terça-feira, 14 de abril de 2020

Diário do isolamento social 28º dia

                                   E o dia termina com um dos mais lindos crepúsculo que já vi  durante o outono dos últimos anos.  Sei que meus olhos estão carentes de ver além das paredes de minha residência e dos telhados dos  vizinhos e uma pequena parte do céu, apenas este pedacinho  que saiu na foto. Este é o meu  raio de visão, nesta tediante quarentena e, mesmo pequenina esta visão celestial tem alegrado os meus dias solitários. Mas voltando ao estonteante entardecer, não fui somente eu que se encantou com tanta beleza, já esta circulando  nas redes sociais inúmeras fotos, de partes diferentes da capital registrando o pôr do sol deste 14 de abril de 2020.
            Tenho evitado notícias, assim, soube apenas hoje, que o cantor brasileiro Morais Moreira, faleceu ontem, às 06 da manhã em casa, vítima de  Infarto Agudo do Miocárdio e  provavelmente já foi sepultado, a família, em  virtude da pandemia, sabiamente optou por não divulgar  o local e horário do velório  para  evitar aglomeração. Em  tempos normais, filas enormes se formariam para o último adeus porque ele era um cantor   talentoso e muito amado pelos brasileiros.   De seu vasto e rico repertório, a música que  marcou a minha vida foi Pombo Correio. Fui adolescente nos idos tempos em que a comunicação mais veloz para a população pobre do  país era  o telegrama e a carta. Esperar o carteiro passar era sinônimo de ansiedade e alegria. Acredito que eu faço parte da última geração  de moças apaixonadas que escreveu e recebeu cartas de amor. Arrependo-me profundamente por ter rasgado e jogado no lixo meu arsenal de correspondência com o advento da internet. Eu não tinha consciência  do valor  dos selos postais, e de preservação da memória de uma época contido no tão esperado  envelope que era entregue pelo  funcionário dos Correios, com o seu uniforme amarelo e sua bicicleta velha.
            Ainda sobre os tempos de antigamente, recordo que  as noticias chegavam até a minha família apenas pela boca das visitas e dos colegas de trabalhos dos adultos. Em minha infância e adolescência, pessoas de baixa renda, como eu, não tínhamos acesso aos meios de comunicação da época, jornal e rádio, tão diferente de  hoje, que mesmo em quarentena,  evitando ouvir noticias, elas chegam a mim em vários meios como o interfone, redes sócias, televisão e rádio e as que eu soube hoje são dolorosas! Depoimentos de taxistas, arrimos de família há mais de quinze dias sem conseguir  fazer uma corrida em situação de penúria, ainda devendo  as taxas da Prefeitura e  as prestações do carro e para  completar o desespero, ao procurar o Banco para negociar, ouviram dos gerentes que se não pagarem,  perderão  os carros para a instiução. 
            Milhares de gente passando fome e os inescrupulosos aplicando golpe exatamente nestas pessoas humildes e necessitadas, em sua grande maioria, analfabetos, sem familiaridades com as novas tecnologias e sem o menor remorso,  vários crápulas  oferecem seus serviços,  por um preço módico  de dez reais, para fazer o cadastro para que eles possam receber a ajuda do governo, porém, na hora de lançarem os números das contas dos viventes, eles colocam as sua próprias contas bancárias, ou seja, além e extorquirem, de maneira aparentemente honesta e solidária os  R$10,00 pelo serviço, eles ainda fica com os R$600,00 que não lhes pertencem e era tudo que o pobre cidadão tinha. Triste tempo em que  se fala muito em solidariedade, porém, a maldade continua crescendo e em cima dos mais necessitados.

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