Preocupar-se com a beleza física é uma
necessidade inata do ser humano, principalmente das mulheres, e em um país imenso como o Brasil
com diferenças climáticas expressivas, a moda do Sul é
bem diferente da do Centro Oeste, assim, quando
muda-se a base residencial, há também a necessidade de renovar o
guarda-roupa, não para exibir uma
indumentária nova, mas por uma exigência
climática, isto quando há dinheiro
para este luxo, porque as despesas
com mudanças são faraônicas.
Rosalinda saiu de uma região de clima quente e seco,
chuvas raras e foi residir no
litoral, e o sonho de morar bem próximo à praia em menos de um mês, já havia transformado em
um pesadelo, era final de inverno. O astro rei, dava o ar de sua graça uma vez a cada quinzena, dias frios e chuvoso, umidade do ar 95%, rajadas de ventos
constantes que a obrigava a ficar com as
janelas fechadas e, quando saia à rua, era obrigada a usar capa de chuva porque
até os mais resistentes dos guarda-chuvas,
eram despedaçados com as lufadas do sul. O apartamento transformou-se em uma estufa de
mofo e bolor. Ela não sabia como lidar com a nova realidade, pediu orientação as moradas antigas.
Mensalmente se vê obrigada a fazer uma limpeza rigorosa, com água e
vinagre no interior dos móveis, principalmente
no guarda-roupa, e ela não tem como impedir as lágrimas de escorrer pela
face ao ver os seus caros e bonitos
vestidos à espera de uma oportunidade em que possam ser usados. São
sofisticados demais para a nova
realidade, onde a moda é bermuda e camiseta e rasteirinhas de borracha. Tanto sacrifício fez para
adquiri-los! Quantas peças de teatro
deixou de assistir, quantos queijos canastras alimentavam apenas seus olhos,
quantas vezes deixou de sair com os amigos para
jogar conversa fora em bares da moda, quantos aniversários e casamentos
viu apenas pelas fotos nas redes sociais
para poder pagar a prestação em dia, para quê? Para eles
ficarem dependurados nos cabides a espera?
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