segunda-feira, 10 de maio de 2021

O suicídio de Isabelly

 

         Autoridade mundial  em psicologia  que estuda o peso da humilhação no emocional do indivíduo  e sua relação  com suicídio e  terrorismo, a  psicóloga alemã  Evelin Lindner afirma que “ A  humilhação é a  bomba nuclear das emoções”. Esta afirmação tem ecoado de forma profunda  entre as pessoas que conviviam com Isabelly após o seu suicídio. Aparentemente, ela estava feliz e realizada. Acabara de comprar e reformar  uma casa com amplo quintal, como não cansava de dizer “para os bichos terem mais espaço”,  e já preparava a mudança  exatamente para o final de semana em que atentou contra  a própria vida, de forma violenta.Acredita-se que primeiro tenha cortado a própria língua para não gritar de dor e despertar o marido e os animais domésticos e em seguida,  duas facadas na barriga e uma certeira e violenta no pescoço. Utilizou duas facas de cozinha e bem  afiadas.

            A pergunta que nunca será respondida é: Qual era a sua dor?  Havia uma dor com uma intensidade  imensurável,  maior que da alegria do casamento recente, do novo emprego, do sonho da casa  própria e do amor de mãe, embora adultos,  filhos, carecem da segurança materna, mesmo distante,  a genitora é o porto seguro, a certeza de se ter para onde voltar. Generosa, prestativa, sempre sorridente,  a vizinhança não conhecia a sua história, como foi sua infância, adolescência e a labuta da vida adulta, as situações vexatórias sofridas em família, no trabalho e as dores de sua viuvez.  Ela nunca se queixava de nada,  parecia feliz e realizada com o novo relacionamento e os rumos que a sua vida tomara.

            A morte chegou  de forma trágica e com ela, as fofocas, calúnias  difamações a tripudiação sobre a falecida que  já estava silenciada, sem poder se defender. Durante o velório as línguas  afiadas trouxeram à tona  as humilhações sofridas, a conta gotas desde o  início do relacionamento com o atual marido pela ex-esposa. Eles se aproximaram quando ele rompeu o casamento de trinta anos. Ela foi acusada de por fim  ao relacionamento  desgastado  do casal em decorrência do ciúme doentio da esposa que perdurou pós  divórcio.  Será que o peso das humilhações diárias ajudou a reforçar uma outra dor, desconhecida de todos os amigos e familiares e que está dor tenha desfigurado a sua identidade de cristã, temente a Deus e desencadeou  o ato irracional e violento, dificílimo de ser evitado? A imensidão da dor que dilacerava o seu coração era maior que tudo e ela optou por deixar de viver?

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