Em isolamento social, nas tardes de
outono o meu prazer consistia em apreciar a beleza do pôr do sol, com a branda
luminosidade que realça as tonalidades das cores em contrates com as nuvens brancas.
É a hora mágica em que é possível
observar os tons de amarelo, vermelho e lilás que colorem o azul celeste e,
na terra, as paisagens verdes vão ganhando tonalidades
mais escuras e a escuridão da noite cai sobre a terra e as luzes da
cidades quebram a harmonia da natureza em seu repouso determinado pelos
deuses. Agora é inverno! A temperatura caiu, ventos sopram fortes e já não há
mais belos crepúsculo, apenas um amarelo pálido no horizonte que
enche o meu coração de tristeza. Mas um dia se vai e a quarentena
continua.
Hoje
foi apenas mais um dia de rotina,
cuidados com a alimentação e limpeza da
casa. A campainha tocou duas vezes, eu tinha combinado com a vizinha da
direita, que iríamos dar uma volta, mas como o
sol ficou entre nuvens e com a friagem, eu desisti de sair e ela, veio
avisar-me que também não iria porque estava com muita dor na perna e com medo
de ir à UPA, o que é perfeitamente compreensível, porque ela pode entrar ruim e
sair pior. Esta é a situação de todas as pessoas que dependem do serviço público
de saúde, enquanto conseguem suportar, não buscam ajuda médica com medo de
serem contaminados; a Covid-19 mata de várias maneiras, e uma delas é de medo de ser contaminado. Triste e
desanimada, tudo o que posso fazer e
tentar dormir e esquecer o drama em que
estamos vivendo.
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