domingo, 19 de julho de 2020

Diário da quarentena - 124º dia

                             Acordei às cinco horas da manhã com sede e calor. Após tomar um copo de água fresca  graças ao filtro de barro, que modernidade nenhuma faz-me  abandoná-lo, abri a janela do quarto, olhei o céu  e vi  estrelas. Estas luzes diziam que eu poderia aproveitar  duas horas a mais de sono com a presença do ar fresco da madrugada e retornei  ao leito. Lá pelas sete horas, levantei-me, abri a cortina, e o amanhecer estava envolvido em uma  cerração que não permitia enxergar as casas da frente com nitidez; e  o céu? Branco como  a neve! Não sei a que horas começou este  espetáculo da natureza que muito deve ter preocupado os comandantes dos navios e pilotos dos aviões    pois o que é beleza para uns, para eles é sinal de alerta  máximo. Enquanto preparava o café da manhã, os raios de sol foram ganhando forças  e o  nevoeiro foi dissipado  em poucos minutos , e  mesmo sendo dia  Santo, coloquei a  roupa   na máquina para aproveitar o astro rei,  que não sei por quantos dias  ainda reinará, e estamos precisando do calor, este mês de julho está muito frio, e em isolamento social, parece que a friagem aumenta.
            Domingo!  Antes da quarentena, era o dia em que eu saia  a caminhar  pela Av. Paulista, apreciando as apresentações artísticas  gratuitas, olhando os produtos oferecidos pelos ambulantes autorizados. Encontrava-se de tudo: incenso, echarpes, livros, CDs, fora as relíquias na feira de antiguidade  no vão livre do MASP, a tradicional feira de artesanato  na calçada do Parque Trianon.  Neste isolamento social, eu percebi o quão importante são estes projetos  de lazer e que falta eles fazem.Como enriquecem os dias daqueles que estão  na terra, esperando  a hora do  adeus e dos jovens ávidos de novidades a baixo  custo.

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