segunda-feira, 6 de julho de 2020

Diário da quarentena -111º dia

                                        Em isolamento social, nas tardes de outono o meu prazer consistia em apreciar a beleza do pôr do sol, com a branda luminosidade que realça as tonalidades das cores em contrates com as nuvens brancas. É a hora mágica em que  é possível observar os tons de amarelo, vermelho e lilás que colorem o azul celeste e, na  terra,  as paisagens verdes vão ganhando tonalidades mais escuras e a escuridão da noite cai sobre a terra e as luzes da cidades  quebram a harmonia  da natureza em seu repouso determinado pelos deuses. Agora é inverno! A temperatura caiu, ventos sopram fortes e já não há mais belos crepúsculo, apenas um amarelo pálido no horizonte  que  enche o meu coração de tristeza. Mas um dia se vai e a quarentena continua.
            Hoje  foi  apenas mais um dia de rotina, cuidados com a  alimentação e limpeza da casa. A campainha tocou duas vezes, eu tinha combinado com a vizinha da direita, que iríamos dar uma volta, mas como o  sol ficou entre nuvens e com a friagem, eu desisti de sair e ela, veio avisar-me que também não iria porque estava com muita dor na perna e com medo de ir à UPA, o que é perfeitamente compreensível, porque ela pode entrar ruim e sair pior. Esta é a situação de todas as pessoas que dependem do serviço público de saúde, enquanto conseguem suportar, não buscam ajuda médica com medo de serem contaminados; a Covid-19 mata de várias maneiras, e uma delas  é de medo de ser contaminado. Triste e desanimada,  tudo o que posso fazer e tentar dormir e esquecer  o drama em que estamos vivendo.
           



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