quinta-feira, 25 de abril de 2019

Professor eventual


                    Um dos ambientes mais complexos  de trabalho é  o escolar, principalmente na educação infantil  e ensino fundamental, onde a falta de um funcionário causa transtornos e se for do mestre,  até acidentes graves porque crianças são  curiosas, inquietas e  inconsequentes e precisam estar sempre sob olhares vigilantes, razão pela qual   Estados e Prefeituras costumam trabalhar com  professor eventual ou substituo, popularmente conhecido como  “tapa buraco”, não importa a nomenclatura, mas a dura sina do profissional  arrimo de família e desempregado que perambula de um lado  e outro em busca de uma vaga que lhe possa, no final do mês render alguns trocados.
          A maratona   em busca de uma vaga na rede de ensino pública começa com a vigília na internet  em busca do edital, o pagamento da inscrição,  estudo do conteúdo indicado, prova  e o retorno à internet em busca da  lista de classificação. Após a felicidade  de saber que foi classificada, inicia-se uma nova  jornada em busca de uma vaga: preparação dos documentos exigidos para a contratação, horas online para não perder as datas e no preparo de uma aula curinga  idas e vindas em Diretorias de Ensino, escola e finalmente,  a angustiante espera de ouvir o  toque do telefone  e uma diretora  solicitando sua presença para  substituir o professor que faltou e assim  vai-se  o ano, cobrindo licença maternidade, doença, faltas  justificadas, gala, luto e agradecendo a Deus porque pingar é melhor do que faltar e sempre com o coração e a carteira apertados porque se não vagar ele nada recebe, mas a fome é diária e não espera.
          Esta é a sina de milhares de professores pelo Brasil afora, que abdicaram de lazer, de sono  do convívio familiar e alguns, enfrentaram horas de trânsito para  conseguir estudar e na hora esperada de ingressarem no mercado de trabalho, têm que enfrentar  vários obstáculos  para enfim, adentrar em uma sala de aula e o pior ainda estava por vir porque  não serão respeitados nem como  profissionais, seres humanos e quiçá  pelo seu saber arduamente conquistado.

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