O artista exerce
tal influência sobre os seus fãs que quando ele morre é como se perdesse uma
pessoa da família e de convivência diária.
Eu estou com uma dificuldade em lidar
com a morte do sertanejo Léo Canhoto. Cresci ouvindo suas músicas, era tiete de
carteirinha dele. Acredito que está sensação estranha que estou sentindo é
decorrente do fato do enterro não ter
sido divulgado, uma medida prudente para evitar aglomerações. Ele era muito querido e tinha uma legião de fãs. A
cerimônia do velório é importante porque nos ajuda a lidar com a perda, choramos juntos, compartilhamos lembranças
felizes e cheias de significados. Antes da pandemia era este o ritual, o
luto coletivo e a certeza de que o falecido permanecerá
para sempre em nossos corações, mas até
este momento de viver juntos a dor da
perda, o Coronavírus tirou de nós.
A fragilidade da
vida frente ao Covid-19 e a proibição de
velório gera uma angustia, o medo de
morrer, de perder alguém, de ser contaminado, de contaminar as outras
pessoas e a imprensa alimenta diariamente
o pavor este pavor coletivo ao priorizar o número de óbito,
porque não podemos saber quantos estão sendo curados? Para nós, latinos, afetuosos por natureza, o sofrimento
é maior. Manter distâncias das pessoas e usar máscara, não tocar em ninguém é uma
tortura diária. O silêncio e a presença podem ser valiosos em outras culturas,
não precisamos de abraços apertados, apertos de mãos, tapinhas nas costas. As
dores fazem parte da vida de todos os seres
vivos, mas em tempos de isolamento social, sem um ombro amigo e mãos
carinhosas a acariciar-lhe os cabelos, fica pesado lidar com o sofrimento.
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