terça-feira, 30 de junho de 2020

Diário da quarentena- 105º dia

                                    30 de junho de 2020, terça-feira e o  primeiro  semestre já está dando os seus últimos suspiros; a população e a economia agoniza, sem perspectiva de  uma retomada do crescimento  a curto e médio prazo, somente na região do comércio popular da 25 de março doze mil empregos foram perdidos e dezenas de empresários quebraram. O horário reduzido de funcionamento de apenas seis  horas tem comprometido o faturamento, mas  os impostos e as contas de água, energia, aluguel, folha de pagamento de funcionários estão marcando presença e acompanhadas da já tradicional  cobrança indevida. A cada mês a Companhia de  Energia recebe em seu Call Center, uma média de mil reclamações  de usuários em estado de choque com o alto valor da conta de energia.  E não para por aí, o Governador emitiu um novo decreto que estipula uma  multa de R$500,00 para pessoas físicas que circularem sem  máscaras e para os comerciantes, que permitirem  a entrada de clientes  sem este   acessório o valor é de R$5000,00. Em meu entendimento, é desumano porque eles ficaram mais de cem dias fechados, sem vender R$1,00, com as contas acumulando, voltam a abrir as portas com horário  reduzido e protocolos como o fornecimento de máscaras aos funcionários e álcool gel até para os clientes  o que gera mais um custo  em um momento que não há entrada de dinheiro, como a conta vai fechar? Quanto às pessoas físicas, como elas irão pagar os R$500,00, se o auxílio emergencial é de  apenas R$600,00?  Os empresários devem estar sentindo-se verdadeiros  hospedeiros do carrapato estrela, o ingrato que além de sugar-lhe o sangue, deixa como lembrança a febre maculosa.
            O  frio continua, o sol faz menção de aparecer e desiste, mesmo assim arrisquei a lavar a roupa de cama  já que a previsão é que não choverá e estou confiante  que ela irá secar com o vento, que está a  5 km por hora. Após o almoço sairei para comprar tinta para o cabelo e  quero pinta-lo ainda hoje. Estou cansada de ficar dentro  de casa, com esta máscara nova, que  eu ganhei, sinto – me mais segura, ela é de tricoline  e tecido duplo, e  mais  o óculos, lenço nos cabelos e gel nas mãos, acredito estar protegida, o único risco que corro é com a ida ao dentista, deste não tenho como fugir porque o problema pode agravar. Quero aproveitar e comprar outros tipos de farinha para variar o bolo de frigideira, com esta temperatura baixa e  predominância de garoa,  é  de uma praticidade admirável e adeus   idas à padaria em manhãs geladas, com fome e arriscando a ser assaltada. Meliantes também sentem fome e madrugam na tentativa de matar quem está lhe matando!
            Com esta abertura de sol, quero aproveitar para fazer uma faxina rigorosa no box do banheiro, e farei isto enquanto estiver esperando  a tinta fazer efeito, que o fabricante orienta que seja de 40 minutos, para   aquelas que já estão com a cabeça branca, como eu.  Tenho visto postagem de mulheres que assumiram a passagem dos anos e ostentam com orgulho,  seus cabelos prateado mas eu ainda não sou capaz, quem sabe aos 80 anos eu consiga lidar melhor com as marcas do tempo. Por ora, sou freguesa assídua das perfumarias em busca de produtos que prometem deixar as idosas com aparência jovial e bem cuidada. No mais, em quarentena, a rotina é sempre a mesma e os assuntos também.

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