sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
A invisibilidade de Anita
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
Amargando a solidão
Tudo
o que desejo é aliviar a minha angústia
de estar completamente só, de fato e de sentimentos. Por que faço esta
diferenciação? Quando eu morava com
minha família, cercada de pessoas 24
horas por dia, 365 por ano, a
solidão era a minha companheira inseparável;
sempre incompreendida, criticada, esculhambada, inclusive pela minha própria mãe,
que até o último instante de sua vida, jogou
em minha cara que eu não era o filho que ela queria ter. Que eu não
passava de uma “lesma”, uma menina feia que só lhe causava preocupação.
Este sentimento de solidão dói. Por um
tempo, fiz tudo que estava ao meu alcance para fazer amizades: procurava
visitar as pessoas, convidá-las à minha casa, para sair. Mas o lastimável é que não consegui uma
amizade sólida, alguém que se preocupasse comigo, ou pelo menos, lembrasse de
mim. Algumas apenas retribuíam os meus convites. Atualmente, com as facilidades das redes sociais, ninguém
me envia uma mensagem sequer, para saber como eu estou, para jogar conversa
fora, sendo franca e objetiva, para nada.
E os namorados? Este é um mistério! Não
sei a razão pela qual não consigo atrair os olhares masculinos. Tantas
pessoas contam que conheceu o parceiro
no Metrô, no ônibus, no mercado, na igreja, em atividades culturais, e eu, que frequento todos estes
lugares, nada. Peguei até uma dicas na
internet, para andar feito coruja, girando a cabeça até 270 graus, com o olhar
atento, com a esperança de cruzar com
outros olhos solitários. Outro fato estranho, que vale a pena comentar neste
post. Quantas pessoas se conhecem via internet, entram em furada e outros, se dão bem, casa e são felizes para
sempre. Entro em site de relacionamentos,
deixo mensagem aos homens disponíveis,
que nunca me retornam. Eu sou uma mulher
bem apresentável, de bom gosto,
inteligente, e profundamente só. Até academia estou fazendo, com o intuito de
aumentar a minha área de caça.
Você
que leu este post e se deu bem no amor, por favor, deixe nos comentários uma dica.
domingo, 25 de dezembro de 2022
Solidão natalina
E o Natal chegou! Qual
foi a diferença para mim? Nenhuma, porque o sentimento religioso que nesta data
nasceu o Salvador do mundo, não existe mais em
meu coração e nem sei se ele
existiu uma dia. Em minha infância, nunca ganhei um presente de natal, a casa
nunca foi decorada com enfeites dourados e vermelhos e, presépio, só conhece adulta, com os meus próprio meios. Havia
sim, a reza do terço na noite de 24 de dezembro, e talvez, o que tenha
colaborado para a minha descrença foi o fato de rezar e nada acontecer. Tudo
muito abstrato para uma criança. São
tantos os meus sonhos não realizados, mas um que dói é o fato de nunca ter
acordado de manhã e encontrado
qualquer coisa em meus chinelinhos, que nem sapato eu tinha. Uma vez,
descobriram que eu havia colocado os
chinelos na janela e até o último
suspiro dos meus familiares, fui vítima
de chacota. A infância sem a concretização
da magia é seca e dolorosa para a criança com imaginação fértil. Se não tinham condições de me dar sequer um pirulito, por
que alimentavam a esperança?
Durante um período em minha vida, aderi
ao programa dos Correios de fazer o natal de crianças pobres, e fazer a alegria
de uma criança, rejubilava o meu coração. Hoje, admito que o acúmulo
de frustrações, mágoas e solidão, fez de
mim uma pessoa egoísta que não consigo mais pensar na possibilidade de dar um
pouco de felicidade a alguém nesta data
especial, nem mesmo de uma inocente
criança. Tudo aquilo que sonhei, desejei, não chegou para mim, por que
outro tem esse direito? Generosidade não está mais em meu coração. Durante
anos, enviei cartões, dei presentes, e, nunca
fui lembrada por aqueles que me eram caros. Alguns ainda tinham a
gentileza de retribuir. Só que há uma diferença: Retribuir significa que o
destinatário lembrou de mim somente quando recebeu o mimo. Este ano, enviei, via
Correios, seis cartões de natal, apenas uma pessoa agradeceu, assim, digo com
segurança, que o investimento não valeu a pena. Ninguém se preocupa com a solitária
aqui, uma mulher seca, cujo ventre não
foi capaz de gerar uma vida. Se tivesse pelo menos um filho, para nestas datas festivas, aparecer para filar bóia
e economizar nas despesas de final de ano, eu não seria tão sozinha.
O que tenho nos finais de anos é apenas o brilho da
lua e das estrelas. Ontem fui à missa, não
por acreditar nos mistérios e magia do natal, mas para amenizar a minha solidão
e talvez, encontrar um namorado. Saí de
antena ligada, com o pescoço girando
para a direita e para a esquerda, para a minha decepção, meus olhos não alcançaram um homem com idade compatível a
minha sozinho, os “da bengala” estão todos acompanhados de esposa, filhos e
netos. Não quero um companheiro muito
mais novo do que eu, por duas razões sérias: medo que ele abrevie a minha partida para a “terra
dos pés juntos” e de traições, pois uma octogenária já está com a sexualidade
serenada. Posso até não conseguir
encontrar um namorado com idade compatível
com a minha, mas o fato de sair à
procura, é um bom antídoto para amenizar a solidão.
Este ano de 2022, muitas pessoas de minha infância partiram, até a rainha
Elizabete II, que nós, ingenuamente, acreditávamos que trocaríamos de morada primeiro, se foi. E segue a lista:
Elza Soares, Jô Soares, Milton Gonçalves, Olavo de Carvalho, Carlos
Eduardo Moreira e Arnaldo Jabor. Cláudia Jimenez, Gal Costa, Rolando Boldrin, Éramos Carlos, e muitos outros, e quanto ao
rei do futebol, o Pelé, os boletins médicos,
não são animadores. O preço que
se paga pela longevidade é a solidão! Familiares, amigos, colegas de trabalho e ídolos, partem, um a um. Então, o que tenho a
celebrar hoje é a vida e a saúde!
sábado, 17 de dezembro de 2022
Passagem gratuita
A vida tem os seus mistérios! Fiquei mais de duas
horas, na rodoviária, esperando para conseguir
uma passagem intermunicipal gratuita, que eu, no auge de meus oitenta
anos, tenho direito. Éramos aproximadamente 20 idosos, à espera do benefício
e como eu muitos não conseguiram.
No futuro, não sei quais
serão as condições para aqueles que carregam
nas costas, o peso de muitos janeiros usufruírem do benefício. Hoje é
humilhante e cansativo. Temos que ir
marcar cinco dias antes da viagem,
e no mesmo horário em que
queremos embarcar. Exemplo: quero viajar sexta-feira, às doze horas, tenho que
estar no guichê da empresa, domingo doze
horas, para marcar. Resignada, comprei e paguei a passagem e
segui o meu destino. Foi um dia cansativo. Água, lanche e almoço estão muito caro. Para um aposentado comer fora, significa que até o
próximo pagamento, em casa, terá apenas arroz e feijão. É a vida, e dando graças a Deus que temos comida no prato
enquanto tantos não tem. Fato é que quando fui
comprar a passagem de volta, o
rapaz perguntou a minha idade, pediu minha identidade e fui beneficiada com a gratuidade do transporte. Tão feliz fiquei, que não
resisti, o pão de mel que eu havia ganho
no restaurante, entreguei a ele com o coração pleno de alegria e gratidão! Tenho rezado e pedido tanto a Deus que o
dinheiro venha até mim e que meus rendimentos sejam o suficiente para pagar as contas e guardar para a minha
independência financeira que só posso dizer: Obrigada meu Deus! Mil vezes
obrigada.
terça-feira, 13 de dezembro de 2022
Comemorações religiosas
Observei atentos
os festejos de Iemanjá, no litoral sul de São Paulo e constatei que sou uma
pessoa desprovida de fé
Em 12 de
dezembro se comemora o dia de Nossa Senhora de Guadalupe, a padroeira das
Américas e eu somente tomei conhecimento que nós sul americanos temos uma
padroeira, pelas onda do rádio, e não pelo padres, em minha igreja. Que ela é padroeira do México, isto eu já sabia, agora,
fico cá a pensar, os secretários de turismo não sabem aproveitar bem esta data,
deveria ser feriado nacional em todas as Américas católicas. Festas religiosas movimentam a economia local.
Hoje, 13 de
dezembro, é dia de Santa Luzia, a
protetora da visão, isto eu soube deste
quando me apaixonei pelo nosso amado rei “Roberto Carlos”, é sabido que
ele não trabalha nesta data e sempre lutou para que o seu amado filho, o
Segundinho, não perdesse a visão. A
Santa não atendeu ao clamor do Rei, como ele pediu, eu acredito, que havia uma missão maior para a criança. Muito jovem
ele ficou cego, mas não escondeu dos fãs e
continuou trabalhando, o que muito contribuiu para o entendimento popular de que um deficiente
visual também é um ser produtivo e feliz, capaz de construir uma família e
trabalhar. Os designo de Deus, só ele
sabe! Peço a Nossa Senhora de Guadalupe
que proteja a nossa América Latina e a Santa Luzia, que proteja a minha visão e
abra os olhos da nação para os desmandos do “ encarnado” que agora está poder e
queira Nossa Senhora de Guadalupe, que a América renasça com valores universais
de amor ao próximo e à natureza. Suplico também, que me dê fé!
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
Cartões natalinos
Tenho ciência de como sou insignificante para as pessoas com quem
me relaciono. Tenho ciência que não formei laços de afetos fortes nas
searas que percorri, assim, as poucas pessoas que tenho endereço, já que
não posso dizer que tenho contato, porque elas nunca enviam
mensagem, procuram saber de mim nem
curtem as minhas redes sociais, sempre eu que tomo a iniciativa,
porém, migalhas é melhor do que nada e para lembrá-las que eu ainda
existo, decidi agir à moda antiga e enviar um cartão de natal
para cinco.
Mas porque
exatamente cinco? Simples. Encontrei uma promoção de cartões ao valor de um real, com envelope, e como eu
tinha exatamente cinco reais, efetuei a compra. O critério de escolha para o envio foi o tempo de ausência e distância. Tudo pronto,
partir para os Correios e aí, percebi que o transporte saiu
mais que o dobro do preço do produto. Em
selos, gastei onze reais e setenta e
cinco centavos, aí somado aos dez reais de passagem urbana, e a empada que comprei, ao final, totalizaram trinta
reais e vinte e cinco centavos.
Na ponta do lápis, cada cartão saiu a um
custo de seis reais e cinco centavos. Em tempos de WhatsApp,
fiquei a pensar se valeu a pena
o investimento? Se o custo valerá o benefício? Será que o recebimento de um cartão impresso suscitará alguma lembrança dos idos tempos em
que a conversa presencial era a melhor forma de demonstrar e amizade? São apenas especulações de uma pessoa
carente, em busca de migalhas de afeto! Fato
é que eu sou realmente só e como sempre,
passarei as festas de final de ano sozinha, mas como a esperança é a última que morre, quem sabe, uma pessoa
entra em contato para agradecer o cartão, talvez, pelo susto de receber uma
correspondência impressa.