Os dias seguem com a lentidão de uma
boiada cansada, faminta e sedenta em uma estrada empoeirada, em um final de
tarde quente. Eu estou cada dia mais desanimada, sem disposição para os
estudos, afazeres domésticos, até descer
o lixo é um sacrifício, estou fazendo-o a cada dois dias, não por falta de
tempo, que alias, é o que eu mais tenho. Sobra tempo e falta ânimo. Acredito que ainda
não sucumbi em uma depressão profunda porque tenho assistido diariamente vídeos da palestrante Márcia Luz, embora não
tenham acrescentando muito, em termos de
aprendizagem de conteúdo novo, diferente do que eu já tenha lido, porém, o entusiasmo dela, a sua maneira firme e
direta de falar e as perguntas pertinentes, tem sido de grande valia, como
esta: “ Qual o meu objetivo a ser alcançado até o final do ano?” Confesso que
fiquei bem incomodada com este
questionamento porque me dei conta o quão vazia é a minha vida. Eu não tenho
nenhum objetivo em mente, nem sequer
havia pensado nisso na virada do ano como é de práxis e o mais
lastimável é que, durante toda a minha vida, eu não persegui nenhum sonho
com afinco, somente corri atrás do mínimo
para manter as contas em dia e comida na mesa e
sabiamente disse Márcia Luz, colhi o que plantei. Plantei pouco e
consequentemente, pouco colhi, agora, lamentar os erros passados não irá
levar-me a lugar nenhum. Embora eu já não
tenha idade para iniciar uma nova
carreira profissional, começo a pensar
seriamente em fazer algo de útil para mim, para o próximo e para o planeta, mas
o que? Outra pergunta instigante foi: “O que eu perco se não mudar o meu
comportamento atual?” Esta pergunta é fácil
de responder: Eu perco a solidão, o tédio da
longa espera de apenas aguardar a hora de minha partida para a terra dos pés
juntos, a ruminação de erros passados, a inveja daquelas pessoas determinadas e bem sucedidas, as horas entediantes fofocando com os vizinhos. É
realmente, tenho muito a perder! E cadê
a disposição para iniciar um processo de
mudança?
Hoje soube pouca coisa do que
acontece além dos muros do meu condomínio.
Apenas que os bairros de Cidade Tiradentes e Sapopemba, aqui na capital, SP,
estão com um alto índice de pessoas infectadas com o Covid-19 e o pior, os
moradores não estão preocupados com
o avanço do vírus, parece que para eles,
é apenas mais uma dificuldade que
terão que enfrentar, entre tantas da vida diária deles. A pessoa entrevistada
disse que parece que todos estão em férias, estão organizando bailes, churrasco, como se o
inimigo estivesse a centena de milhas
deles, mas não é verdade, ele já chegou e pretende ter uma longa e
funesta estadia entre os paulistanos. Quanto ao carro de som da
Prefeitura, que deveria estar percorrendo os bairros periféricos levando
informações para conscientizar as
pessoas da importância da quarentena, ninguém
ouviu, ninguém viu. Eu fiquei deprimida
com a reportagem sobre a tradicional Galeria
do Rock, que fica no centro; infelizmente ela já contabiliza 30 lojas fechadas
e 400 demissões. É triste saber que mais 400 pessoas irão para a fila do
desemprego, da geladeira vazia e dos
desejos reprimidos e postergados sabe lá Deus até quando.
Triste também é saber que em meio a
pandemia que assola o mundo, quando o país
está quebrando para conter o avanço do Covid-19 e auxiliar os mais vulneráveis, há pessoas usando de má fé e fazendo
o cadastro para receber o auxílio emergencial, sem preencher os critérios
estabelecidos pelo governo. De acordo com a pessoa entrevistada, que eu não prestei atenção no nome e cargo, menores de idade, mulheres recebendo salário maternidade
e também, mulheres casadas, cujos maridos estão trabalhando, estão tentando
receber este dinheiro, congestionando o sistema e prejudicando a nação. São
Jorge guerreiro, bota juízo na cabeça destas pessoas.
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