quinta-feira, 7 de maio de 2020

Diário do isolamento social- 50º

                                      Estou assustada e com medo de ver noticiário porque não se ouve noticias promissoras. A expectativa de  flexibilização, a partir de segunda-feira, dia 11 de maio, não acontecerá, pelo contrário, medidas mais duras   de enfrentamento da pandemia serão tomadas com o  Decreto que regulamentou a “Lei nº 17.340, que dispõe sobre medidas de proteção da saúde pública e outras medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública”. A situação econômica do Brasil está crítica, mais de 1.218  trabalhadores  perderam o emprego e a  fila do desemprego cresce assustadoramente porque  as empresas estão fechadas.  Como viverão estas pessoas  quando não mais tiverem direito  ao seguro desemprego?  Mais de 800 militares foram afastados de suas funções  por estarem contaminados e com menos policiais nas ruas o cidadão de bem fica ainda mais assustado, mesmo refugiado em seu lar, o seu recinto sagrado.
Quando a fome bate à porta, os pais saem em busca de alimento e  cresce a desobediência civil. De acordo com o  Sistema de Monitoramento Inteligente, apenas 47% da população estão em isolamento social e o ideal é no mínimo 60%, mas o que o  povo pode fazer? A fome não espera e  não há dor maior para um pai do que ver o seu filho chorar e  implorar um pedaço de pão e ele nada ter para oferecer e, infelizmente, não é só a fome que ronda  os operários, a morte está na espreita, mais  presente do que nunca e não poupa ninguém; até o dia  06 de maio, 22 sem-teto morrem vítimas do Covid- 19, que Deus conforte  e ilumine os que ficaram e que eles consigam o que lhes é de direito: um teto para os abrigar das intempéries do tempo. Mais de 10 profissionais  da saúde que trabalhavam   no fronte foram a óbito. Costumam dizer que quando um  trabalhador morre, somente a família e os amigos mais próximos sofrerão com  a perda porque ele é apenas um número substituível e  muitas vezes, por outro melhor, porém, em tempos de  pandemia é que se percebe o valor do seu trabalho,  é menos mãos firmes e delicadas cuidando e amparado as mazelas  dos pacientes. Eles partiram como heróis e ficarão na história, graças a sua coragem e generosidade. São profissionais que recebem salários baixos, assim, a motivação  para a escolha da profissão, está pautada bem mais no amor e na vocação do que em seus vencimentos  no final do mês. Que Deus os receba em sua Glória!
Três estados brasileiros, Ceará, Maranhão e Pará decretaram lockdown em alguns municípios. Os privilegiados  que dispõem de uma reserva financeira, apenas verão seu patrimônio lapidado, mas existe  o arrimo de família que trabalha de ambulante, autônomo, microempreendedor, como diz no ditado popular,  “aquele que vende o almoço para comprar a janta”, como  vai alimentar  os seus? Há muitas queixas sobre a dificuldade  e demora para conseguir receber a ajuda emergencial do governo, mas a fome não espera, ela é diária  e  cada dia ganha mais força  e consome a energia vital de  homens, mulheres e crianças. Com a deficiência alimentar, a imunidade baixa e as pessoas ficam ainda mais vulneráveis e os leitos dos hospitais, principalmente das UTIs, já estão quase todos ocupados. Falta um mês e pouco para o início do inverno, mas o frio e  baixa umidade relativa do ar, característica da estação, já chegou e  com certeza não veio só, em sua bagagem deve estar a gripe, mais um problema  para a saúde pública e sofrimento para o povo, principalmente as crianças. Misericórdia Senhor!

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