sexta-feira, 19 de abril de 2019

Filho de pescador

                 
Era uma dessas manhãs em que o céu   de abril é azul e  saudoso e   a brisa  outonal acaricia levemente o rosto dos navegantes. Do  leste, o sol aparece e mostra o seu esplendor e as águas profundas do mar   parecem estar em chamas e os pescadores, indiferente à beleza, lançam seus frágeis barco na imensidão  do Oceano Atlântico, parece que não temem a força de  Netuno, apenas esperam que a pesca seja farta e que eles possam alimentar suas famílias com o fruto de seu trabalho e assim, sem  nenhuma reflexão filosófica sobre os mistérios do mar, lançam suas redes e lutam contra a força das ondas  e vão se distanciando da  praia.
Indiferente ao esforço dos pescadores, uma criança solitária  e triste,  sentada no barco, segue com os olhos os prédios distantes, as aves  sobrevoando às águas, como a  festejar o novo amanhecer. Ser um pescador não é o seu objetivo. Almeja mais, ser comandante de  navio cargueiro, singrar mares  distantes  e depois de meses, retornar ao lar e ser recebido com  um abraço afetuoso de seu velho pai, que luta para cria-lo sozinho, sem apoio da esposa, que falecera  no  parto.
E no balançar da canoa o pequeno sonha! Um dia, no comando de seu  cargueiro, este pequeno barco será apenas uma vaga lembrança. Não temerá ficar à deriva em noites de  tempestades,o seu temor secreto. O azul do mar em contraste com o branco da espuma das ondas envolvem  o   coração sonhador, que desta vida apenas almeja um trabalho  digno e a certeza de sempre voltar para amorosos braços á espera no caís.

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