Eu sinto
saudade do grupo de pessoas idosas que passavam conversando enquanto faziam a
caminhada matutina e do alto e sonoro bom dia do porteiro do prédio da frente,
que vai à rua, rigorosamente no mesmo
horário para fumar o seu cigarro e com o seu indiscreto rádio de pilha, com o volume ao máximo ouvindo as notícias do dia para estar bem informado para
os tradicionais papos matinais de trânsito e sobre o tempo, que na cidade de São Paulo, é sempre incerto; e os ruídos vão se transformando ao longo do dia. Às oito
horas a Casa Lotérica abre e começa uma movimentação diferente, agora com uma
aglomeração maior de pessoas, quase todas mascaradas e sem respeitar o distanciamento recomendado, porém, as outras lojas continuam
com suas portas fechadas, fora o barulho dos carros, um latido ao longe de um cão,
sirene do Corpo de Bombeiros, Samur e
Policia Militar, quase nada se ouve e eu sinto saudade da sonoridade
anterior.
Agora os
dias são sempre iguais apenas mais silenciosos nos finais de semana. Sem o
cheiro dos restaurantes e lanchonetes, a música ao vivo no bar do Seu Pedro e
as conversas dos clientes, ou melhor, os gritos
competindo com a canção. Mas o
ronco dos motociclistas apressados, estes sim continua, estão sempre correndo contra o tempo para
efetuarem as suas entregas o mais rápido possível, eles recebem por entrega,
assim, velocidade é sinônimo de mais
dinheiro no bolso e um maior risco de acidentes, mas com a fome
rondando a família eles confiam que com
o trânsito mais leve, chegarão em
casa saudáveis e felizes.
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