domingo, 31 de maio de 2020

Diário do isolamento social- 75º

             
          Faz 75 dias que o acordar esta diferente neste isolamento social apocalíptico. Antes da pandemia, o despertar nos domingos era animador! Abria-se as janelas para ver o tempo,  consultava  o saldo  na conta e  programava-se o dia de acordo com a situação financeira e do tempo. Agora não, a rotina é outra: abrir os olhos, as cortinas e olhar  até onde a vista alcança, procurar uma programação mais leve na televisão e providenciar um almoço diferente com o que se têm  nos armários. Quem tem família, nada de convidá-los para desfrutar os prazeres da mesa enquanto se joga conversa fora. Agora é a solidão de não poder  correr no parque  do Ibirapuera, andar pela Av. Paulista, repleta de atividades culturais gratuitas e gente de todos os cantos da cidade apreciando o que de bom a cidade oferece à população. Agora, cada um de nós, têm dentro si novas preocupações e o estresse constante do lava as mãos, limpa os sapatos, troca de roupa, toma banho, use máscara, não toque no rosto, principalmente nos olhos e subitamente, estamos sendo forçados  a abandonar hábitos milenares e aprender novos em tempo recorde para que possamos nos manter vivos.
          A  cada amanhecer,  um pouquinho de tristeza vai-se acumulando lentamente na alma e o marasmo propiciado pelo isolamento social não nos permite sentir alegria, serenidade e esperança em dias melhores porque as notícias não são animadoras,  as horas parecem  infinitas e a falta de perspectiva em dias melhores em  curto prazo  parece cada dia mais distante. Alguns privilegiados ainda conseguem, ás vezes, acordarem dispostos e produtivos, e, outros, dispersos e errantes. Aqueles que ainda restam forças para lutar, apelam para a arrumação dos armários, que digam-se de passagem, já estão limpos e organizados, porém, é preciso arrumar algo com que se ocupar porque não há mais nada a ser conversado e a programação da TV, parece cada dia mais repetitiva, e não há como deixar de  pensar que felizes sãos os animais ruminantes, que precisam de um tempo diário para ruminar, atividade que acredito, ajuda a passar as horas e o tédio.         Felizes são   os jovens que  estão descobrindo o mundo e  ainda conseguem  ouvir música horas seguidas e assim irem matando o tempo, para começar tudo no  outro dia se os pais os permitirem.
          Fico horas pensar  o que pode ser mais suportável: sair para trabalhar  e estar mais sujeito a contaminação durante o trajeto e também na empresa, ou ficar em casa aparentemente protegida, apenas lutando freneticamente, para que o inimigo invisível não adentre ao lar  trazido pelas embalagens ou mesmo pelo ar e pelo tédio  consequência  do  distanciamento  social? Não sei  quem está mais sereno se  é o que fica ou o que sai! O  inimigo invisível está em toda parte  e  ele  democrático e cruel, não escolhe classe social, etnia e  faixa etária, quer apenas um hospedeiro, onde possa  crescer e multiplicar cada vez mais porque esta é a lei da vida do vírus  que está no topo da cadeia alimentar. Muitas pessoas  perecerão  e  esta certeza angustia  a todos porque ninguém sabe quem será o próximo a morrer porque muitos sobreviverão e esta incerteza faz com que a maioria das possíveis vítimas não procuram reconciliar-se com os seus desafetos na esperança  que sobreviverão a mais está provação: Mais do que maratonas de leituras, séries e limpeza, é essencial  se preocupem com uma alimentação saudável, uns vinte minutos de sol e muita água para melhorar a imunidade e ter assim, uma forte defesa natural contra o inimigo que  vai chegar, apenas não se sabe  dia e horário.
Domingo, 31 de maio de 2020
16h 43 minutos
Temperatura 24º
Umidade relativa do ar´70%

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