quarta-feira, 8 de julho de 2020

Diário da quarentena - 113º dia

                                E lá se vai mais um dia e eu estou cansada. Pela manhã fui ao mercado e após o banho e a roupa na máquina fui higienizar e guardar as compras e nestes afazeres  nem vi  o passar das horas e quando  o celular tocou, quase não atendi,  era uma amiga preocupada com o avanço do coronavírus nos Estados Unidos e no Peru, onde tem parentes contaminados, felizmente nenhum veio a óbito. No Peru, segundo ela, também está sendo receitado o medicamento para vermes e piolhos que minha amiga e família tomaram e   recuperaram logo, sem internação, graças a Deus. O Presidente também está em plena recuperação, segundo as últimas noticias. Mas com uma doença nova, somente depois de curado  é que há tranqüilidade.
             Umidade do ar está baixa, 45º graus, amanhã, quero levantar cedo para  fazer uma faxina rigorosa na casa porque uma frente fria está para chegar a qualquer momento. Enquanto eu cuidada das compras, estava vendo um vídeo que conta a história da Dona Yaya. Incrível como nós, habitantes das grandes metrópoles, não damos atenção a história do  bairro onde residimos. Morei  muitos anos no Bixiga, passava todos os dias em frente a casa em que foi adaptada para o isolamento dela, como era costume na época, as  pessoas com problemas mentais ficavam reclusas  em Sanatórios ou   na própria casa, quando havia espaço e  somente hoje, em  mais de cem dias de isolamento social,  eu tive conhecimento do sofrimento desta dama da alta sociedade, que ficou isolada durante 36  anos. Apesar de estar aos cuidados dos maiores especialistas em psiquiatria da época, como Juliano Moreira e Franco da Rocha, sua doença progredia continuamente. A imprensa da época  noticiava  disputas judiciais pela curatela e guarda dos bens da rica herdeira que não pode usufruir  do que lhe deixou seus pais. Após a sua morte, sua herança ficou vacante e  foi transferida para a Universidade de São Paulo. E nada mais aconteceu no decorrer deste dia de temperatura agradável, apenas a lenta espera do findar da quarentena e o desaparecimento definitivo do fantasma da Covid-19. Que em breve ela seja uma página virada.
           

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