segunda-feira, 29 de junho de 2020

Diário da quarentena --104º dia

                               
            Pela manhã, alguns raios de sol mais audaciosos  encontraram algumas brechas  por entre as nuvens e alcançaram a terra gelada, mas não foi o suficiente para aquecê-la, rapidamente nuvens  grossas cobriram o astro rei, ameaçou mas ainda não caiu a chuva. O frio persiste!  Acordei às sete horas,  preparei  um bolo de frigideira, tomei café e voltei para a cama para dar continuidade a leitura do livro Canto dos Malditos, de Austregésilo Carrano, no qual o autor relata a sua   dura experiência  de interno em manicômios por três anos, onde ele recebeu tratamento desumano, onde valores como  empatia, solidariedade, compaixão e ética profissional não faziam parte do protocolo de cura dos pacientes. É uma leitura pesada, porém, necessária  para que  não permitamos que estas atrocidades aconteçam mais, somente a informação é capaz  de  nos colocar em condições de escolher o melhor tratamento para os  doentes mentais e dependentes químicos de nossas famílias.

            O terrorismo que a imprensa fez com relação a fragilidade de nós idosos, perante o coronavírus  fez-me focar em  aumentar a minha  imunidade para que os meus anticorpos de defesa lutem com fervor  e  expulsem  todos os invasores que  adentrem em meu corpo e para isto não tenho medido esforços e dentro de minhas condições financeiras, tenho variado o máximo o meu cardápio, guiando-me pelas cores. A sabedoria popular sempre soube a importância de um prato colorido, e alimentos na cor preta são difíceis de serem encontrados, não hesitei e comprei  um pacote de feijão preto para uso diário, já que tradicionalmente,  em minha família, ele é consumido somente em feijoada, mas agora estamos vivendo um momento de exceção e já tenho em mente, na próxima compra será feijão fradinho, que tem uma outra tonalidade e assim sigo confiante que minha saúde ficará cada dia melhor. Tenho pensando muito em tomar um remédio antigo que era o terror da meninada de antigamente o velho conhecido  Emulsão Scott que contem vitaminas A e D, com o sol, não poderei contar   nos próximos meses.

            Apesar das redes sociais serem bem cansativas,  elas nos surpreendem  de vez em quanto e hoje, dia de São Pedro, tive o privilégio de ser surpreendida no instagran, com uma foto de meus avós maternos, meu avó, se vivo estivesse, hoje estaria completando 133 anos de idade, ou seja, nascido  nos finais do século XIX. Como ele, eu também virei o século, nasci em meados do século XX e partirei em meados do século XXI, assim espero, depois de todo este sofrimento em isolamento social, a última coisa que quero é morrer; quero é aproveitar a liberdade que dentro em breve, acredito que chegará  para o bem estar  geral da nação, a população já está  com os nervos à flor da pele, quanto falta dinheiro e perspectiva de vida, tudo pode acontecer. Que Deus nos proteja.

            Tenho tentado controlar ao máximo a alimentação com medo da balança e colesterol subirem mais do que o devido, mas é inverno, não dá para jantar apenas uma salada com um bife do tamanho da palma da mão e hoje apelei: Fiz uma sopa com rabanete, repolho, macarrão e carne moída. E seja o que Deus quiser!  Está muito frio e  o limão acabou. Em dias gelados, um chá de limão com açúcar queimado sempre cai bem e um vinho quente então, nem se fala. Amanhã terei que sair e aproveitarei para comprar os ingredientes que faltam  para preparar  bebidas quentes e assim passar por mais está provação com um pouco de conforto.

 

 

 

 


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