Amanheceu frio e nublado com
vestígios de chuva noturna e sem a menor perspectiva que algo de divertido
aconteça no decorrer do dia, apenas as
inevitáveis tarefas de preparar o alimento e limpar a casa. Nesta quarentena há
quem preferira pedir marmita, mas somente em pensar na mão de obra do ato da entrega já desanimo: Colocar
máscara, passar álcool gel nas mãos,
efetuar o pagamento, receber a encomenda, retirar a máscara e lavá-la,
limpar maçaneta da porta, embalagem,
limpar a mesa, lavar mão e somente
então poder sentar-se à mesa para
saborear a refeição, que já está
fria, é de fazer perder o apetite até o
adolescente mais esfomeado.
Antes deste isolamento social, eu
gostava de ficar casa porque eu desfrutava de várias atividades no Clube, mesmo
quando as colegas resolviam prolongar o
feriado, lá estava eu na piscina aquecida, exercitando-me e saboreando o prazer de estar na água, apenas esperando o tempo passar, sem as conversas corriqueiras
e a instrutora sempre a nos lembrar de
respirar e não forçarmos além de nosso limite. Não tenho preguiça de levantar
cedo de caminhar e praticar natação, sei da importância da atividade física em
todas as faixas etárias, principalmente, na terceira idade, quando todas as
nossas habilidades, como equilíbrio e resistência física vão se definhando
lentamente. Estou presa em meu lar e
anseio pelo último dia da quarentena, quando, enfim, a imprensa noticiará que na cidade, não há nem
um caso suspeito da Covid-19. Quando este dia chegar, haverá uma explosão de
alegria e com certeza, a rua ficará
repleta de pessoas, bares e restaurantes cheios e sonoras gargalhadas ecoarão pelos ares, misturando-se aos gritos
dos cozinheiros e garçons, ávidos para atenderem com rapidez aos clientes, que
enfim, voltaram para divertirem e
fazer girar a economia do país.
Infelizmente, muitos estabelecimentos
comerciais não conseguirão abrir suas portas quando tudo isso passar, somente
em shopping, 04 em 10 estabelecimento,
não reabrirão suas portas porque não conseguiram apoio do governo e
condições justas de financiamento bancário. Enquanto uns comemorarão, outros, continuaram sofrendo com
as consequências da pandemia: fome, miséria, desespero e aumento crescente da
violência nas ruas e nos lares.
Em tempos difíceis surgem pessoas
habilidosas e com espírito empreendedor que estão destacando-se na dificuldade e estão
fazendo pão caseiro, brigadeiro, salgadinho, bolo e marmitex e oferecendo pelo interfone e redes sociais
para os moradores do condomínio e já pensando em abrir o negócio próprio, quando tudo passar. Existe
também aquelas avós amorosas que estão aproveitando o tempo de calmaria para
tricotar agasalhos quentes e
personalizados para os seus netinhos. E,
como não poderia deixar de ser, existe também, pessoas como eu, sem habilidades,
espírito empreendedor e o mais triste,
sem descendentes, que ficam a janela, esperando o findar de mais um dia.
Quando os olhos já estão cansados da
tela do televisor, só nos resta olhar pela janela e observar a vida passar em
um ritmo lento, um carro, um ciclista,
motoqueiro, eventuais pedestres, e o ritmo das reformas nas casas vizinhas. Parece que os moradores
fizeram um pacto para iniciarem ao mesmo tempo os reparos em suas residências e arrepiando-me de frio, fico a observar o vai
e vem dos pedreiros com suas latas de massa nos ombros a subir e descer
andaimes. Ah! Como espero pelo fim da pandemia e a volta ao ritmo natural da vida, com liberdade de ir e vir, sem esta
profilaxia exagerada. Que a vida retome o seu
dia a dia com alegria e leveza. Para muitos, este período deixou a lição de que diante da adversidade, não
precisamos fazer as malas e mudar, mas lutar para transformar a realidade e acima de tudo, confiar na ciência e fazer o
trabalho diário de formiguinha, porque cada um fazendo a sua parte, por menor
que seja, se torna grande junto ao todo
universal.
Quarta-feira, 03 de junho de 2020
Temperatura: 22º
Umidade relativa do ar:79%
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