quarta-feira, 3 de abril de 2019

Tragédias de um passado próximo



          A geração iphone não faz ideia das tragédias enfrentadas diariamente pelos seus pais e avós. Até a década de 1980 apenas em residências, cujos proprietários de poder aquisitivo  médio para alto era possível encontrar um telefone. Ao povo, as  Companhias de Telecomunicações disponibilizavam os famosos “Orelhões”, espalhados em pontos estratégicos das cidades e que necessitavam de fichas para efetuar a chamada. Quando acontecia  de encontrar um que não estava com defeito e nem fora depredado pela população, o pior acontecia: O tempo da ficha expirava no ápice do diálogo.
          Quem possuía   uma vitrola, conhecida popularmente por toca – disco, enfrentava   outro drama, além das dificuldades para comprar os  disco de vinil ( long Play – L.P) que eram caros, Eles  riscavam com facilidade  e  a audição da música favorita não era mais possível e só restava ao investidor, lamentar o dinheiro perdido.
          A profissão de datilógrafa foi extinta pela  tecnologia, mas esta profissional teve um papel importante antes da invenção do computador. Ela utilizava a máquina de escrever para a impressão dos documentos diretamente sobre a folha e, se errava a última palavra, era obrigada a pegar outro papel, e começar tudo de novo. Que barbaridade! Era tecnologia de ponta.
          Quem não podia arcar com os custos da compra de L.P e fitas cassetes já gravadas e possuía um gravador, fazia a gravação direta do rádio, o drama era que o locutor  informava a hora certa, bem no meio da canção e para piorar, era comum o aparelho mastigar a fita,  inutilizando-a.
          Desde que foi criado, o transporte público é a opção do trabalhador e, antes da Lei que proíbe fumar em espaços fechados,   o martírio das pessoas não fumantes  começa ao entrar no coletivo que parecia uma  chaminé e chegam ao destino cheirando fumaça de cigarro, o que vez  ou outra, era motivo de discussão familiar, já que havia a desconfiança da vítima estar fumando escondido.
          Antigamente não existia a Netflix e grande parte da população não tinha condições de ir ao cinema, assistir na telona, os últimos lançamentos,  mas se seus parcos recursos permitia,  comprava o   aparelho de vídeo cassete, alugava a fita e assistia com a família, o que ficava bem mais barato do que um ingresso, o problema era que, muitas vezes, esquecia-se de rebobinar a fita e no ato da entrega, além do valor da diária, era obrigado a pagar uma multa.
          A merenda escolar para todos é recente. Antigamente os pais eram responsáveis pelo lanche do pimpolho e quase sempre, podia oferecer ao filho, somente ki-suco e uma bisnaguinha e era  comum a garrafinha vazar e estragar a comida e os cadernos. Além de ficar com fome, recebia bronca dos pais  em virtudes dos danos matérias e para completar a tragédia, o professor de inglês, entregava a letra de uma música em inglês, em uma folha mimeografada, para ser traduzida em casa, e como o Google ainda não tinha sido inventado, a única alternativa era o dicionário, palavra por palavra.
          Com a popularização da televisão, os divertimentos populares  eram diários e baratos. Toda a família sentada, em silêncio, em frente ao aparelho, porém, era comum, principalmente em final de novela, surgir um problema e o pai ter que subir no telhado para ajustar a antena e  iniciava-se  a sinfonia de gritos. Lá do alto o patriarca gritava: - Melhorou?  e a prole respondia em coro: Só o canal ,2 e assim, ia até a volta do som e imagem, que era em preto e branco e nunca os canais ficam bons ao mesmo tempo.
          No passado, as garrafas de refrigerantes eram somente de vidro e retornáveis, como a maioria da população não possuía geladeira, a compra era feita quando a mãe estava finalizando a refeição, para tomar gelado, porém,  era comum, a criança eufórica para degustar  a raridade, ao mando da genitora, saía correndo com o dinheiro, e ao chegar à padaria, percebia que não tinha levado  o casco, como era conhecida a embalagem vazia.
          Em tempos de self, é difícil imaginar que um dia, nem todas as pessoas  podiam  ser fotografadas em ocasiões especial como o aniversário natalício e,  nas raras vezes quem  acontecia, era comum, por inexperiência,  queimar todas as fotos em virtude do manuseio errado do filme.
          Em outros tempos, outras tragédias. Elas continuam, só que em  outros formatos e todos os avanços tecnológicos do início do século XXI, estarão obsoletos em menos de vinte anos.

Deixe o seu comentário sobre as  pequenas tragédias enfrentas por  você no passado.Obrigada!
         
                   
         
         

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