segunda-feira, 11 de maio de 2020

Diário do isolamento social- 54º dia

                     Hoje é dia das mães e estou triste, não apenas  por estar em quarentena, mas por outros dois motivos: Não ter mais  a presença física de minha mãe, meu porto seguro o colo  para onde voltar e se aconchegar  nos momentos difíceis e também,  por não ter sido abençoada por Deus com a dádiva de ter gerado um vida. Às vezes  fico horas a imaginar como teria sido o curso de minha  se eu tive tido filhos, que me dariam netos, bisnetos e quem sabe ter  a glória de conhecer tataranetos. Em minha solidão, fico a vagar que mais triste do que preocupar-se com os entes queridos,  é não ter a quem derramar um lágrima de preocupação e saudade. A velhice torna-se tão seca e vazia, quando não se deixa raiz, seja descendentes ou uma obra humanitária, que beneficie  milhares de pessoas, mesmo após a sua morte. Quando se acumula  vários janeiros, a maioria dos laços de afetos familiares são rompidos às vezes pela distância e também, pelo inevitável: a morte! As amizades  construídas na  fase adulta não são verdadeiramente sólidas como as da infância e adolescência.  Ah! Se fosse possível recomeçar! Quantas coisas eu faria diferente!
            A quarenta não impediu  os filhos de homenagearem suas mães,  as redes sócias estão  repletas de fotos de agradecimento pela  cesta de café da manhã, flores, e demais presentes adquiridos no comércio virtual, entregadores estão exaustos, porém, felizes  com um dinheiro extra   no orçamento  nestes tempos difíceis.  Pelos rumores da vizinha, algumas mamães receberam  para festejar, em casa, a sua prole. Mesmo expondo o idoso ao risco de contaminação, era grande a alegria e não  há como duvidar, sonoras e altas gargalhadas   se perdiam na distância.

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