São quatorze horas em ponto e estou tiritando
de frio, olho o termômetro e ele marca 20º graus, mas estranhamente, a sensação é de hipotermia
galopante e parece que a terra esqueceu o advento do aquecimento global e liberou
a geada para todo o país e, em plena época de distanciamento social, o velho
truque de todos os animais de se aglomerarem para juntos
se aquecerem está descartado
para a espécie humana. Talvez esta
quarentena perdure até a primavera quando o coronavírus irá tocar o terror em
outra freguesia, assim esperamos ansiosamente. E agarradas aos nossos
cobertores porque a maioria da população
não se pode dar ao luxo de
possuir um ar condicionado
ou um simples aquecedor fabricado
na Zona Franca de Manaus porque as contas de energias por aqui são exorbitantes. Tanta tecnologia disponível que o povo não pode usufruir.
Tendo como princípio a teoria da criação,
Deus, em sua infinita sabedoria criou as
quatro estações do ano por alguma sábia
razão que os simples fiéis desconhecem e como obra de Deus não se discute, cabe
a nós, mamíferos e inteligentes,
procurar os meios de nos proteger e deixar a natureza em paz, sem
questionamentos. Reclamação é uma característica
humana e assim, o Criador nem deve dar atenção ao nosso lamento em virtudes das
condições climáticas.
Em famílias numerosas, passar o inverno em
quarentena deve ser um exercício de tolerância. Todos aglomerados brigando pelo
controle remoto para que possa escolher o programa a ser visto, a contragosto dos demais e sem falar das
discussões calorosas para saber quem lavará a louça, a roupa e o banheiro,
atividades estas que chegam a ser até prazerosas no verão,
quando a temperatura chega até 40º graus em algumas regiões do país.
Mas o inverno tem lá o seu lado positivo. É bom para a memória,
quando o vento cortante sopra lá
fora e a temperatura despenca no
interior das residências, em frações de segundos, todos sabem exatamente onde
foram guardadas a um ano, as meias, botas, colchas, blusas de lã e os amantes
da boa gastronomia, recordam com a
velocidade da luz, todas as receitas de sopas e bebidas quentes. Alerta! Em tempos de quarentena, a
balança vai subir porque os parques estão
fechados e as academias também e a combinação de ociosidade e comida
gostosa é boa somente para as confecções
já que a população a contragosto, terá que renovar o guarda-roupa.
Antecipar os cuidados necessários com as roupas de
inverno não é uma característica dos brasileiros, assim, ao retirar do maleiro
o velho edredom, que ficou esquecido durante três estações, com ele sairá o ácaro que agravará as doenças respiratórias que
lotam as Upas todos os anos, nesta mesma
época. A pergunta que não quer calar é: O atestado de óbito das vítimas de doenças respiratórias comuns
no inverno constará a causa real da morte ou constará Covid-19? Muitas pessoas estão
com esta dúvida porque está na boca do povo que não importa a causa da
morte, o atestado sai como Covid-19. Circula
pelas redes sociais, vídeos com pessoas revoltadas que não puderam fazer
velório de parentes, que morreram em casa, com sintomas de infarto ou AVC, mas
o diagnóstico médico foi outro. Já
não se sabe mais onde está a verdade!
As atividades artísticas estão reduzidas as lives, assim,
quermesse, festival de inverno, são
passado. Sindicados de bares e restaurantes estão negociando protocolos para abertura de seus estabelecimentos, e
como a morosidade no Brasil é clássica,
provavelmente, em 2021, poderemos desfrutar dos deliciosos caldos servidos nos
restaurantes, nos dias mais frios. No momento, o que nos resta é ficarmos
encolhidos no sofá, com o controle remoto em mãos, na vã tentativa de encontrar um programa
interessante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário