domingo, 21 de junho de 2020

Diário do isolamento social-96º dia

                                  O inverno chegou com temperatura alta e baixa umidade do ar, mas este é o menor dos problemas.  Pelas noticias veiculadas não há esperança que a vida volte ao normal  nesta estação porque o Brasil que já contabilizava 29 milhões de profissionais  informais  com o alto número de falências terá este número aumentado e muito.  Outro triste número é o  de desempregados, mais de um milhão  durante o outono, e infelizmente, sem perspectiva de conseguirem  ocupação a curto e médio prazo. Ironicamente, no outono, estação da colheita e da fartura na natureza, os brasileiros colheram a miséria e o  desespero, consequentemente, violência e medo.
            Além do horizonte não há esperança a vista de que possamos caminhar livremente pelas ruas e nem entregar-se serenamente aos braços de Morfeu  porque cresce a cada dia o número de arrastões em condomínio e invasão de residências  e eles não  tem misericórdia.  Um casal de idosos, acima de oitenta anos de idade, moradores  de uma chácara,  teve  a  sua casa invadida  por um grupo de meliantes que sequer deixou um celular para que eles pudessem pedir ajuda após o furto. Lá ficaram  sem comunicação até que o filho, após estranhar o fato de eles não atenderem o celular, desconfiou e foi ver o que  havia acontecido.
            As confusões com as melhores medidas a serem tomadas continuam. Abrem-se shopping, mas os parques continuam fechados o que confunde as pessoas, ninguém mais sabe qual  é o ambiente mais propício a contaminação comunitária se  circular dentro de um ambiente fechado e com ar condicionado ou  caminhar livremente ao ar livre.  O Prefeito  entrevistas afirmando  que é necessário evitar aglomerações, porém,  retoma o rodízio de veículos o que automaticamente,  superlota o transporte público.
            Prefeito de São Paulo, Bruno Covas ameaçou  em público demitir o secretário   municipal de Mobilidade e Transportes, caso ele não conseguisse  com que os ônibus rodassem somente com passageiros sentados,  medida que gerou polêmica pela dificuldade de ser cumprida pelos motoristas e cobradores. Mas esta medida já foi revogada após duas semanas de implantação com alegação  baseada em uma consulta à Vigilância Sanitária que esclareceu que a posição em que o passageiro  viaja não é fator preponderante na transmissibilidade da doença.  Usar  máscara e álcool em gel,  é fácil para o  usuário, mas o distanciamento social, numa condução em horário de pico fica difícil. Circula pelas redes sociais mensagem de esclarecimentos que afirmam que o transporte  é o segundo local de maior contaminação comunitária. Afinal, quem está com a razão?
            Para completar o pânico  que já assola os  brasileiros com o  mínimo de discernimento, a imprensa ressuscitou a   terrível gripe espanhola que assolou o Brasil em 1918, durante a sua segunda onda, cujas orientações eram as mesmas: Distanciamento social e higiene. Bares, fábricas e teatros foram fechados, como agora.
Com a politização da pandemia e a disseminação de fake news, fica impossível saber o que de fato está acontecendo. Fale-se muito e esclarece  pouco.  Um grupo defende medicamento X, já grupo Y diz que X  é placebo e afirma que a solução é  o respirador. Aprece outra corrente que atesta com veemência  que a solução  chegará  com a vacina e ponto final.  E diante destas falácias eleitoreiras a  insegurança perdura na  população  que ainda nem sabe  se já atingimos o pico da pandemia e espera aflita  pela segunda onda, como na gripe espanhola, temendo sem o próximo a partir para a pátria celestial.

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