sexta-feira, 12 de abril de 2019

Em busca de um trabalho


          Cinco horas da manhã! Zilda acordou com o toque do despertador. Sonolenta, pulou da cama, travou o relógio para não acordar os vizinhos, deu uma geral na casa, tomou café, se arrumou pegou a bolsa e a pasta com  várias cópias de seu currículo e saiu apressada para não perder o ônibus das  seis horas. Já na saída do prédio onde reside, uma surpresa desagradável: um tipo suspeito  na esquina da rua em que deveria entrar, assim, ela se viu obrigada a seguir pelo outro caminho, bem mais longo e viu o coletivo sumir na grande avenida. No terminal, encontrou com  a amiga, sua fiel companheira de peregrinação, nervosa em virtude de seu atraso, sem saber o que aconteceu, ambas estão com os celulares sem créditos. São arrimos de família e precisam, com urgência, ingressarem no mercado de trabalho, embora  disputem as mesmas vagas, optaram  pela companhia uma da outra  por segurança, as mulheres são os alvos preferidos dos jovens assaltantes de ruas e ambas temem perder para os meliantes, além do dinheiro da passagem, os documentos pessoais, fundamentais no momento da contratação.
          Primeira parada, primeira decepção: A  funcionária da empresa apenas anotou o nome e telefone das candidatas e informou a data  do processo seletivo, que acontecerá em 40 dias, mas as contas de água, luz, telefone, gás e cartão, não esperam!
          Segunda parada, uma  agência de emprego, indicada por funcionários temporários  de um supermercado, e segundo eles, a que mais contrata na região. A funcionária, sequer levantou os olhos para ver quem dizia boa tarde, apenas disse  para  jogar o currículo  na caixa.
          Terceira parada: Era uma vaga para empregada doméstica que além do serviço da casa, também deveria cuidar de uma criança de  quatro anos. Simplesmente não puderem concorrer porque exigia experiência mínima de seis meses. Revoltante! Cinquentinhas que  criaram seus filhos, cuidam de lares não estão aptas a executar serviços domésticos em qualquer residência? Acaso não seria melhor e mais prudente, pedir um atestado de antecedentes? Honestidade e boa vontade não são valores importantes para aquelas que adentrarão no seio da  família?
          Ao entardecer, após percorrerem o comércio e entregando na mão dos gerentes seus currículos, cansadas, famintas e com sede, retornam aos seus lares  se perguntando: Sete anos de estudos graduação e pós-graduação, não as deixaram aptas sequer para   trabalharem como balconistas de farmácias, então, estudar para quê?
         

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