Giovanni, filho de uma
possessiva mama italiana e herdeiro de uma fortuna considerada, graças
as injustiças cometidas pelos seus
antepassados casou-se cedo com uma prima
de posses iguais, tiveram quatro filhos e
logo se divorciaram alegando
incompatibilidade de gênios porque assim
os advogados decidiram já que não
ficaria bem constar nos autos do processo que a razão da separação do casal era a
tirania do marido que tratava a esposa como uma de suas
propriedades e anulava-a como ser humano e
graças a intervenção de seus familiares,
ela conseguiu se libertar da masmorra em que vivia desde o primeiro dia de seu
casamento, quando o sonho de princesa transformou-se em escravidão. A guarda dos filhos ficou
sob responsabilidade materna e ele
retornou à barra da saia da mamãe e saiu em busca de sua próxima vítima, com anúncios
em jornais, participação em programas de televisão, cruzeiros para solteiros e
por muitos anos destruiu sonhos e corações até que uma dia a flecha do cupido
acertou o seu coração e ele se viu perdidamente apaixonado, mais do que isso,
dependente emocional de uma mulher que apreciava a companhia de vários homens. Humilhado e abandonado por
ela, o
destruidor de ilusões e corações chorou como um bebê faminto.
No dia em que
o castelo de autoritarismo que ele acreditava ter sido construído com ferragem
e cimento, portanto, sólido, desabou como um dia areia na praia, pranteou por dias a fio, procurou o auxílio de psicólogos, neurologistas, psiquiatras em busca de uma razão para os acontecimentos
que traduzidos em uma linguagem popular nada mais é do que o poderoso carvalho
ter se curvado para as plantas
rasteiras e sem conseguir minar as labaredas que o consumia,
buscou amparo na fé, peregrinando por várias
igrejas e chegou até frequentar outras linhas de pensamentos religiosos e lá também,
o orgulho ferido não encontrou alento. Assim, o grande homem de negócios
se viu frágil como uma folha ao sabor
dos ventos.
Ela não
aceitava o fato de ele, um homem rico,
estudado e nascido em família de quatrocentões paulistas ter sido trocado por homens humildes
como um vaqueiro e um caixa de supermercado. Para abrandar a humilhação ele agarrava com força à mão
dos familiares, fato decisivo para que ele não atentasse contra a própria vida. Durante os meses de lamúrias, em que ele acreditava estar rastejando na lama, conheceu pessoas meigas e ingênuas que
acreditaram que a sua dor era oriunda de um amor destruído, ofereceram seu
carinho sem imaginar que tão logo a
ferida do orgulho cicatrizasse, o tirano renasceria das cinza e novos corações
femininos seriam destruídos.
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