Esta
quinta-feira amanheceu fria e chuvosa e eu nem cogitei a possibilidade de sair
par verificar se a devolução do dinheiro aconteceu. Optei por ficar em casa,
assistindo televisão e protegendo-me de um possível contágio e assalto porque os
meliantes estão a dar com pau, ávidos para saciar a sua sede de dinheiro fácil
e quando faço esta opção invariavelmente
acabo deprimida com o noticiário. Assim que liguei a televisão veio a primeira
bomba: Neste ano de 2020, a previsão é que o PIB nacional seja o mais
baixo dos últimos 120 anos e a iminência
de um colapso econômico e social continua
pairando sobre a nação, traduzindo em linguagem popular fome e desordem
social, vandalismo, assaltos e sabe-se lá mais o quê. E não está longe, a violência doméstica
aumentou em 50% durante a quarentena, os
Governadores temem não conseguirem honrar com a folha de pagamento
e todos os dias empresas fecham as
portas e a fila do desemprego cresce e com ela o desespero dos arrimos de famílias.
Em meio a
tanta sofrimento e preocupação, velhacos
insistem em levar vantagem de todas as maneiras e nem o rodízio escapou,
a cada trinta pessoas que fazem o cadastro da placa do carro, porque trabalham
em atividade essencial, uma não tem direito. O TCU – Tribunal de Contas da União
considerou suspeita uma compra de 80 milhões de aventais a um custo de quase um
R$1 bilhão. Compra realizada sem licitação, sem especificar as dimensões e nem o destino dos aventais. E o mais estranho, esta compra expressiva foi realizada de uma pequena empresa tipo “Eireli”. A desobediência civil continua, o bairro de Itaquera, capital SP é
um exemplo, segundo o repórter, por lá a rotina continua como se estivéssemos
vivendo tempos normais, bares, restaurantes e lojas abertas e as pessoas circulando
tranquilamente e grande parte sem máscaras.
Governar é
difícil! Acredito que por inexperiência,
as autoridades estão tomando atitudes
contraditórias, como o rodízio de carros da capital que superlotou os
transportes públicos, aumentando assim o
número de contágio. O empregado já está exposto em seu trabalho, e o risco aumenta em seu translado casa-serviço, ele não
merece passar por isso. Particularmente,
acredito ser a medida mais descabida até agora, nem deveria haver rodízio porque em um
congestionamento, cada um em carro é mais seguro que dentro de ônibus superlotado.
Bem
diz o ditado popular: “cada cabeça, uma sentença,” Em Teresópolis, RJ, foi adotado o rodízio por CPF, em dias pares,
CPF com final par, dias impares CPF com final impar e a responsabilidade para
organizar a escala de trabalho dos funcionários é da empresa. Com esta medida, metade da população ficará em casa, e o fluxo de pessoas circulando é menor, Pode ser que dê certo, se
houver uma fiscalização rigorosa. A medida é o primeiro estágio
do "lockdown" (bloqueio total) da cidade. O triste é o toque de
recolher que proíbe a circulação de
pessoas das 13 horas às 5 horas, exceto emergência médica. De todas as notícias
ouvidas a mais preocupante é esta: Trabalhadores da Ceagesp, o maior centro de distribuição de alimentos frescos e flores,
reclamam que a limpeza dos
banheiros está precária, os materiais
de higiene, sabonete e álcool gel, quando acabam não são repostos, e os usuários
contam apenas com água para lavar as mãos
após usar o banheiro. Isto é muito grave porque são pessoas que manipulam frutas,
verduras e legumes frescos. Onde está a
fiscalização? Palavras bonitas em entrevistas, não salvam vidas, é preciso
atitude.
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