Quem pensa que o pior já passou e que a população já sabe como lidar com a pandemia, dentro em breve constatará que está enganado. Um pouco mais de paciência e em pouco tempo receberá mais um visitante indesejado. O mosquito Aedes aegypti montou a barraca definitivamente no Brasil em 1981 e o todo poderoso transmite dengue, zica, chikungunya. Milhões de reais são gastos anualmente em campanhas de prevenção, porém, a população ganha uma batalha e perde nove. O mosquito continua na ativa, ampliando o seu roll de vítimas mas desde 2020, um pouco esquecido pelas autoridades e pelo povo porque chegou um concorrente bem mais poderoso, o coronavírus que ceifa vidas impiedosamente.Talvez pelos intermináveis lockdown, que provocou quebra das empresas e desemprego em massa, centenas de milhares de pessoas estão aglomeradas em casa, com insegurança alimentar, tendo que economizar água, luz, material de higiene pessoal ao extremo, tenha propiciado a ressurreição do insuportável ácaro chamado Sarcoptes scabiei, que usa como hospedeiro o ser humano e provoca a popular “sarna humana”. Outra praga que também deixou o túmulo foi o Pediculus humanus capitis e o que já estava ruim ficou pior ainda. Dentro de casa, com fome, com medo de contrair covid-19, zica, chikungunya, com coceira em todo o corpo e doando sangue para o piolho proliferar deixa qualquer um a beira de um ataque de nervos e várias cidades brasileiras enfrentam surtos de todas estas pragas juntas. Será o prenúncio do apocalipse?
domingo, 30 de maio de 2021
quinta-feira, 27 de maio de 2021
Homens grávidos
Quem pensa que desmando acontecem somente na classe política está enganado. Os políticos corruptos foram eleitos por pessoas que não dão a atenção devida a ética e também não pesquisam a biografia do candidato para saber quem ele é, sua vocação para trabalhar em prol dos fracos e oprimidos e pela soberania nacional. Entre falcatruas, desvios de verbas destinadas ao combate a pandemia do coronavírus, surgiu algo inusitado: homens grávidos.
Sim, parece conto de fadas, da carochinha, fake-news, mas é verdade e o fato aconteceu em Divinópolis, cidade localizada no centro-oeste mineiro. Até onde se sabe, 17 homens se cadastraram como gestantes e puérperas com o intuito de receber as doses das vacinas do Covid-19. Os fura-filas esqueceram que em plena era tecnológica, cruzar dados é uma prática comum e obrigatória e eles, fatalmente seriam descobertos. Além de não terem alcançado o objetivo, expuseram-se ao ridículo mundial e também os seus familiares.
Ser vacinado é um direito de todos, porém, há de se esperar a sua vez. Enquanto aguarda o momento de arregaçar a manga da camisa e entregar o braço aos cuidados de um enfermeiro treinado, andar de máscara, manter distanciamento social, usar álcool gel e fugir das aglomerações é a opção mais segura para se proteger e ao próximo. Cabe também ao cidadão, denunciar irregularidades em todas as esferas da sociedade, principalmente nas que envolvem o combate a pandemia que tem ceifados tantas vidas. Somente com honestidade, trabalho, amor ao próximo e a si mesmo, o país vencerá o inimigo invisível e fortalecerá a soberania nacional.
terça-feira, 18 de maio de 2021
O caso dos óculos,
Pensei que a reabertura do comércio pós pandemia traria novo ânimo aos patrões e empregados e que estes estariam ávidos pela recuperação dos prejuízos durante os tediosos lockdown. Que nada! O péssimo atendimento ao cliente parece que aprimorou. Assim que tomei a primeira dose da vacina, tomei coragem e passei em consulta com um oculista, destes que atuam vinculados a alguma ótica e você não paga a consulta, caso adquira o óculos no estabelecimento em que ele presta serviço. Correto é, mas não é o ideal. O indicado é procurar um oftalmologista para além da correção do grau, verificar também a saúde dos olhos. Eu arrisquei porque preciso somente de um óculos para costura, artesanato e a perdição dos brasileiros na atualidade: redes sociais. Fui bem atendida, escolhi um produto de qualidade, paguei caro e esperei ansiosamente o dia de ir buscá-lo.
O dia previsto para a entrega amanheceu frio e chuvoso e para poupar o dinheiro da condução e evitar horas no trânsito e correr o risco de chegar antes do malote do laboratório, achei prudente telefonar e perguntar se já podia ir retirá-los. Foi uma ótima escolha! A simpática funcionária informou que ele ainda não havia chegado e que ela entraria em contato assim que ele estivesse disponível para entrega pós a conferência do grau. Agradeci satisfeita. Doce ilusão!
Lá pelas onze horas o telefone tocou. Atendi correndo, sequer desliguei o fogão porque acreditava que o papo seria bem rápido. “ está pronto, pode vir buscar. Obrigada, estou indo.” A funcionária, um pouco sem graça, informou-me que o óculos chegara, porém com o grau errado. Comprei lentes ocupacionais, para perto e média distância e por incrível que pareça, o laboratório errou e fez as lentes de média e longa distância. Um erro primário, mas não mesmo grave. E lá se vão mais uns quinze dias no mínimo de espera e preocupação. A prestação de serviço do laboratório não apresenta a qualidade desejada; como ninguém percebeu o erro? Fizeram uma lente totalmente diferente da receita? E custou R$1.600,00 em maio de 2021.
quinta-feira, 13 de maio de 2021
A chuva cai
A chuva de maio molha o outono/2021 e o frio faz sofrer as pessoas que não dispõem de agasalho necessário para aquecer o corpo. Foram oito horas de chuva contínua, ora fina, ora média. Água abençoada que desceu do céu penetrou na terra seca e chegou ao lençol freático e posteriormente retornará em “olhos d’água, e minas” Chuva abençoada para os que estão no processo de plantio e ingrata para os que estão trabalhando na colheita que foi regada com o suor de seu rosto, corre – se o risco de perder a safra Assim é a natureza e cabe ao homem adaptar-se à ela. Os citadinos que desconhecem a importância dos ciclos da natureza para a produção de alimentos, reclamam ao sair para trabalhar e enfrentar transporte público lotado e os agraciados, que possuem o seu automóvel, reclamam do trânsito lento; desconhecem a dureza da vida do trabalhador rural, que enfrenta sol e chuva para garantir a comida na mesa de todos os brasileiros.
Descanso
semanal remunerado, férias e demais benefícios
das leis trabalhistas são desconhecidos do pequeno produtor rural, que
juntamente com a sua família, trabalham de segunda a segunda, cuidando de seus animais e plantações que
exigem cuidados diários e quase nunca teem tempo para apreciar a beleza do ritmo dos pingos da chuva que cai sobre o telhado, mas quando os
janeiros pesam sobre os seus ombros cansados, sem forças para a labuta diária,
entregam-se ao prazer de observar as peculiaridades de cada estação do ano e
transmitir aos seus descendentes os
saberes milenares da vida no campo.
quarta-feira, 12 de maio de 2021
Falar é perigoso
Existiu
uma vida mais alegre e fraternal antes da pandemia e do uso obrigatório de máscara,
do constrangimento de tossir ou espirrar
O inimaginável acontece diariamente entre as pessoas
conscientes da real situação enfrentada pelo mundo- Distanciamento social e contenção
de palavras-. Falar tornou-se perigoso porque as gotículas expelidas pela boca podem ser fatais. A
sabedoria popular, desde tempos imemoriáveis já proclamou que falar liberta, cura as feridas da alma, e quando se
fala com estranhos, que não serão
mensageiros de intrigas familiares e profissionais, a pessoa angustiada sente-se mais
encorajada a esvaziar a alma. Locais
como ponto de ônibus, fila de banco, sala de espera de hospitais e postos de saúde, sempre funcionaram como excelentes divãs. De
repente tudo mudou! Cada um em seu espaço, agarrado ao seu celular, olhando de
relance para ver se todos estão a dois metros de distâncias e histórias de vida
não mais são repassadas e já não somos
mais terapeutas uns dos outros.
terça-feira, 11 de maio de 2021
Triplo medo
Todas as pessoas normais, principalmente as idosas temem sair às ruas, não apenas pelo medo de contrair a Covid-19, já que a chikungunya, o perigo maior está dentro da própria casa, mas pelo medo se ser assaltada por jovens ávidos para pegar o celular e os trocados que tiver na bolsa. O pequeno comerciante sofre diariamente com pequenos assaltos: celular dos funcionários, dinheiro do caixa e produtos expostos e sempre os mais caros. Para conseguir o intento, usam facas e bem afiadas. As pessoas que nunca foram vítimas destes jovens, que não roubam porque estão passando fome, mas para ostentação ou para a aquisição de drogas e manutenção do vício, revoltam-se quando estes são abordados pela Polícia Militar. É um trabalho que deve ser feito rotineiramente para coibir esta prática que além do prejuízo financeiro, há também o trauma emocional da vítima, que é esquecida pela sociedade e segue a sua vida sofrendo em silêncio.
O
pequeno comerciante sofreu com os intermináveis lockdown e agora que tenta reerguer-se, vê seu patrimônio ser delapidado pelos
adolescentes infratores. Eles recebem os clientes assustados, sempre a duvidar se é cliente ou
meliante; pagar uma compra de vinte reais com uma nota de cinqüenta reais terá que esperar que ele vá
ao comércio maior, em que há seguranças particulares trocar o dinheiro e por quê?
Por medo! Faz depósito mais de uma vez ao dia, não pode ter dinheiro em caixa,
a “sangria” deve ser feita tão logo entre notas maiores. Medo! Eles trabalham
assustados, amedrontados e assim também os clientes, que andam com o dinheiro contado porque se o ladrão
levar, que pelo menos, que seja pouco e
ainda agradecer a Deus por estar vivo- o dinheiro foi e a vida ficou.
Estar
no recinto sagrado do lar está perigoso, sem água parada e o quintal com uma limpeza
impecável não é sinônimo de segurança, o
mosquito Aedes aegypti circula
num raio de
segunda-feira, 10 de maio de 2021
O suicídio de Isabelly
Autoridade mundial em psicologia que estuda o peso da humilhação no emocional do indivíduo e sua relação com suicídio e terrorismo, a psicóloga alemã Evelin Lindner afirma que “ A humilhação é a bomba nuclear das emoções”. Esta afirmação tem ecoado de forma profunda entre as pessoas que conviviam com Isabelly após o seu suicídio. Aparentemente, ela estava feliz e realizada. Acabara de comprar e reformar uma casa com amplo quintal, como não cansava de dizer “para os bichos terem mais espaço”, e já preparava a mudança exatamente para o final de semana em que atentou contra a própria vida, de forma violenta.Acredita-se que primeiro tenha cortado a própria língua para não gritar de dor e despertar o marido e os animais domésticos e em seguida, duas facadas na barriga e uma certeira e violenta no pescoço. Utilizou duas facas de cozinha e bem afiadas.
A pergunta que nunca será respondida é: Qual era a sua dor? Havia uma dor com uma intensidade imensurável, maior que da alegria do casamento recente, do novo emprego, do sonho da casa própria e do amor de mãe, embora adultos, filhos, carecem da segurança materna, mesmo distante, a genitora é o porto seguro, a certeza de se ter para onde voltar. Generosa, prestativa, sempre sorridente, a vizinhança não conhecia a sua história, como foi sua infância, adolescência e a labuta da vida adulta, as situações vexatórias sofridas em família, no trabalho e as dores de sua viuvez. Ela nunca se queixava de nada, parecia feliz e realizada com o novo relacionamento e os rumos que a sua vida tomara.
A morte chegou de forma trágica e com ela, as fofocas, calúnias difamações a tripudiação sobre a falecida que já estava silenciada, sem poder se defender. Durante o velório as línguas afiadas trouxeram à tona as humilhações sofridas, a conta gotas desde o início do relacionamento com o atual marido pela ex-esposa. Eles se aproximaram quando ele rompeu o casamento de trinta anos. Ela foi acusada de por fim ao relacionamento desgastado do casal em decorrência do ciúme doentio da esposa que perdurou pós divórcio. Será que o peso das humilhações diárias ajudou a reforçar uma outra dor, desconhecida de todos os amigos e familiares e que está dor tenha desfigurado a sua identidade de cristã, temente a Deus e desencadeou o ato irracional e violento, dificílimo de ser evitado? A imensidão da dor que dilacerava o seu coração era maior que tudo e ela optou por deixar de viver?
quinta-feira, 6 de maio de 2021
Minha criança interior
Tudo era escasso: roupas, sapatos, adereços e alimentos. Confesso que não sinto saudades daquelas noites em que antes de ir para a cama, eu não tomava um copo de leite, mas um copo de água com açúcar, porque era a única coisa que havia no armário e para abrandar a fome, dava asas a imaginação e ficava a vagar sobre o dia em que eu faria todos os cursos disponíveis no mercado e tornar-me-ia uma pessoa culta e próspera. Graças a este sonho, sobrevive aos desmandos da política que oprime a classe trabalhadora e consegui o maior de todos os sonhos do pobre: aposentar e junto com ela a pandemia do coronavírus, as intermináveis quarentenas, isolamento social e solidão.
Sem poder interagir com as pessoas da comunidade religiosa, a única opção que restou foi navegar na internet em busca de algo interessante com a capacidade de preencher o meu vazio existencial. Felizmente a oferta de cursos online gratuitos é farta e optei por um que prometia a cura das feridas da criança interior. Arrisquei e já na segunda aula, senti que feridas profundas, aparentemente esquecidas poderiam voltar a sangrar, mas decidi enfrentá-las. Não tenho nada a perder. Não consegui ser uma pessoa culta; não consigo conversar sobre política, filosofia, artes,tecnologia, discorro apenas sobre os preços de supermercados, farmácias e papos de novela e demais frivolidades da vida. Também não sou rica, nem mesmo posso ser classificada como uma pessoa com uma folga financeira, porém, tenho um computador e uso wi fi do prédio e posso desfrutar do prazer do saber de pessoas inteligentes.
O bom do curso é que a mestra combina teoria e prática e na segunda aula, a reflexão girou em torno das necessidades básicas da criança, mas que o foco fosse a criança que um dia, nós alunas fomos. Já na primeira pergunta lagrimas silenciosas brotaram em abundância de meus olhos.
Toda criança precisa ser
bem-vinda. Não, eu não fui bem-vinda e menos ainda desejada. Tudo estava
preparado para receber o primogênito, o varão, aquele que iria honrar o nome da família, com trabalho e integridade. Eu fui aceita? Claro que não,
fui tolerada porque não havia outra opção, já que nasci em uma família de
católicos fervorosos, que juraram
perante Deus que criariam todos os filhos
que Deus lhes confiasse. Tiveram que suportar-me, meu pai o fez com resignação,
mas minha mãe lembrou-me até o dia de sua morte que eu não era o filho que ela
queria ter. Quanto à atenção, se recebi? Recebi o suficiente para crescer sem
trágicos acidentes domésticos e sentia-me segura no ambiente em que eu vivia,
com alimentação nas horas certas e naturais, porém, não tenho lembranças de
ser abraçada e beijada pelos meus pais. Mas tenho uma vaga lembrança de
brincadeiras