segunda-feira, 25 de maio de 2020

Diário do isolamento social - 68º dia

                      Os dias seguem tão iguais que não dá para perceber que hoje é domingo. Sem almoço especial, sem sobremesa, simplificando, os excessos gastronômicos  dos finais de semana são agora coisas do passado e não é por falta de dinheiro, tenho-o na conta mas pelo estresses de sair para  comprar os ingredientes necessários. A rotina de ir ao supermercado é simplesmente demorada e  tediosa a começar pela preparação: prender os cabelos, amarrar o lenço, colocar a  máscara, passar álcool gel nas  mãos e trocar os calçados. Ao sair a rua  duas preocupações básicas: com os meliantes e com a proximidade das pessoas, o medo de cruzar com um conhecido e ele querer puxar conversa e ao chegar ao  destino, um funcionário na porta oferece álcool gel para as mãos e ele próprio higieniza o carrinho e   no interior do estabelecimento a tensão aumenta porque há famílias  que não  estão preocupados com a contaminação e levam as crianças que correm   de um lado ao outro como  se estivessem em um parque de diversão.  O ato das compras é tenso, rápido e  sem analisar bem os produtos como é de  hábito das donas de casa. Pago  e embalado a mercadoria, mais álcool gel  nas mãos e retorno ao lar com as mesmas preocupações de antes.
            A chegada com as compras é um verdadeiro suplício: Abre-se a porta da casa, trocam-se os sapatos, entra e deixa a porta aberta, coloca-se as compras  sobre a mesa, lava-se  as mãos, desinfeta maçanetas, chaves, bolsa, lava-se as mão, troca-se roupa, coloca avental e começa a desembalar, desinfetar   a mercadorias e lava –se as mãos,  higieniza a mesa, passa pano com água sanitária   na cozinha,  lava-se as mãos novamente e  um banho demorado, outra muda de roupa e finalmente,  estou pronta para guardar  as compras, enquanto a máquina bate a roupa usada e com muito sabão por precaução.  Depois desta maratona é necessário repousar um pouco  até a hora de colocar a roupa  no varal, lavar novamente as mãos.
            Daqui a  uns 50 anos, quem estiver lendo este post deve pensar que a pessoa que o escreveu  sofria de T.O.C. mas estes cuidados não são exagerados e sim, necessários porque o Covid-19 é  resistente e   conseguir sobreviver  em diversas superfícies por um longo tempo. Em aço inoxidável  e plásticos, ele vive 72  horas, ou seja, três dias, em papelão, 24 horas, em cobre, quatro horas e na poeira   40 minutos a 2 horas e 30 minutos. Em tecidos o vírus pode ter uma sobrevida de 72 a 96 horas, portanto, não sou portadora de Transtorno Obsessivo Compulsivo, apenas preciso seguir as orientações das autoridades sanitárias enquanto durar esta pandemia e diante desta dura realidade, não nos resta alternativa a  não ser ficar em casa a esperar o achatamento da curva que está demorando e cuidar da profilaxia, mas sem exageros porque subiu muito o número de intoxicação com produtos de limpeza em residências.

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