quinta-feira, 14 de maio de 2020

Diário do isolamento social- 58º

                                  Esta quinta-feira amanheceu fria e chuvosa e eu nem cogitei a possibilidade de sair par verificar se a devolução do dinheiro aconteceu. Optei por ficar em casa, assistindo televisão e protegendo-me de  um possível contágio e assalto porque os meliantes estão a dar com pau, ávidos para saciar a sua sede de dinheiro fácil e quando faço esta opção  invariavelmente acabo deprimida com o noticiário. Assim que liguei a televisão veio a primeira bomba:  Neste ano de 2020,  a  previsão é que o PIB nacional seja o mais baixo dos últimos 120 anos e  a iminência de um colapso econômico e social continua  pairando sobre a nação, traduzindo em linguagem popular fome e desordem social, vandalismo, assaltos e sabe-se lá mais o quê. E  não está longe, a violência doméstica aumentou em 50% durante a quarentena, os  Governadores temem não conseguirem honrar com a folha de pagamento e  todos os dias empresas fecham as portas e a fila do desemprego cresce e com ela o desespero dos arrimos de famílias.
            Em meio a tanta sofrimento e preocupação, velhacos   insistem  em  levar vantagem  de todas as maneiras e nem o rodízio escapou, a cada trinta pessoas que fazem o cadastro da placa do carro, porque trabalham em atividade essencial, uma não tem direito. O TCU – Tribunal de Contas da União considerou suspeita uma compra de 80 milhões de aventais a um custo de quase um R$1 bilhão. Compra realizada sem licitação, sem especificar  as dimensões e  nem o destino dos aventais.  E o mais estranho, esta compra  expressiva foi realizada de uma   pequena empresa tipo   “Eireli”. A desobediência civil  continua, o bairro de Itaquera, capital SP é um exemplo, segundo o repórter, por lá a rotina continua como se estivéssemos vivendo tempos normais, bares, restaurantes e lojas abertas e as pessoas circulando  tranquilamente e grande parte  sem  máscaras.
            Governar é difícil!  Acredito que por inexperiência, as autoridades estão  tomando atitudes contraditórias, como o rodízio de carros da capital que superlotou os transportes públicos, aumentando assim o  número de contágio. O empregado já está exposto em seu trabalho,  e o risco aumenta   em seu translado casa-serviço, ele não merece passar  por isso. Particularmente, acredito ser a medida mais descabida até agora,   nem deveria haver rodízio porque em um congestionamento, cada um em carro é mais seguro que dentro de ônibus superlotado.   Bem diz o ditado popular: “cada cabeça, uma sentença,”  Em Teresópolis, RJ,  foi adotado o rodízio por CPF, em dias pares, CPF com final par, dias impares CPF com final impar e a responsabilidade para organizar a escala de trabalho dos funcionários é da empresa.  Com esta medida,  metade da população  ficará em casa, e o fluxo de pessoas  circulando é menor, Pode ser que dê certo, se houver uma fiscalização rigorosa. A medida é o primeiro estágio do "lockdown" (bloqueio total) da cidade. O triste é o toque de recolher que proíbe a  circulação de pessoas das 13 horas às 5 horas, exceto emergência médica. De todas as notícias ouvidas a mais preocupante é esta: Trabalhadores  da Ceagesp, o maior centro de  distribuição de alimentos frescos e flores, reclamam  que a limpeza dos banheiros   está precária, os materiais de higiene,  sabonete e álcool gel,  quando acabam não são repostos, e os usuários contam apenas com  água para lavar as mãos após usar o banheiro. Isto é muito grave porque são pessoas que manipulam frutas, verduras e legumes frescos.  Onde está a fiscalização? Palavras bonitas em entrevistas, não salvam vidas, é preciso atitude.


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