoricamente eu tenho acesso as  pessoas via webcan; pela internet, rádio, televisão  posso saber em tempo real que tudo acontece no  mundo. Mas isto  preenche o meu  vazio existencial, a necessidade de calor humano?  A solidão é uma realidade dolorosa e o uso de máscara  é sufocante. Estamos sendo privados até  de uma das maiores dádivas de Deus, o oxigênio.  Permanecer em casa é amargar dias solitários, caminhar pelas ruas é assustador: medo de meliantes  e do inimigo invisível, solto no ar. Estamos sem espaço na nossa morada sagrada – a terra!
            Neste momento angustiante, provavelmente há quem diga  que  não devemos dar tanta atenção ao que estão fazendo conosco, mas o que iremos fazer para seguir adiante com o mínimo possível de sequelas. A maldade humana é ilimitada e  basta  um pouco de estudo de  história para perceber  que ela é tão antiga quando o homem, apenas  a maneira de  exercê-la  é que vai se transformando e adaptando à nova realidade e alguns inescrupulosos a estão exercendo com requinte de crueldade, alheios as mazelas do povo.  Em isolamento social, é difícil raciocinar e encontrar um caminho menos doloroso para sobreviver ao lento passar das horas, a rotinha é pesada. Nem mesmo a natureza suporta a monotonia, tanto que ela criou as quatro estações do ano, cada uma com uma característica e uma beleza peculiar.
                     

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Diário da quarentena - 115ª dia

                                  O dia amanheceu frio, porém, ensolarado. É hora de iniciar a rotina dos trabalhos domésticos, sempre os mesmos, muda-se apenas a intensidade, os produtos de  limpeza, os ingredientes das refeições, presença constante, somente do tradicional arroz com feijão. Mais  um dia em quarenta e sozinha, sem ter com quem conversar, se a campainha tocar,  a chatice de ter que colocar máscara, passar álcool gel nas  mãos, abrir a porta e dar dois passos para trás e perguntar: - em posso  ajudar? Visita de uma pessoa amiga, não  será possível, em meio a uma pandemia, esta tradição não é recomendada. E com todo o avanço da tecnologia telefônica, conversas ao telefone  são praticamente inexistentes, a moda agora é  o envio das insuportáveis figurinhas  e mensagens repetitivas e  as terríveis fake news e assim, a única companhia certeira é a solidão. Após 115 dias de isolamento social, tudo o que mais desejo é companhia para falar das coisas simples da vida, dos filmes, das últimas cenas da novela As aventuras de Poliana, dos altos preços nos supermercados, dos planos para quando tudo isto passar. Como milhares de idosos pelo país, estou terrivelmente só.
            Quando se  é jovem,  cheio de energia e com milhões de ideias a fervilhar na cabeça e  o fogo abrasador das primeiras paixões a queimar o coração, as vezes ficar sozinho no quarto, olhando o teto, distante dos gritos dos  pais sempre a lhe dar  uma tarefa para ser executada com rapidez,  o isolamento é confortante, mas para quem  já viveu todas as fantasias da infância, os arroubos da juventude, as responsabilidades da maturidade e agora pena com as mazelas da velhice,  definitivamente, a solidão não é a melhor companhia porque com ela veem as lembranças dos momentos bons que fazem brotam lágrimas de felicidade nos olhos, porém, não é possível ter controle absoluto sobre as recordações  e impedir que  aflorem  os arrependimentos dos erros passados, e com o distanciamento,  a luz  sobre a demanda do passado  aponta  a solução ideal, mas o tempo não volta e nada mais   pode ser feito e o coração sangra e a dor parece não ter fim. Definitivamente, o melhor é estar em companhia de outras pessoas, mas o país está em quarentena!   A tristeza que sinto é tamanha  que assim que tudo isso passar, serei capaz até de aceitar convites para tomar  uma cerveja em um boteco em qualquer esquina, com  música  alta e tira gosto, apenas salgados gordurosos e torresmo. Eu não aprecio este tipo de lazer, mas se esta for a única oportunidade de estar entre as pessoas jogando conversa fora e rindo de piadas sem graças,  aceitarei  com alegria e  gratidão. Sou latina americana, preciso do contato direto com o outro  para ser  completamente feliz, ainda não aderi  a nova moda de  ter um pet e tratá-lo como um ser  humano, uma pessoa da família e assim, abrandar a solidão e camuflar a dificuldade de relacionar com as pessoas. Tenho espírito livre, sempre amei a liberdade e privar qualquer ser vivo de  viver  em seu habitat, seguindo o seu instinto natural parte o meu coração.
            Para usufruir de todas  as facilidades das tecnologias  é preciso dinheiro, e neste momento de incerteza  com a pandemia,  insegurança jurídica e tantos outros desmandos na política, cortar gastos faz-se necessário e canais pagos é um luxo para poucos, mas quem pode usufruir somente  do conteúdo gratuito  disponível na internet precisa de muita  paciência e persistência para garimpar no Youtube bons filmes, eu assisti um que recomendo: “Vá para a luz”. Baseado em fatos reais, o filme conta a história de  um jovem casal que com amor e sensibilidade   auxiliaram o seu primogênito fazer a passagem vida/morte com serenidade.  É um filme lindo!
 Neste isolamento social, meu único lazer é oriundo da  internet, razão pela qual sou profundamente grata a todos aqueles que  trabalham criando conteúdo e meios para que um pouco de arte  chegue até as  populações  desprovidas de recursos para usufruir  ao vivo de  apresentações de teatro, dança, shows, se bem que a pandemia, em termos de lazer,  retirou  a possibilidade de  apreciar  um bom espetáculo até dos milionários, simplesmente  porque não há apresentações.