sexta-feira, 26 de junho de 2020

Diário da quarentena -101º dia

                                O vento sopra forte, a chuva  cai e a temperatura aos poucos vai descendo, enfim o inverno está mostrando a que veio e eu estou deprimida.  Ontem fui ao dentista e tive a triste constatação que perdi o implante  e terei que refazê-lo e  desta vez não irei fazer o provisório, embora a falha seja na frente, com o uso da máscara, evito esta despesa e para completar, ao ler as mensagens de WhatApp pela manhã, soube que o meu tio centenário faleceu nesta madrugada. É, a fila está andando  e a minha vez  casa vez mais próxima.  Sei que vou morrer um dia, mas que demore muito e até lá, que Deus me dê saúde e lucidez. Eu não tenho pressa, mas tenho medo do sofrimento que antecede a morte e da incerteza  quanto a existência da alma e de seu destino final.
            Olhei a previsão do tempo e  está previsto três dias de chuva e temperatura em declínio o que  não fará grande diferença porque, em isolamento social e com tempo de sobra para refletir sobre a  perenidade da vida e da possibilidade da eternidade da alma o que conforta o coração dos crédulos, e  aqueles que como o meu, duvidam da veracidade dos livros sagrados  e das tradicionais sabedorias milenares, acalentam  o medo da incerteza do pós-morte. É poético acreditar que somos oriundos da poeira estrelar  e que   quando fecharmos definitivamente os olhos, à natureza voltaremos em forma de  hidrogênio, carbono, oxigênio e nitrogênio, romantismo à parte, é melhor acatar as orientações da Vigilância Sanitária e continuar em quarenta  por mais uma estação  a observar a vida pela janela e pela tela do televisor.



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