Está
chovendo agora. Em outros tempos eu estaria feliz, mas com o aumento da umidade
do ar e a queda da temperatura, eu temo
que o Covid-19 ganhe mais força e faça parceria
com os colegas Influenzas que já devem estar por vir, eles são sazonais e
seguem o ritmo das estações e o que já está ruim pode ficar pior com vidas
sendo ceifadas diariamente. A população está faminta e com a imunidade baixa, o
berço ideal para o imigrante indesejado.
Apesar do perigo iminente, aprecio o murmúrio suave das águas celestiais batendo na vidraça
de minha janela e ela caí generosa, sem relâmpagos
e trovões e descerá lentamente até o
lençol freático para depois, em seu tempo,
segundo o seu ciclo natural, retornar às nuvens e cair novamente, infinitamente e não há nada e ninguém que poderá mudará isso, assim sempre foi e sempre será.
As
pessoas da zona rural gostam da chuva, não apenas para atenuar o calor mas para molhar a terra seca
e fazer germinar a semente e florescer a plantação, o pasto do gado e as
florestas. Chuva na medida e época certa
é sinônimo de fartura nos campos e nas cidades. O lavrador fica aliviado quando
o primeiro pingo d’água cai sobre sua plantação e ele, que já enfrentou os
raios fulminantes do sol agora, na segurança de seu lar, pede a São Pedro que o volume
de chuva seja o ideal para
florescer a terra, porque o excesso faz transbordar os rios e inundar as
plantações. Com está mudança no tempo, quais preocupações terão agora as nossas
autoridades, responsáveis pelo controle da pandemia?
O
tempo frio fez surgir em mim uma nostalgia dos tempos em que eu não temia a doença porque acredita que a
minha juventude venceria qualquer
combate interna de anticorpos e intrusos. Hoje, com as orientações maciças
sobre quem pertence ao grupo, do qual faço parte, tudo deixa - me apreensiva,
assim, nada fiz hoje, nem sequer
consegui tomar sol porque de manhã, antes da chuva, o céu estava
nublado. Não fui à feira, em virtude do constrangimento com a carona no sábado
passado e como a motorista não enviou mensagem
perguntando se eu queria ir com
ela, achei mais prudente, apenas enviar uma mensagem, agora a tarde, para saber
da cachorra, que está um pouco adoentada. Quão vazios está o relacionamento entre
vizinhos nesta pandemia. Quando contatamos um, é para falar das últimas estatísticas
e não adianta puxar assunto para comentar um filme ou outro assunto
porque não vai adiante.
Em
quarentena, por menor que seja um problema doméstico, que em outros tempos ele
passaria despercebido, agora, ele toma proporções gigantescas e comigo e o
pernilongo não foi diferente. Faz uns três
dias que eu andava ás turras com o maldito inseto, limpeza na casa, aplicação
de inseticida, queima de incenso, uso de repelentes e perfumes, nada o
espantava, até que hoje, quando eu menos esperava, eu venci a batalha. Enquanto
arruma a mesa para o último lanche do
dia, eu o ví na parede, encolhido pelo frio e sem hesitar, pequei uma almofada
e parti para o ataque. O sangue que ele sugou de mim, tingiu a parede e
eu limpei a sujeira com prazer porque agora
não serei mais picada. Não é que
eu seja sovina e esteja negando umas míseras
gotas de sangue a um mosquito faminto, é medo que o intruso seja o estrangeiro Aedes
Aegypti, o transmissor da Dengue, Chikungunya, Zika e da Febre Amarela urbana. O
Aedes Aegypti, junto com o Covid-19, formam a dupla
de imigrantes mais indesejada e temida do país. Diante da periculosidade dos forasteiros, o pernilongo nacional passou a ser considerado tão inofensivo quanto uma
folha seca, mas que é irritante, disto não resta a menor dúvida.
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