quarta-feira, 20 de maio de 2020

Diário do isolamento social - 63º dia


            E mais um dia se vai. O que fiz hoje?  Nada! Sim nada de além da rotina tradicional de quem não pode sair à rua. Levantei cedo, tomei café da manhã, apenas  café puro com o bolo de frigideira. Depois lí  um pouco, um livro interessante  que fala sobre o teatro no Brasil, no século XX e discorre sobre as grandes peças  e dramaturgos que fizeram sucesso na cidade  e eu sequer sabia que eles existiram e que estas peças foram encenadas, O fato de eu morar na capital brasileira da cultura  não quer dizer que  tenha  assistido as grandes montagens porque o distanciamento entre o querer e o poder é grande, acesso a cultura é privilégio de poucos.  Conheço pessoas que nunca foram ao teatro, nem mesmo em excursão escolar, porque mesmo  a professora tendo conseguido   a gratuidade do  ingresso, eles não podiam arcar com o custo do transporte. Eu já assisti montagens maravilhosas, porém, somente àquelas campanhas de popularização do teatro, umas boas, outras nem tanto e algumas detestáveis como o único besteirol que assisti. Aprecio peças  que  permite conversarmos durante o retorno ao lar e comentá-las com os que não tiveram o privilégio assisti-la , afinal, investir neste tipo de lazer é alimentar a alma e alegar a cansativa rotina de casa-trabalho, trabalho-casa.
            Preparei o almoço com o que tinha em casa: arroz, feijão e banana, almocei, lavei a louça e fiquei no computador vendo  coisas inúteis até a hora do jantar e novamente, arroz, feijão e banana. Os armários e  a geladeira estão vazios , vou ter que sair para ir ao supermercado, mas  amanhã é feriado  municipal e além do mais  a Caixa está pagando   mais uma parcela do auxílio emergencial, isto significa que tudo estará mais caros, o comércio extorquindo quem já não tem nada  e o pior, os  meliantes à solta, tirando  o alimento da boca de inúmeras crianças e, infelizmente, não é para saciar a fome de outra criança, mas sim, para custear a dependência química. E nada mais há para fazer a não ser recolher-me ao meu leito e dormir para   no dia seguinte, iniciar  a nova  rotina da quarentena, agradecendo a Deus por eu ter alimento e  um abrigo simples, porém, seguro.

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