sábado, 11 de julho de 2020

Diário do isolamento social. - 116º

                          É sábado! Dia  tradicional de diversão, mas em quarentena, apenas mais um dia  em casa, com medo de assistir  os jornais  em virtudes do noticiário alarmista; digo isto porque acessei o site transparência registro civil e comparei o total de óbitos de 2019/2020 e cheguei a conclusão que não podemos confiar cegamente na imprensa e nas autoridades e  nós, os pobres, estamos tão solitários quanto uma vela acessa em um quarto escuro  cuja chama  cria ao redor, um pequeno círculo de claridade que se dissolve suavemente na escuridão e abre caminho para a incerteza e o medo. Sim,  a  grande massa popular está  abandonada e assustada. Os discursos dos cientistas são contraditórios, a imprensa manipula informações e há um tom eleitoreiro nas falas dos políticos. Em meio a uma pandemia  estamos sós, com apenas  uma luz bruxuleante a indicar um caminho   para que possamos encontrar uma  maneira eficaz de  sobrevivermos   ao coronavírus.   Em meio aos devaneios, eis  que surge uma pergunta  crucial. Esta solidão que sinto é verdadeiramente minha ou  é uma imposição do momento? Teoricamente eu tenho acesso as  pessoas via webcan; pela internet, rádio, televisão  posso saber em tempo real que tudo acontece no  mundo. Mas isto  preenche o meu  vazio existencial, a necessidade de calor humano?  A solidão é uma realidade dolorosa e o uso de máscara  é sufocante. Estamos sendo privados até  de uma das maiores dádivas de Deus, o oxigênio.  Permanecer em casa é amargar dias solitários, caminhar pelas ruas é assustador: medo de meliantes  e do inimigo invisível, solto no ar. Estamos sem espaço na nossa morada sagrada – a terra!
            Neste momento angustiante, provavelmente há quem diga  que  não devemos dar tanta atenção ao que estão fazendo conosco, mas o que iremos fazer para seguir adiante com o mínimo possível de sequelas. A maldade humana é ilimitada e  basta  um pouco de estudo de  história para perceber  que ela é tão antiga quando o homem, apenas  a maneira de  exercê-la  é que vai se transformando e adaptando à nova realidade e alguns inescrupulosos a estão exercendo com requinte de crueldade, alheios as mazelas do povo.  Em isolamento social, é difícil raciocinar e encontrar um caminho menos doloroso para sobreviver ao lento passar das horas, a rotinha é pesada. Nem mesmo a natureza suporta a monotonia, tanto que ela criou as quatro estações do ano, cada uma com uma característica e uma beleza peculiar.
                     

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