sexta-feira, 10 de abril de 2020

Diário do isolamento social- 24º dia

                       Hoje foi um dia produtivo e estou grata a Deus por ter conseguido vencer  o  desânimo  e executado inúmeras tarefas, mesmo sendo Sexta – feira  Santa. O dia amanheceu  ensolarado, temperatura agradável, porém, sem a menor possibilidade ir a igreja participar das atividades da Paixão de Cristo, simplesmente porque elas não aconteceram, e acredito ter sido a primeira vez no Brasil. Após o café da manhã, coloquei a roupa de cama na máquina e  enquanto batia,  eu  aproveitei o  pouco sol que entrava pela janela da cozinha. Enquanto desfrutava dos abençoados raios  solares, assistia pelo celular, o   emocionante filme: Karol- o homem que se tornou Papa. Eu não tinha ideia da importância que ele teve para os poloneses durante os terríveis anos das invasões  alemã e russa.  A sua força e luz interior acalentou  milhares de almas atormentadas pelos horrores da guerra. Ele viveu e pregou o amor, a ética e a coragem, um filme para ver sempre que  sentir perder as esperanças.
            Com a alma renovada,  graças a luz de Karol, eu preparei  o almoço, uma salada de  macarrão com atum e rúcula,  porém, quando  terminei de almoçar e fui preparar um chá, o gás acabou. Telefonei na empresa e fui atendida prontamente. Felizmente o preço  ainda não está abusivo, continua os  mesmo oitenta e quatro reais que paguei o  mês passado.  O medo de ser contaminada com Covid-19 está me deixando paranóica e tive certeza disto hoje. Quando o rapaz do gás saiu, fui acometida de uma  preocupação exagerada com a limpeza da casa,  varri,  passei pano com água sanitária,  lavei os tapetes, limpei maçanetas, chaves e somente  me senti segura, depois de ter tomado banho e  trocado  toda a  minha roupa. Ser idosa não é fácil e paranóica   fica difícil viver e conviver.
            Enquanto fazia as atividades domésticas, fiquei atenta ao noticiário do rádio, e com dor no  coração  eu ouvi a triste  notícia, que três indígenas, de etnias diferentes morreram vítimas do Covid-19.  Quando morre um índio, não é apenas uma biblioteca viva que se perde, mas também um guerreiro que luta para preservar a natureza, suas tradições e suas terras sagradas. A luta indígena  pela gleba e costumes ancestrais beneficia todo o planeta. Eles são mais vulneráveis  e o risco de um genocídio não é uma possibilidade  remota. Que Deus ilumine as autoridades brasileiras para que tomem atitude certa, na hora certa e que a vida siga em toda a sua plenitude.
            Outra notícia que chamou a minha atenção  foi a de um jovem repórter revoltado, porque ao se dirigir para o trabalho  na emissora de rádio, ele passou por uma praça e ela estava lotada de pessoas fazendo piquenique, com toalhas,  cestas de alimentos e  até cadeiras de praia. Eu compreendo a revoltada dele. O comércio fechado, empresários falindo, funcionários em casa, recebendo  sem trabalhar, para não se contaminarem e se aglomeram voluntariamente, em um espaço público; em meu entendimento não é nada   honesto e de  uma irresponsabilidade sem limites. Certo está o prefeito de  São Paulo que fechou os parques e os prefeitos do litoral paulista que fecharam as praias porque responsabilidade social, parece não ser uma qualidade  de grande maioria dos trabalhadores paulistanos.
Sexta-feira, 10 de abril de 2020 
18h32 min
Temperatura -26º graus
Umidade relativa do ar 61%
           
           

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