sábado, 13 de abril de 2019

Dia de feira



          Ela é presença constante  em  grandes metrópoles  e também nas cidades pequenas. A modernidade dos  hipermercados,  vendas pela internet,  não prejudicaram esta manifestação cultural urbana e a feira livre continua viva, das  periferias aos bairros nobres, frequentada pelos patrões, empregados e também pelos desempregados, estes, chegam quando ela está sendo desmontada  e recolhem produtos que foram descartados pelos  feirantes por estarem impróprios para venda mas  próprio para consumo, desde que bem manejado e assim, muitos  chefes de família conseguem botar comida na mesa enquanto batalham por  uma nova  colocação no mercado de trabalho.
           A palavra feira é de origem latina feria, e significa “ dia santo ou feriado” e freguês,   palavra usada no tratamento dos consumidores de feira livre, também é latina filiu ecclesiase, e  significa  “ filhos da igreja.” Acredita-se que a feira livre tenha surgido em torno das igrejas; após as festas religiosas, os fiéis aproveitavam para trocar mercadorias, dois dedos de prosa e aí acabavam formando laços de afetos e fidelidade àquela banca  e, sem perder sua peculiaridade de venda direta,   ela foi se adaptando aos novos tempos e não há um idoso que não tenha uma história de identidade e lembrança de uma feira, seja no âmbito de compras semanais ou lazer, para saborear  os deliciosos  e tradicionais pastéis de feira livre  e em busca de algum produto inusitado.
          É difícil resistir aos encantos da feira livre! Atendimento bom, mercadoria fresca e preços acessíveis, porém, nesta crise em que o Brasil está enfrentando  os fregueses estão sendo obrigados a abrir mão de um produto, para adquirir  outro. Sábado dia de feira  livre no bairro, Talita saiu com intenção de comprar peixe, o trilha vermelha, saboroso e barato, porém,  quando os olhos inocentes de sua filha de cinco anos, pousaram sobre o vermelho cativante das  exóticas pitaias, foi obrigada a  fazer uma troca emergencial, felizmente  estava na safra e o preço competitivo, assim, a criança pôde experimentar um novo sabor e para os irmão que ficaram em casa, conseguiu uma  oferta imperdível de atemoia, porém, teve que abrir mão das laranjas. Abdicou do pastel para levar  uma pamonha, um pequeno agrado para o marido que ficou em casa cuidando dos pequenos reparos. Quando não há dinheiro suficiente para as despesas  com alimentação, uma volta na feira  sempre ajuda, porque sempre há uma banca com um produto em  oferta e uma pessoa disposta a bater um papo  e assim, as mazelas da vida vão ficando mais leves.

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