sábado, 27 de junho de 2020

Diário da quarentena- 102º dia

                               Dormi  e acordei ouvindo o tamborilar da chuva na vidraça e assim, concluo que choveu durante toda a noite e parece que continuará por todo o dia. Não é neve, porém, lá fora, o branco predomina e eu sinto frio. O vento sopra forte e as janelas precisam ficar fechadas o que  provoca um aperto em meu peito. Gosto de casa ventilada e nestas condições, não há nada que eu possa fazer a não ser  esperar  o  ritmo da natureza.  Não  quero vestir roupas pesadas porque a previsão é que este aguaceiro dure apenas três dias e  como não vou sair,  vou me virando como dá, com as roupas meia-estação para evitar  o excesso de roupas no varal durante uma semana.
            Como eu já sabia da mudança do tempo, comprei um quilo de galinha para preparar uma sopa deliciosa o que ajudará a aumentar a temperatura  corporal. Apesar de eu não ser uma apreciadora de comida  apimentada, hoje abrirei uma exceção e vou preparar em dobro para à noite apenas esquentar e ter menos louça para lavar. A água que sai da torneira  parece que está mais fria do que a do filtro.
            Eu tinha planejado pintar os cabelos  neste final de semana, mas já desisti. A vontade que eu tenho é de voltar para a cama, mas são três dias de chuva e frio, muito tempo para ficar deitada  o que poderá desencadear dores no corpo e tristeza. O melhor que tenho a fazer é retomar os meus estudos de inglês. Armários e gavetas estão arrumados e uma faxina na cozinha e banheiro não é uma boa opção para não elevar a umidade do ar e  dar  alimento aos mofos que  amam  invernos frios e úmidos.
            Estou cansada da programação da televisão, do rádio,  dos vídeos que circulam  no WhatsApp, e menos ainda, disposição para telefonar para alguém porque os assuntos estão bem repetitivos, giram sempre em torno da pandemia, da onda crescente da violência, corrupção, desemprego e falências. Já lí os romances que tinham em casa e não posso ir ao vendê-los por preço barato  e comprar outros usados e bem mais caro.  Com a vidraça embaçada, sequer posso ver a vida lá fora. Solidão!

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