sábado, 6 de abril de 2019

Avó mineira



           Os netos, filhos  das ovelhas desgarradas do rebanho mineiro, quando vão visitar os parentes, principalmente os avós,  costumam não se sentirem queridos por não ouvirem-os  dizer: “eu te amo”, pois em terras distantes estão acostumados com esta expressão já tão gasta e vazia de sentimentos verdadeiros e profundos. É um costume antigo das Minas Gerais, ouvir com atenção, falar pouco e traduzir  o afeto  por meio de ações simples  do cotidiano.
          Infelizmente, muitos jovens não conseguem entender que o fato da avó ter ficando horas na cozinha preparando quitandas tradicionais, especialmente para eles, ela está dizendo o quanto os ama e deseja que eles desenvolvem sentimentos de pertencimento à família,  à  terra e suas tradições.
          A avó diz eu te amo, toda vez que  cobre a mesa com uma toalha  que ela  bordou à mão, em dias  longos e frios ouvindo a chuva cair  mansamente molhando os campos arados, onde sementes já estavam plantadas  e germinavam lentamente, enquanto  suas mãos ágeis iam  criando lindos bordados no linho branco. O amor é reforçado quando sai uma generosa fornada de pão de queijo que é servido com café e  leite. Quando coloca os netinhos na  cama e com eles reza a oração do Anjo da Guarda.
          A avó  mineira entende que não precisa dizer o quanto ama seus netinhos, ela prefere passear com eles pelo quintal, pelo jardim para que eles percebam a magia da vida no desabrochar das flores, no suave canto dos pássaros, nas velozes formigas a correr  sem se cansarem. Oferecer-lhe um chá quentinho  para prevenir de um resfriado quando eles tomam banho de mangueira. Ela  diz eu te amo toda vez que  se dispõe a  contar infinitas histórias dos tempos antigos, mesmo quando eles, já com os olhinhos quase fechado de sono  pedem: conta de novo!  E com as pequenas e amorosas ações ela vai dizendo “eu te amo!”

Qual era maneira de sua avó demonstrar amor? Escreva nos comentários. Obrigada.



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