O isolamento social tem suscitado um desejo de
estar mais próxima da natureza. Tendo
como companhia apenas as paredes e os móveis da casa não há como evitar as
lembranças da infância repletas de cores e vida selvagem, quando a rua ainda era
de terra e em dias de chuva, sempre havia sapos saltando e assustando os
escassos motoristas e deixando
exasperadas as mais zelosas, que primavam pelo cuidado com a saúde de sua prole que teimavam em querer
capturar os inocentes anfíbios apenas para
assustar os mais velhos que cochilavam
nas cadeiras de balanço.
Antigamente
morar na periferia, quando iluminação pública
e asfalto era um sonho distantes, as noites não conheciam o silêncio absoluto porque os sons
das vidas noturnas embalavam o sono. Sempre havia um grilo cantando, o pio de uma coruja, o uivo distante de um
cachorro e o espetáculo dos vaga-lumes que brilhavam na terra enquanto as estrelas iluminavam a escuridão
do céu e era bastante comum na época, as pessoas sentarem em frente as casas, para tomar a
fresca e queimarem capim para produzir
fumaça e espantar os pernilongo que havia em abundância. Era um
momento mágico! Homens urbanos ainda integrados à natureza.
Os
anos passaram, o asfalto e a luz
elétrica chegaram as periferias, e com
eles o estrangeiro Aedes Aegypti que deixou no chinelo o tradicional pernilongo
nacional porque transmite doenças letais e agora, para atormentar a nação, mais
um imigrante indesejado: O Covid-19 que
trancou a população em seus lares e
alguns privilegiados, ainda conseguem apreciar um pouco da natureza
pela janela, até aonde a vista alcança e
sempre em disputa com arranha – céus. Estes fragmentos de natureza vistos das janelas são essenciais para
despertar novos olhares de admiração e cuidado com o mundo e consigo, e que
apesar do avanço do homem a natureza resiste com todo o seu esplendor, em qualquer palmos de terra
Felizes
são aqueles que têm registrado em seus corações a graciosidade do voo das borboletas, a magia das revoadas dos pássaros
ao entardecer quando retornam aos seus
ninhos e as fugidas com os amigos para a exploração da paisagem rural, onde ainda não havia moradores e o gado pastava
livremente pelos campos sob o olhar vigilantes de seus donos. Tristes lembranças terão as crianças das grandes metrópoles, sem contato com
natureza e em quarenta a setenta dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário