domingo, 18 de junho de 2017

Flores de Helma

              Deixar sua marca na terra, se perpetuar atrás dos descendentes é um desejo humano. Aqueles que não foram abençoadas com  filhos  e nem nasceram iluminados como Buda, Confúcio, Jesus Cristo, e não  deixaram um grande legado artístico como suntuoso barroco mineiro do Mestre Aleijadinho,  a Brasília de JK, restam-lhes  plantar uma árvore ou escrever um livro. Segundo a sabedoria popular, são duas  maneiras eficientes de se eternizarem.
          Helma está entre as mulheres  desprovidas de talentos.  Desde o seu nascimento que carrega a dolorosa sina de ser rejeita entre os familiares. Feia, pobre, mal amada, educação escolar deficitária.  Sem grandes perspectivas profissionais, em sua cidade natal, partiu em busca do sonho de uma boa situação financeira e realização profissional. Inexperiente, sem apoio familiar, lutou  bravamente,  mas conseguiu apenas sobreviver com dignidade.
            Os anos se passaram e ela se viu  no mesmo ponto de partida: Sozinha, sem dinheiro,  morando em um minúsculo apartamento alugado. Para preencher seus  longos e sombrios dias,  planta mudas de  flores em  embalagens de leite longa vida. Assim que dão a primeira florada, ela as coloca na calçada, na expectativa de que levem um pouco de alegria a outras pessoas solitárias como ela e, quem sabe, se eternizará em cada germinar das novas sementes.

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