Com os olhos da alma
e do coração bem abertos, podemos compreender a simbologia da estação que se
inicia após o verão e antes do inverno
e tem como principal característica a
redução da luz solar diária ao longo de sua duração, graças ao fenômeno denominado
equinócio de outono, os dias tornam-se
menores em relação as noites e as
temperaturas são amenas e há uma
considerável diminuição das chuvas e
maior ocorrência de ventos e nevoeiros.
Nesta época do ano, os frutos e as
folhas desprendem dos galhos e as árvores se
preparam para o descanso durante o inverno para que possam renascer com
todo o esplendor que lhe é
característico na primavera,
portanto, o outono é a época do
desprendimento.
Desprendimento é uma
tática eficaz de sobrevivência da natureza; ela sabe que é preciso deixar o velho para que o novo possa florescer. Este processo
natural de desapego também é necessário na vida humana. Nossa existência é
marcada por fases de transição: A gestação, infância, adolescência, juventude,
maturidade e velhice. Em seu tempo, todos
retornam ao ventre da terra, a
grande mãe, e assim a vida vai seguindo
os seus ciclos, sempre a renovar-se, e
durante estas fases de transição é natural que homem vá deixando para trás não apenas o que lhe é peculiar a cada faixa etária, mas também
os objetos que lhes eram úteis, porém,
existem aqueles que recusam a abandoná-los
e começar a acumular além das inutilidades, mágoas, ressentimentos e também
doces lembranças que transbordam e não dão
espaço para novas experiências e aquisições.
É comum, frente a necessidade de mudança, algumas pessoas
ficarem acuadas, principalmente quando a transformação exige que se abra mão de
algo considerado uma relíquia que parece
ser a parte mais enraizada de quem se é, e esta postura impede de viver o novo e
a vida continua tediosa porque está
estagnada.
Nem tudo que é antigo
pode ser descartado porque todos precisam de raízes firmes para avançar rumo ao
futuro incerto, porém, faz-se necessário uma autoanálise constante do ponto de partida, o que deve ser
aprimorado ou descartado e seguir o
exemplo da natureza, que perde a flor para que
o fruto cresça, ela não carrega
peso de uma estação para outra e isto é inspirador.
O mundo está em
constante evolução não somente em descobertas de novas tecnologias, mas também
de valores que regem novos comportamentos, e todos precisam adequar-se aos
novos tempos para sobreviver e será que algumas
lembranças guardadas desde a infância não estão
impedindo-o de ajustar-se a nova era? Caso conclua que esta memória,
companheira de tantos anos não está lhe ajudando a trilhar o
seu novo caminho procure transforma-la
em algo positivo e desprenda-se
de dores passadas. Volte o seu olhar cansado para a natureza e veja que
a transição é requisito obrigatório para a continuidade de vida. Imagine se as árvores
se recusassem a deixar cair suas folhas?
Mas elas não fazem isto porque estariam
impedindo a sobrevivência da essência que
as mantêm vivas e assim continuam a renascer a cada estação. Que belo exemplo a
seguir!
Olhar atento as
transformações do mundo e desprender-se de
tudo que puder, significa apenas a oportunidade de abraçar a
possibilidade da mudança. Neste último dia do outono de 2020, a estação em que o povo paulistano passou em isolamento
social, é o momento propício para o
exercício do desprendimento e do desapego. Abrir os armários e estantes e desfazer-se de tudo que não lhe serve que está ocupando
espaço há anos é abrir espaço para as novidades
que poderão chegar no decorrer da próxima estação.
O simbolismo do outono,
a estação da transição, pode ajudar no processo de desapego e se desejar aprimorar-se mais, analise seus
comportamentos e quais atitudes
inadequadas têm lhe acompanhado sem que você sequer tenha notado e
decida por desprender-se de tudo que não achar necessário. Assim, quando a pandemia tiver fechado o seu ciclo, retome
a sua rotina com mais leveza e o coração pleno de esperança em dias melhores. É hora do adeus ao outono e
de saudar a chegada do inverno
e abraçar as oportunidades infinitas de
mudança, e seguir em frente, levando na
bagagem os novos hábitos de higiene adquiridos em virtude da Covid-19 e seguir o exemplo da
natureza que o cerca.
Feliz inverno para todos e sem coronavírus!
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